Por Adriano Canestri
Foto: HOLO/Divulgação
O Brasil, especialmente o estado de São Paulo, está recebendo diversos shows, eventos e festivais de todo o mundo, não só de música eletrônica. Estes eventos internacionais trazem artistas de fora, o que implica no pagamento de cachê do artista e de toda a equipe e produção envolvida em dólar e euro, viagens e hospedagens, o que eleva bastante o custo. Além disso, tem toda a estrutura dos mega shows que precisa ser montada e não é nada barata.
Custos tão elevados, inclusive inflacionados, implicam em ingressos caros, de pista, área vip, camarotes, e também comidas e bebidas com valor alto dentro do show.
A Afterlife, um dos eventos musicais mais procurados do mundo hoje, também aumentou consideravelmente o valor de seus ingressos para este ano. A edição de 2023 aconteceu em 2 dias e o primeiro lote da pista para apenas um dia foi de R$245,00 + taxas. Para o retorno em 2024, a label aposta no conceito open air e deve fazer um palco maior, como aqueles que estamos acostumados a ver no instagram. Fazendo o festival em dia único agora, o primeiro lote saiu por R$325,00 + taxas.
O Lollapalooza Brasil costuma ter ingressos mais caros no geral, pois é um festival que traz inúmeros artistas dos mais ouvidos no mundo e com agendas concorridíssimas. Em 2023 iniciou a venda dos ingressos de apenas um dia de festival em R$550,00 + taxas e este ano manteve esse preço. Uma boa iniciativa do festival, que mesmo mantendo o valor ainda assim é um custo elevado para o brasileiro médio.
O HOLO by Eric Prydz foi anunciado na última semana e a venda dos ingressos já começou. Um show como esse, de um artista tão renomado e que necessita de uma estrutura de última geração e uma equipe altamente especializada e qualificada é natural que tenha um custo acima da média. Entretanto, mesmo sabendo disso o público exerceu o seu direito como consumidor de protestar, o que fez a MS Live, produtora do evento, voltar atrás e manter os preços da última vez que Prydz veio ao Brasil em 2022. Sendo assim, o ingresso que havia saído inicialmente para a edição de 2024 por R$399,50 + taxas da plataforma que os comercializa reduziu para R$325,00 + taxas (preço de 2022).
Isso mostra a força que o público tem, e que mesmo que não pareça, o público tem voz sim! Afinal, se não vender não tem festa.
Somado ao preço caro dos ingressos dos shows, temos que levar em conta também a quantidade de bandas e artistas que estão vindo ao Brasil se apresentar. Como dito anteriormente, não é barato fazer shows do Iron Maiden, Jonas Brothers, Men At Work, Twice e festas como Afterlife, Lollapalooza, Tomorrowland, entre muitas outras que estão confirmadas para esse ano. E a venda de ingressos não parece ser animadora aos produtores neste momento. Muitas opções em um curto espaço de tempo e com um custo grande para o consumidor oferecem duas opções em um país com o poder de compra como o Brasil: ou se escolhe um ou não vai em nenhum. Pondero que essa situação é para a maioria dos brasileiros, existem pessoas que têm o privilégio de escolher em qual ir e em mais de um show.
O que está surpreendendo os produtores de eventos é que 2023 foi um ano muito bom e o público respondeu bem lotando estádios para ver artistas como The Weekend e Taylor Swift, entretanto 2024 começa com uma marcha mais desacelerada. Talvez seja em função do início de ano, uma época na qual o povo costuma estar um pouco mais apertado financeiramente.
Tudo isso colocado, precisamos refletir o que está causando essa baixa procura pelos eventos. Ao meu ver, são uma junção de todos os fatores citados durante o texto. Muitos shows próximos um do outro e com valores altos concentrados em sua maioria em uma ou duas cidades não ajudam o povo brasileiro que em sua grande maioria vive fazendo manobras para não fechar no vermelho ao fim do mês.