Por assessoria
Foto: divulgação
Não é novidade que muitas pessoas estão vivendo um ritmo de vida mais acelerado e isso, consequentemente, se reflete em vários pequenos comportamentos, inclusive na música. E se vamos falar de música acelerada, precisamos falar do Hard Dance e principalmente de um artista francês que estourou no início de 2023, Willy Taconné aka Creeds.
Ainda pouco difundido no Brasil, o Hard Dance é um gênero abrangente de música eletrônica caracterizado principalmente pelo alto BPM, elementos rítmicos intensos e, muitas vezes, uma ênfase em melodias energéticas, fazendo uma fusão de vários outros subgêneros, como o Hardstyle, Trance e Frenchcore, por exemplo.
E onde Creeds entra nessa história? Simplesmente porque no final de 2022 ele lançou uma das músicas deste gênero que mais foram ouvidas e tocadas em festas e festivais pelo mundo, “Push Up”. Por muitos ela foi considerada a “música de 2023”, um “sucesso mundial” e até mesmo uma “faixa revolucionária”. A track viralizou principalmente no Tiktok, atraindo milhares de pessoas fazendo as famosas dancinhas ao som da música e isso, claro, chamou a atenção de vários DJs ao redor do mundo.
Muito mais do que apenas tocar a track em seus shows, incluindo nomes como Charlotte de Witte, Clara Cuve, Alan Fitzpatrick, Danny Avila e Trym, teve gente que se conectou de forma ainda mais próxima com o som de Willy, o convidando para parcerias, como foi o caso de Calvin Harris, resultando no remix de “Miracle”.
Para entender todo esse sucesso e também conhecer mais a fundo a trajetória deste artista — que inclusive estará no Brasil nos próximos dias fazendo uma apresentação única no país, dia 10 de fevereiro no Ame Laroc Festival — nós tivemos o prazer de trocar algumas palavras com ele nesta entrevista exclusiva. Vem com a gente!
House Mag: Olá, Willy! É um prazer falar com você. Em breve você fará uma apresentação única no Brasil durante o Ame Laroc Festival. Fale um pouco mais sobre seu relacionamento com o nosso país… você já tocou aqui antes, certo? Quando foi e que memórias você guarda dessas passagens?
Creeds: Olá, pessoal! Obrigado por me receberem! Sim, já toquei no Brasil três vezes, no início de minha jornada musical, quando eu estava mais focado no Progressive Trance. Eu me lembro da primeira vez como se fosse ontem: nunca tinha experimentado uma reação tão grande do público, todo mundo começou a gritar e pular no primeiro drop; eu não conseguia ouvir meus equipamentos de retorno! Toda vez que vou ao Brasil é uma experiência única, mal posso esperar para voltar novamente!
House Mag: Podemos dizer que de um ano pra cá sua carreira mudou totalmente de patamar. Ter mais de 100 shows em um único ano é muita coisa, uau. Como você tem lidado com essa decolagem astronômica em um período tão curto de tempo?
Creeds: Sim, de fato, o ano passado foi absolutamente uma loucura. Estou fazendo música há 15 anos, então estou muito feliz que as coisas tenham evoluído de forma positiva depois de todos esses anos. Isso me abriu muitas novas portas com grandes gravadoras como a Sony e com muitos artistas excelentes de todo o mundo. Para ser sincero, continuo focado no lado musical do projeto e trabalho com uma grande equipe de pessoas dedicadas em mantê-lo em crescimento.
Com relação aos shows, tem sido uma grande mudança de ritmo; passar de 1 a 3 shows por mês para essa quantidade é obviamente mais cansativo, mas eu adoro. Mesmo que eu me considere mais um cara de estúdio do que de palco, adoro cada momento com o público e sempre quero mais!
House Mag: Quando “Push Up” completou um ano, você fez um post falando que não esperava nem um pouco que a faixa teria tanto destaque. Você tem ideia do motivo dela ter viralizado tanto? Como foi o processo criativo por trás dela? De onde vem aquele vocal que sussurra nos nossos ouvidos?
Creeds: Bom, musicalmente falando, acho que isso aconteceu no momento certo na jornada do Techno. O Fast Techno tem crescido bastante de 2 a 3 anos para cá e Push Up, com estrutura e melodia fáceis, talvez tenha conseguido atingir mais pessoas do que uma faixa de Hard Techno mais dura. Eu tento encontrar um motivo, mas, para ser sincero, ainda não sei bem por quê.
Obviamente, não podemos ignorar o grande papel das mídias sociais na divulgação da música. Eu mesmo não sou um grande usuário do TikTok, mas, graças a isso, ela se tornou grande muito rapidamente, o que realmente me surpreendeu!
A gravadora (Rave Alert) fez um ótimo trabalho ao enviar a track para muitos artistas importantes da cena, então ela já foi tocada em grandes festivais antes do lançamento oficial, o que também ajudou muito.
