Por assessoria
Foto: divulgação
O DJ e produtor sueco Henri, também conhecido como Cid Inc, começou sua jornada na produção musical no início dos anos 90. Sua incansável busca pela perfeição sonora o levou a estudar engenharia de áudio nos anos 2000. Ao longo dos últimos 20 anos Cid se tornou constante lançando pelas melhores gravadoras de progressive house do planeta e recebendo suportes de nomes do calibre de Hernán Cattaneo e Nick Warren. Sua empresa de mixagem e masterização se tornou referência global, tendo como clientes regulares labels como Sudbeat, Anjunadeep, Selador,e Lost&Found.
Olá Cid, obrigado pela entrevista!
Você está na música eletrônica a praticamente 30 anos certo? Como você tem visto a evolução da dance music de forma geral, estamos caminhando para uma cena melhor? Desde o boom dos anos 2000, me parece que a cena clubber na verdade diminuiu…
Sim, comecei a produzir música no final dos anos 80, mas nos primeiros anos não era música club simples, entrei na cena clubbing adequadamente durante a mudança de milênio e comecei a viajar pelo mundo por volta de 2005.
A cena cresceu enormemente, a música eletrônica está acessível a todos e está mais popular do que nunca. No entanto, têm sido tempos difíceis para o cenário dos clubes por causa da pandemia, da inflação e de tempos geralmente incertos. Levará algum tempo para se recuperar.
Além de um grande produtor, respeitado e admirado no mundo todo, e claro, com muitos fãs na américa latina, você também é considerado um dos maiores engenheiros de áudio do mercado. Quando e como você sentiu que tinha uma percepção diferente para a parte técnica da música?
Sempre me interessei pela parte técnica da música. Quando eu estava estudando engenharia de som no início dos anos 2000, estive envolvido em diversos tipos de projetos que incluíam mixagens e um pouco de masterização. Foi um processo de aprendizagem constante (e ainda é!). Masterizar foi algo que me fascinou muito e dediquei muito tempo a isso. Eventualmente percebi que as pessoas realmente gostavam do meu som, o que me levou a lançar meu negócio de masterização e mixagem de maneira adequada por volta de 2009.
Como você tem visto a evolução da produção musical em si, hoje qualquer jovem consegue pluguins que antes eram impossíveis e pode fazer música, está tudo mais democrático e barato, porém, isso não necessariamente se reflete em boa música…
Não, certamente não se traduz em boa música para as massas. No entanto, é claro que é ótimo que praticamente qualquer pessoa possa começar a produzir música, realmente não importa se o produto final é bom ou ruim, desde que a pessoa esteja gostando do processo.
Eu vi uma informação esses dias de que são lançadas 35 mil músicas no mercado em todas as plataformas semanalmente, isso é assustador! Percebemos que talvez 1% de todos os produtores conseguem algum destaque. O que você acha que está faltando para os produtores serem mais autênticos?
Sim, é uma quantia absurda e os números mostram que é muito difícil ser notado. Muitos produtores seguem as tendências e parecem copiar o som dos “grandes” artistas. Nada de errado com isso, eu acho, apenas mais difícil de aparecer no meio das massas. Acho que se alguém encontrar um som próprio e único, as chances de ser notado serão mais fáceis.
Eu conheço muitos produtores que conhecem tudo de produção, dão aulas, são experts tecnicamente, porém não conseguem lançar músicas criativas. Você consegue as duas coisas, o que você considera primordial para conseguir alcançar destaque criativo?
Acho que é fácil perder a inspiração e a criatividade quando se concentra em ajudar e trabalhar para os outros, pois isso pode exigir muito tempo. Na verdade, minha criatividade não tem sido das melhores nos últimos anos, então talvez eu tenha caído no mesmo buraco haha. Masterizar e mixar
músicas de outras pessoas consome muita energia e tempo. Eu trabalho 6 dias por semana (quando não estou viajando) brincando com a música de outras pessoas e no final do dia muitas vezes sinto que não quero mais ter nada a ver com música pelo resto do dia.
Em seu site para enviar projetos para mixagem e masterização, você mostra uma lista realmente impressionante de gravadoras e artistas com quem trabalha. Como é lidar com as maiores gravadoras de progressive house do planeta?
Já faço masterização há bastante tempo e a base de clientes tem crescido continuamente ao longo do tempo. Acho que é bastante natural que uma grande parte deles esteja na cena progressiva, já que sou um produtor progressivo. Mas hoje em dia eu também faço muitos outros gêneros, e não apenas música eletrônica. Tudo isso é ótimo porque traz mais diversidade e desafios, gosto muito do trabalho.
Como é conciliar uma agenda tocando pelo mundo todo e não deixar de atender tantas demandas de gravadoras do nível de Lost & Found e Sudbeat?
Hoje em dia não toco com tanta frequência como antes. Minhas prioridades mudaram bastante durante a pandemia, levando à decisão de focar mais no negócio de masterização. É claro que o trabalho se acumula quando estou ausente, mesmo que por alguns dias, mas é o que acontece e desde que eu consiga atender aos pedidos de masterização, tudo bem. Se eu fizesse uma turnê toda semana seria praticamente impossível manter todos os clientes.
Quem são seus DJs favoritos e quais são os produtores que mais te encantam?
Muitos para mencionar!
Poderia citar alguns jovens produtores que podemos ficar de olho para os próximos anos?
Não são necessáriamete jovens, mas alguns para ficar atentos no mundo progressivo são Mike Griego, Ivan Aliaga e Kostya Outta, para citar alguns.
Mudando de assunto. Você é adepto ao veganismo, certo? Você acredita que um dia não comer carne de origem animal será algo normal para todas as pessoas?
Não sou vegano direto, diria que sou ovolactovegetariano, o que significa que ainda consumo laticínios como queijo e ovos, e frutos do mar também são algo que como de vez em quando.
Mas sim, será obrigatório reduzir o consumo de carne no mundo, uma vez que a pecuária contribui significativamente para as emissões de gases do efeito de estufa. Mas é mais fácil falar do que fazer, trata-se de educar as pessoas, os governos deveriam tomar medidas e realmente pressioná-las, pelo menos no sentido de reduzir o consumo de carne. A carne cultivada em laboratório também pode ajudar, mas enquanto for muito cara e fora do alcance das pessoas comuns, não haverá efeito.
O que você gosta de fazer quando não está trabalhando no estúdio ou tocando ao redor do mundo, quais seus hobbies?
Coisas simples como curtir o tempo com minha noiva e nosso cachorro, passear na natureza e jogar videogame.
Essa é a terceira vez que você estará no Brasil, onde tem muitos fãs, assim como na Argentina. Como você percebe a cena Sul Americana em relação a Europeia ou Norte Americana?
Esta será minha quarta vez no Brasil como Cid Inc. Toquei no Brasil algumas vezes entre 2005-09 também, mas com outro projeto chamado “Mashtronic”.
O público sul-americano é realmente apaixonado, sempre adoro vir tocar para eles!
Você volta a São Paulo na festa AURA, ao lado de Ezequiel Arias e Rafael Cerato, que é seu cliente também, certo? Qual sua expectativa para o evento?
?Rafael Cerato não é meu cliente direto, tenho masterizado suas músicas em diversas gravadoras. Tenho trabalhado com Ezequiel algumas vezes e ele também teve alguns lançamentos em nosso selo Replug. Nunca os conheci pessoalmente, estou muito ansioso por isso e mal posso esperar para tocar para o público brasileiro novamente!