A catarse, no sentido psicológico e filosófico, representa um processo de purificação emocional e transformação interior, no qual sentimentos reprimidos são liberados, permitindo uma nova perspectiva sobre si mesmo e o mundo. No álbum Catarse, XINDDY traduz essa jornada de autoconhecimento e renovação em frequências sonoras.
Explorando suas experiências meditativas e astrais por meio de timbres psicodélicos e atmosferas espaciais, cada faixa reflete uma etapa desse processo, desde a tomada de consciência até a libertação, revelando como a música pode ser um canal para a cura interior e a expansão da consciência.
Após um ano de pausa nos shows e foco na sua própria catarse, Xinddy retorna à cena eletrônica com o novo trabalho, um álbum que marca uma nova fase em sua trajetória musical. O projeto reflete sua jornada de transformação pessoal e artística, influenciada por experiências vividas durante um período de autodescoberta e conexão espiritual. Cada faixa do álbum carrega elementos que traduzem esse processo, mesclando sonoridades psicodélicas e atmosferas espaciais.
A construção do álbum está diretamente ligada à busca da artista por novos horizontes. Durante seu hiato, Xinddy passou por diferentes estados brasileiros, experimentando momentos de reflexão e aprendizado que influenciaram sua identidade sonora. Essa imersão se reflete não apenas na temática das composições, mas também nas escolhas técnicas e conceituais do disco.

Cada faixa de “Catarse” representa um estágio dessa jornada. “Catapulta” abre o álbum com uma sensação de impulso e despertar, simbolizando o início de uma mudança profunda. Em “Cosmic Cypher (Loko Mundão)”, parceria com Slim Heck, Xinddy explora suas referências ao rap e às vivências urbanas, incorporando elementos de beatbox e percussões orgânicas. A conexão com o cosmos é aprofundada em “To The Moon”, inspirada por observações astronômicas e reflexões sobre a influência lunar.
A colaboração também tem papel essencial na sonoridade do álbum. “Acid Drop”, em parceria com Moab, explora nuances do techno e do psytrance, resultando em uma combinação de estruturas e timbres que expandem as possibilidades sonoras da artista. “Echo of Release”, com Ana Santiago, destaca-se pela abordagem conceitual, abordando escolhas e consequências, alinhando-se às ideias de transformação e autodescoberta presentes no disco.
Ao longo de “Catarse”, Xinddy reafirma sua identidade artística e a evolução de sua linguagem musical. O álbum não apenas consolida sua experiência no psy trance, mas também revela novas possibilidades criativas, impulsionadas por um período de introspecção e aprendizado. Com essa nova fase, a artista amplia suas fronteiras e convida o público a embarcar nessa jornada sonora.
Bom, mas vamos saber da própria Xinddy um pouco mais sobre cada uma destas faixas? Nazen Carneiro bateu um papo com a artista e o resultado você confere abaixo, na coluna tudobeats, publicada com exclusividade pela revista de música eletrônica do Brasil, a House Mag! Play!
1. CATAPULTA
É o impulso inicial. É a energia propulsora que ativa em nós quando nos damos conta de que algo precisa ser mudado. A letra fala sobre o que acontece quando estamos realmente despertos e conscientes. Fala sobre se entregar ao desconhecido e sobre estarmos aqui para descobrir a verdade mais profunda sobre nós mesmos. “You are here, to discover the deepest truth about yourself.” Trabalhei com arpejos e melodias que levam o ouvinte a sensação de movimento ascendente.
2. COSMIC CYPHER (LOKO MUNDÃO) feat Slim Heck
Essa música fala sobre as minhas vivências mundanas, as ruas e a minha conexão com o Rap, que foi uma das minhas primeiras referências sonoras quando eu comecei a produzir. Feita em parceria com o rapper Slim Heck (SP), a faixa traz uma reflexão sobre fazer o seu corre, tendo discernimento para conectar com quem realmente está vibrando alto e não cair na ilusão de pessoas mal intencionadas. O mundo não é perfeito, estamos todos aqui precisando evoluir nosso interior e também aprendendo a lidar com os desafios do exterior. Uma curiosidade legal sobre a construção dessa música é que os elementos percussivos foram todos feitos com beatbox.
3. TO THE MOON
Quando estava no Nordeste, eu morei num apartamento muito alto, no 26º andar, e de lá eu tinha uma visão muito ampla do mar e do céu. Eu me conectei muito com os movimentos climáticos, a natureza, e principalmente, os movimentos astronômicos. Essa música eu fiz em homenagem à Lua, esse astro incrível que, poucos sabem, tem uma influência imensa nas nossas emoções, nossos ciclos, nossos altos e baixos. Eu, que já tinha uma inclinação e afinidade com ela, pude sentir essa comunicação astral mais aguçada durante esse período.
4. ACID DROP (Moab & Xinddy)
Essa música reflete mais uma questão de evolução técnica. Ela explora novos timbres e principalmente grooves mais complexos. Em vivência no estúdio com o Moab (RS), que é engenheiro de áudio e um grande produtor musical – inclusive foi ele quem trabalhou toda mix/master do álbum – pude ter verdadeiras aulas para aprimorar minhas técnicas e experimentar novas estruturas de arranjo.
Eu acho muito legal o quanto a gente evolui quando faz uma colaboração com outro artista, porque cada um tem o seu jeito de criar e chegar a um resultado. É uma verdadeira troca de aprendizados. Além disso, exploramos muito a mistura do Techno e do Psytrance. Então adicionamos à música uma fala que expressa como é difícil definir o que é Techno hoje em dia, com tantas influências de gêneros, subgêneros e vertentes pairando sobre a perspectiva de cada artista ao longo dos anos e das músicas criadas desde o surgimento do estilo, hoje, na minha visão, é quase impossível dizer: “ok, isso é techno” ou “isso não é techno” – tal como expressa a letra. Considero que o resultado final foi de uma sonoridade muito autêntica.
5. ECHO OF RELEASE (feat. Ana Santiago)
Essa música fala sobre como as nossas escolhas influenciam os nossos resultados. Ela tem dois momentos distintos, um antes e outro depois do break que demonstram esse contraste. Na vida, nos deparamos com situações que exigem escolhas, que geram ecos por toda nossa existência, o famoso efeito borboleta. “Echo Of Release” na tradução do inglês é “eco da liberação”. E também é um jogo de palavras que usamos muito na música, sendo echo um efeito quando uma onda sonora é refletida por uma superfície e retorna ao seu ponto de origem e release a fase final da onda, quando a intensidade sonora diminui até desaparecer completamente. No arranjo exploramos elementos de Techno e Psytrance. Durante o processo criativo, a Ana e eu jogamos tarô, meditamos e tivemos muitas conversas reveladoras. Essa música também é sobre o nosso poder feminino e uma amizade verdadeira.
6. JUST ONE (Oluás & Xinddy)
Essa música é muito especial. Tive o prazer imenso de produzir em colaboração com o artista goiano Oluás, onde utilizei minha voz pela primeira vez. Eu canto sobre a importância de percebermos as ilusões do mundo e lembrar que somos Um. O arranjo explora muitas melodias emotivas que instigam o sentimento de conexão.

Coluna tudobeats