Por: Jessyka Turcatto Soares
De São Paulo para o mundo: Black Hertz vem construindo seu nome também pela Europa
Desde 2019, um pouco antes da pandemia, André Lima, 33, está inserido no cenário da música eletrônica, porém só em 2021 o seu projeto Dj Black Hertz é visto como profissional no meio. Hoje Black vem construindo uma carreira de sucesso no mercado Europeu. Há 6 meses vivendo em Portugal pretende aprofundar seus conhecimentos e se tornar um Dj e Produtor de sucesso para ser reconhecido no mundo todo.
A jornalista Jessyka bateu um papo com ele. Confira a entrevista abaixo ao som de Black Hertz:
JESSYKA TURCATTO: Quem é Andre Lima e de onde surgiu o Black Hertz?
DJ BLACK HERTZ: Tenho 33 anos, sou nascido e criado em São Paulo capital. O Black surgiu no momento da minha vida em que estive bem depressivo, isso foi pouco antes da pandemia, e esse projeto foi a transformação do Andre depressivo para o de hoje.
JT: Quanto tempo já está no meio da música eletrônica e o que o levou para esse lado artístico ?
DJ: O projeto profissionalmente falando tem 2 anos, mas já estou no meio há 4. A criação do projeto foi pensado para poder me conectar com as pessoas e tirar elas da ”bad vibes”, por isso Black Hertz que significa ”sequências negras”. Trabalhar em prol de deixar as pessoas em uma vibe melhor foi o que me levou a tomar esse caminho, pois me curei quando consegui transformar a minha depressão em música.
JT: Você conseguiu enxergar o que gerou a sua depressão?
Sim, foi a questão da aceitação famíliar. Minha família não queria que eu mexesse com música, eles são todos empreendedores, e quando larguei tudo para viver o meu sonho e não o deles, eu não fui aceito. Tudo começou quando pensei: estou conquistando o sonho deles e o meu nada, aí foi quando a ”bad vibes” veio, rs. Então decidi que iria focar e fazer música até que a cura viesse. Enfim, quando fiz minha minha primeira viagem, minha família já passou a se conectar mais comigo, hoje eles me apoiam e isso é importante. A música literalmente me tirou do fundo do poço. Música é cura!
JT: Nos conta um pouco mais dessa – nova fase – mudança – do Andre que tinha depressão para o Andre personagem – artista.
DJ: Eu fui para Portugal para aprender como me tornar um artista, pois ele não depende só de música, tem que ser meio a meio e sobre isso estou aprendendo muito lá. Essa transição que estamos fazendo é mudar o Andre de SP para um que faz mais sentido com o som em relação a roupa, comportamento nas redes, ser mais prospectivo como as músicas, enfim uma mudança de embalagem para conectar a música ao artista e poder vender melhor. Esse foi o primeiro processo, focado na introspecção da música. Vestir todo de preto me tornou mais verdadeiro. Essa mudança toda fez a diferença e está sendo incrível, estou muito feliz pois casou muito bem com o som.
Além disso, essa mudança vem para um EP – episódio – que vai ser lançado em outubro, que fala sobre as 3 fases do ego. Vai ser incrível!
JT: Hoje vc vive da profissão DJ? Se não, no futuro imagina estar vivendo apenas de música?
DJ: Hoje só vivo como produtor musical e tocando, também tenho uma gravadora há algum tempo. Sim, hoje eu já vivo da música e pretendo sim viver o resto da minha vida fazendo o que eu amo.
JT: O seu estilo é o Minimal Dark, um exemplo de Techno, pq essa escolha ?
DJ: O estilo Minimal Dark é uma subvertente do Techno, e que também pode ser chamado como Melódico. Na época em que comecei não tinha nem um artista que produzia nesse estilo no Brasil, hoje já tem mais pessoas. Mesmo sem referência eu pensei: vou produzir o que amo e estou sentindo, não vou por moda. O caminho foi um pouco difícil mas quando começou dar certo e vi que amadureceu foi o momento de começar investir de verdade, pois o público já estava gostando do som sem nem um tipo de marketing.
JT: Como é visto esse estilo aqui no Brasil, é aceito?
DJ: O público do nosso país não conhece esse estilo e quando conhecem acham que sou gringo, rs. No nível que produzo só tem basicamente eu no Brasil, e quando começar entregar para esse povo irei virar referência, e esse sempre foi o foco, ser um artista diferenciado que não segue o comum.
JT: O que o levou mudar para Portugal? Lá o estilo é mais requisitado?
DJ: Há 6 meses vivo em Portugal, e o que me levou foi o motivo de lá poder estar junto com um grande parceiro meu que é o Hozho. Somos amigos à muito tempo e vivemos na mesma agência, a qual eu recebi a oportunidade de ir para a Europa – e isso foi tipo um ponto estratégico para o Black poder tocar em toda Europa, já que estando lá temos o acesso, diferente de estar no Brasil, onde fica tudo mais difícil. E sim, lá é mais requisitado e abrem portas, pois aqui no país como falei, poucas pessoas conhecem.
JT: Quais os pós e contras em estar na Europa, em relação a música eletrônica, e também de uma forma geral?
DJ: Pós da Europa comparado a Brasil em relação a música é que lá o acesso é mais barato, consigo fazer meu nome, tocar por toda Europa. Tive a oportunidade de ir com a agência e agarrei. Já os contras é ficar longe da família e ser difícil de fazer amizade com os portugueses, rs. Nosso país está muito atrás porque aqui eles não dão oportunidade para muitos artistas em acensão, que são aqueles que estão quase chegando lá, ou no meio do caminho, crescendo, diferente de Portugal, por exemplo, onde você tem o apoio da preferitura e de outros artistas, apoio de verdade, sem interesse. O Brasil é mais marketing do que música mesmo.
JT: Vc pretende voltar para o Brasil?
DJ: Eu amo o Brasil, se aqui fosse fácil para entrar no mercado eu não iria para Europa, mas é muito difícil. Eu pretendo fazer meu nome lá para poder me distacar aqui, pois aqui começam valorizar o artista quando enxergam ele lá fora.
JT: Além deste gosto, vc também curte outros? se sim, quais?
DJ: Sim, eu gosto de música eletrônica no geral; todas as vertentes da música eletrônica. Eu vim do trance, acho que a maioria dos produtores vieram, depois amadurece e vai para oTechno.
JT: Qual foi o lugar mais inesquecível onde já tocou? E o local considerado um sonho de consumo para tocar?
DJ: Um dos lugares que melhor me recebeu foi a Ìndia, já estive lá 4 vezes, e um dos lugares incríveis que já toquei foi lá, no Kai Clube. Onde quero tocar é na Bluc Space, em Madri, acompanhei o Hozho quando ele tocou lá e gostei muito. Já no Brasil almejo tocar na GV e no Warung.
JT: Em um futuro próspero, como imagina que esteja a sua carreira como Dj?
DJ: Pretendo estar entre os cinco melhores do meu estilo, que é o Minimal, estou trabalhando para isso e tenho certeza que com o apoio que estou tendo em breve chegarei lá.