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A importância histórica dos coletivos alternativos para a música eletrônica em nosso país

Segundo o dicionário online de português, ‘’coletivo’’ significa ‘’o que é capaz de abranger uma grande quantidade de pessoas e/ou coisas’’. Pois bem, o que são os coletivos alternativos da música eletrônica? Vamos voltar no tempo para entender a origem.

A música eletrônica como vemos hoje teve início em nosso país nas décadas de 70 e 80. Neste período as pessoas iam para as discotecas ou para o baile black para dançar e ouvir o discotecário (nome da época para quem colocava as músicas) mostrar sua seleção de músicas. Ali, naqueles pequenos movimentos que aconteciam principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo, surgiam os primeiros DJs e coletivos brasileiros.

Os discotecários que se destacavam, muitas vezes tinham LPs exclusivos, músicas exclusivas que vinham de fora do país e as pessoas iam para os bailes para escutá-lo colocar as músicas. E também iam, claro, pela boa seleção musical que eles tinham.

Aqueles que com o tempo foram se destacando começaram a ganhar residências nos bailes black da época, fazer suas próprias festas ou até mesmo abrir seu próprio empreendimento até que isso chegasse na classe média e classe alta da época e difundisse pela sociedade.

Um coletivo de música eletrônica envolve uma ideologia, um propósito pelo qual aquelas pessoas estão se movimentando. Dali, do underground, aparecem novos talentos que em grande parte dos casos tem suas primeiras oportunidades. É bastante comum vermos ideias e tendências sendo trazidas ao mainstream que começaram nos coletivos alternativos.

Além disso, lá atrás nos bailes black eram os locais em que o povo preto e da periferia iam e colocavam sua melhor roupa, passavam seu melhor perfume e se divertiam. Eles aumentavam sua auto-estima e se apoiavam, criando senso de pertencimento àquele grupo. Um coletivo.

Até hoje essa essência se mantém. Se você for nos perfis dos coletivos que já saíram nessa coluna dos estados de MG, RJ, SP e ES, verá que as pessoas trabalham seus looks e penteados para se acabar na dança a noite toda. Isso alimenta a alma do público alvo dos coletivos alternativos, que em sua maioria ainda é o mesmo das discotecas da época de 70 e 80.

Portanto, os coletivos alternativos são núcleos que em sua maioria são feitos por um grupo de amigos ou alguém que está querendo chacoalhar a cena de alguma forma. E dessa forma, além de estar fazendo muito pela música eletrônica e pelos artistas, também é parte fundamental na construção da personalidade, caráter, auto-estima e uma série de fatores que envolvem a música eletrônica periférica.

Este texto faz parte da coluna ‘’Coletivos do Brasil’’ e as edições citadas anteriormente já foram ao ar no site e no feed, contemplando parte da região Sudeste do país. A finalidade aqui é elucidar um pouco melhor o que são os coletivos alternativos, suas funções na cena, mapear os atuais e como eles surgiram no Brasil. Ao longo das próximas semanas e meses continuaremos dando ênfase aos núcleos de todas as regiões do país!

Por Adriano Canestri

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