Boiler Room libera sets gravados em São Paulo e palestra que debate a história e cultura do funk paulista

Já há algum tempo que o funk, em especial o paulista, está sendo utilizado recorrentemente em sets de DJs de vários estilos. Ao redor do mundo os vocais dos MC’s brasileiros viraram uma febre tanto para os artistas quanto para o público. Na Europa, são apaixonados com esse estilo e seu ritmo, e é super comum vermos DJs e MC’s de funk realizarem tours por lá em diversos países e em palcos importantes.

Ciente disso e do movimento que cresce cada vez mais no mundo e também por aqui, o Boiler Room em parceria com a Ballantines realizou um showcase da série que roda o mundo ‘’True Music Studios’’ em São Paulo voltado a estas sonoridades. Alguns dos maiores nomes do segmento estiveram presentes no evento. Aliado a isso, uma palestra foi realizada para debater a história do movimento, de onde ele vem, como está hoje e todos os traços culturais que o tangenciam. 

Os sets gravados estão todos disponibilizados no canal oficial do Boiler Room. Confira a lista (os links de cada set individualmente está anexado ao nome dos artistas):

Bida Sarô

– Cherolainne b2b Gezender

– CRAZED (BR) 

– DJ BASSAN

– Roni Size b2b Patife

– Afreekassia

– DJ GBR

– MC PH

– Kyan 

– MC Tha

– Kenan e Kel

– Jup do Bairro

– DJ Dayeh

– DJ Lorrany

– Mu540

– DJ Blakes

– MC Luanna

– DJ Caio Prince

– Noguera

A PALESTRA

O bate-papo foi mediado por Felipe Maia, jornalista e DJ. Os participantes foram Ajuliacosta, compositora e MC de rap, MC PH, um dos maiores nomes do funk e trap atualmente e Renata Prado, que é pesquisadora, professora, pedagoga e funkeira.

Inicialmente, debatem o que é ser um MC e a relação entre o funk e o hip-hop, que, segundo Renata, conversam o tempo inteiro. Ela define o MC como ‘’aquele que vai pegar o microfone e passar a visão’’, e também comenta como os dois gêneros são semelhantes no campo de lifestyle, público, moda, estilo de beats e rimas.

MC PH comentou sobre a importância das referências. Ele, que começou a fazer funk há 14 anos, tinha nos MC’s da baixada santista a inspiração para se tornar um MC. ‘’Sem MC Lon, Kauan, MC Primo não existiria toda essa nova geração’’.

Durante toda a conversa, são lembrados momentos, eventos, nomes e espaços que permitiram o funk se consolidar enquanto cultura e movimento na cidade de São Paulo no final dos anos 2000 e início de 2010. É interessante fazer essa reflexão, porque hoje um fenômeno global e que lota estádios Brasil afora, há pouco menos de 10 anos ainda era nichado nas periferias e totalmente jogado de lado e marginalizado pelas autoridades. 

Assim como o house e o techno, cada região, bairro e zona de São Paulo tinha uma forma diferente do funk ser feito e a música vai se moldando até criar uma cena consolidada como hoje. 

Discussões que regem os debates nos dias de hoje foram abordados. A participação de mulheres no funk enquanto MC’s é grande e há nomes grandes na cena, como Valesca Popozuda, Tati Quebra Barraco, MC Carol entre outras, porém ainda há o desequilíbrio no número de homens e mulheres, assim como em outras esferas da sociedade. Ajulia ilustra muito bem a relação que os grandes players do mercado tem com as mulheres relatando uma situação que ocorreu com ela.

Sobre o que foi dito no início do texto, Ajulia e PH lembraram como os gringos piraram quando eles foram fazer shows lá, e se impressionaram como eles curtem a cultura da música brasileira.

O papo todo é muito educativo e informativo, mostra pesquisa e a vivência diária desse movimento e abre a cabeça sobre a pluralidade do funk, de onde ele veio e para onde está indo e a causa de tudo o que acontece em torno dele. 

É do Brasil e estamos conquistando o mundo, mais uma vez!

Por Adriano Canestri

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