HeyDoc! transforma a música em manifesto: o sucesso da ‘Sinfonia doSilêncio’ pela causa autista

No último domingo, 27, Goiânia presenciou um espetáculo raro: a fusão entre a
música eletrônica e a música clássica em uma apresentação marcada pela emoção,
representatividade e inovação. A Sinfonia do Silêncio, projeto idealizado pelo DJ e
produtor HeyDoc!, reuniu a Orquestra Sinfônica de Goiânia sob a regência do
maestro Soliel-Son Goeth — ambos artistas dentro do espectro autista — em um
concerto que não só emocionou o público, como também marcou o mês de abril com
uma das ações de conscientização sobre o autismo mais impactantes do
Centro-Oeste brasileiro.

Conversamos com HeyDoc! sobre os bastidores do projeto, o processo
criativo por trás da seleção musical e a conexão entre sua história pessoal e a
música erudita.


House Mag: HeyDoc!, o que representou para você realizar a Sinfonia do Silêncio
justamente em abril, mês da conscientização sobre o autismo?


HeyDoc!: Foi muito simbólico. Abril é um mês de visibilidade para a nossa causa,
mas ainda existe muito silêncio — tanto no sentido literal quanto simbólico — sobre
as experiências de pessoas neurodivergentes. A Sinfonia do Silêncio foi justamente
sobre isso: transformar esse silêncio em música, em expressão, em ponte com o
outro.


House Mag: Como foi o processo de curadoria das músicas para a apresentação?


HeyDoc!: Foi uma construção coletiva. Eu separei várias das minhas faixas —
algumas já lançadas, outras ainda IDs — que eu achava que tinham riqueza musical
para uma leitura orquestral. A partir daí, os dois arranjadores analisaram as
possibilidades e selecionaram quatro faixas minhas. Para complementar o set,
escolhi mais três em homenagem a artistas que admiro muito: Chris Lake, Sammy
Virji e Fisher. O maestro Soliel-Son Goethe foi quem definiu a ordem do setlist,
criando uma narrativa sonora que fluiu de forma muito harmoniosa.


House Mag: Você tem uma ligação antiga com a música clássica. Como foi reviver
isso sob esse novo olhar, agora em sinergia com a música eletrônica?


HeyDoc!: Eu cresci frequentando apresentações de orquestra e aprendendo peças
de piano por conta própria. Adorava Bach, Tchaikovsky, Beethoven… Ao invés de
estudar formalmente, eu me desafiava a aprender devagar, no meu tempo. Trazer
isso pro que faço hoje na pista, unir esses dois mundos — o clássico e o eletrônico
— é como fechar um ciclo e ao mesmo tempo começar outro. Foi um momento
muito íntimo, mas também muito político, porque diz muito sobre quem eu sou.


House Mag: E o público, como reagiu?


HeyDoc!: A energia foi surreal. As pessoas estavam abertas, emocionadas, e acho
que conseguimos tocar cada uma de uma forma diferente. A junção da potência
sinfônica com os grooves eletrônicos criou uma atmosfera muito única. E acima de
tudo, foi um espaço de escuta — no sentido mais profundo da palavra.


House Mag: Você já pensa em novos passos para esse projeto?


HeyDoc!: Com certeza. A ideia é que a Sinfonia do Silêncio não seja um ponto final,
mas o início de um movimento. Queremos levar esse formato para outras cidades,
conectar com ONGs, ampliar o diálogo e mostrar que a arte pode — e deve — ser
ferramenta de inclusão e transformação.


HeyDoc! é DJ, produtor musical e ativista da causa autista. Seus sets transitam entre
o Tech House e o Bass, mas sua missão vai além da pista: transformar música em
ponte, expressão e empatia. Em Goiânia, ele mostrou que o silêncio, quando
atravessado pela arte, se transforma em potência. Para HeyDoc!, a música não é
apenas som — é medicina para a mente.

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