Coluna Anhanguera
Foto: divulgação
Na última edição da Warehouse Connection, falamos sobre o hip house, estilo que surgiu em Chicago na década de 80’s, que une as batidas da house music com os versos do hip hop. Isso nos inspirou a trazer essa temática para os dias de hoje, e num âmbito nacional. Nos últimos anos, o cenário da dance music brasileiro tem testemunhado uma interessante convergência entre os gêneros buscando com muita criatividade novas expressões artísticas.
Uma tendência que tem chamado a atenção é a fusão das batidas pulsantes da house music com o funk carioca, o rap e o trap. Essa mistura única de estilos tem criado uma nova linguagem musical nacional e cativado ouvintes, ganhando destaque tanto dentro quanto fora do Brasil. Se analisarmos profundamente, são estilos musicais com suas próprias singularidades e histórias, mas todos com algumas características em comum: surgiram nas periferias, ascenderam de forma generalizada, ganharam o mundo e tem a bateria eletrônica como principal alicerce de sua construção.
A primeira faixa nessa linha que percebemos essa conexão mais direta chegou a nós por intermédio de um amigo da cena hip hop, há poucos anos. Um lançamento do rapper Febem feat. com Luccas Carlos, que sampleava nada mais nada menos que o clássico da acid house de Chicago “Adonis – No Way Back”. A música surpreende pela referência inusitada, entregando muita qualidade no flow, oscilando em momentos distintos entre os dois universos, porém perfeitamente conectados.
Recentemente, tivemos uma invasão de novos trabalhos que seguem essa temática. À medida que o funk brasileiro segue ampliando seu destaque na cena internacional, o estilo vem ganhando cada vez mais e mais bases de house music para suas letras, tanto em remixes como nas produções originais. Um exemplo disso é a produção do DJ e produtor Mu540 com o Mc Kyan, numa ode à marca Oakley.
Outra grata surpresa foi o recente álbum do rapper FBC, de Belo Horizonte. Depois de seu último trabalho resgatando a alma raíz do Miami Bass ao lado do produtor Vhoor, o caminho escolhido dessa vez segue na energia cativante da dance music, mas como uma espécie de nostalgia nu disco, ao lado de Pedro Senna e Ugo Ludovico.
Tarcis, outro MC em evidência na cena nacional, com suas produções no hip hop, funk e R&B, aderiu atualmente à essa nova tendência e vem lançando suas rimas em cimas de produções 4×4, regadas de muito deep, soul e jazz, tanto na cadência como nos samples.
Em resumo, esse crossover entre o house music, funk carioca, rap e trap no Brasil representa um surpreendente e excitante novo capítulo na história da música no país. A mescla de estilos está quebrando barreiras culturais e geográficas, provando que a música é uma linguagem universal unindo artistas de diferentes trajetórias e origens. Uma demonstração da constante evolução e da criatividade do cenário musical brasileiro, que continua a se reinventar e a inspirar artistas e ouvintes em todo o mundo.