Sobre o vocal, ele é de um super artista chamado Fabian Mazur que eu encontrei no Splice. Vocês definitivamente deveriam dar uma olhada no trabalho dele, ele é um produtor incrível!
House Mag: Apesar de todo esse sucesso, antes de “Push Up” você já vinha construindo uma trajetória sólida, crescendo um pouco mais a cada ano. Voltando um pouco ao passado, nos conte quando e o que te fez começar na música eletrônica e o que te atraiu para esse lado dos altos BPMs? Já são mais de 15 anos produzindo, não é?
Creeds: Antes de produzir, quando eu era adolescente, eu gostava exclusivamente de Hard Rock e Metal. Um dos meus primeiros contatos com a música eletrônica foi diretamente com o Techno Hardcore. Basicamente BPMs super rápidos e distorções por todos os lados, foi alucinante para mim. Eu estava experimentando a mesma energia do Metal só que com elementos eletrônicos, adorei imediatamente!
A partir daí descobri todo o universo eletrônico e, depois de um grande período de Dubstep, quando aprendi a fazer música no computador, me concentrei mais no Psytrance no meu projeto solo e no Hardcore com meu amigo JKLL.
Na minha opinião, tudo é interessante de ouvir e produzir. Embora nos últimos anos eu tenha me concentrado muito mais no Hard Techno, ainda gosto de produzir muitos gêneros diferentes.
House Mag: No momento atual, você acredita que já conseguiu chegar em uma identidade propriamente sua? Vimos que no começo da carreira você produzia bastante Psy Trance, algumas coisas de Techno, e hoje você une todas essas referências no que podemos chamar de Hard Dance, correto? Como tem sido essa jornada de construção de identidade? Nos conte também sobre sua formação como pianista e como você incorpora isso na sua música atualmente.
Creeds: Não, não sinto que tenha alcançado minha identidade. Ainda quero explorar e experimentar coisas novas, indo mais longe na exploração de novas maneiras de fazer Hard Techno, tentando mais misturas de gêneros diferentes e continuando a desenvolver minhas habilidades musicais. Sinto que esse é realmente o início da parte “séria” da jornada.
Como você disse, eu já ouço Psytrance e Techno há muito tempo, bem como Hardcore Techno, e adoro tentar encontrar uma maneira de misturar essas inspirações em algo novo, algo pessoal em constante evolução.
Como pianista desde os 6 anos de idade, sempre gostei muito de peças melódicas. Sempre me sinto muito atraído por faixas com melodias cativantes, bonitas ou tristes. Por isso é muito natural que eu coloque isso na minha música; na verdade, muitas vezes começo meus projetos colocando uma melodia no piano e depois construo tudo em torno dela.
House Mag: No final de dezembro você lançou outro grande EP pela Rave Alert, The Neorave Alliance. Nos fale um pouco mais sobre ele e qual a ideia por trás dessas duas faixas poderosas?
Creeds: Sim, é um EP colaborativo com dois outros produtores incríveis, VCL e DXPE, dois amigos. A primeira faixa “Radical Experience” era originalmente uma colaboração entre mim e o VCL, com um remix do DXPE. Porém o remix dele ficou tão legal que decidimos fazer uma colaboração entre nós três e isso realmente mostra como nossos universos se misturam bem. Estou super feliz com isso!
A outra, “No apoya no folla”, é uma colaboração entre eles, então não faço parte dela, mas já a toquei algumas vezes e as reações foram incríveis! É realmente uma faixa de sucesso para todas as pistas de dança!
House Mag: O sucesso é uma moeda de duas faces, porque apesar de trazer muitas coisas positivas, também pode afetar de outras formas negativamente. O que de melhor e de pior aconteceu na sua carreira depois desse estouro de ‘Push Up’?
Creeds: Honestamente, nada de ruim aconteceu desde Push Up, estou sendo bem abençoado nesse sentido por enquanto. Estou cercado de pessoas incríveis que me ajudam diariamente a lidar com todos os aspectos não musicais da carreira para que eu possa me concentrar em produzir e subir aos palcos.
As melhores coisas são, obviamente, os palcos cada vez maiores com o passar do tempo e a colaboração com artistas que sempre amei. Gosto muito do fato de que a explosão de uma faixa pode levar a novas oportunidades musicais, e desejo que isso se expanda ainda mais no futuro!
House Mag: Por fim, o que o público do Ame Laroc Festival pode esperar desta sua apresentação? Você vai apresentar algumas faixas ainda não lançadas também? Como tem pensado a construção desse set? Obrigado!
Creeds: Vocês podem esperar basicamente batidas fortes de Hard Dance e energia feliz. E sim, muitas faixas inéditas! Eu preparei tantos beats novos no ano passado que mal posso esperar para mostrar eles no Ame Laroc. Mesmo que meu set seja claramente de Hard Techno, tento equilibrar entre faixas mais pesadas e outras mais suaves, dependendo do público, então vou sentir a vibração do festival e seguir o fluxo da multidão! Obrigado!
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