Música, cura e consciência: Terapias sonoras através do Sound Healing com Ivan Stone

Na interseção entre a pulsação das pistas de dança e as terapias sonoras, Ivan Stone descobriu sua missão: usar o som como ferramenta de cura e autoconhecimento. Hoje terapeuta vibracional, a música eletrônica o iniciou no universo das frequências que alteram a consciência através da vibração. Aqui, compartilha como sua transição artística revelou o potencial da música para curar, conectar e transformar.

HM – Você começou como DJ/produtor de música eletrônica, que também trabalha com a energia do som. Quando decidiu explorar o som como ferramenta de cura?

Ivan Stone – Em 2019, comecei a perceber a música não só como entretenimento, mas como ferramenta de transformação emocional. Muitos artistas falam sobre epifanias, e em festas de música eletrônica, por exemplo, as batidas e frequências criam uma atmosfera que pode levar os ouvintes a estados alterados de consciência. A dança, quando praticada de forma livre e espontânea, tem um poder transformador. Estamos cada vez mais rígidos, e a música e o movimento permitem que ultrapassemos essas barreiras. Não vejo a música como uma “cura” espiritual no sentido religioso, mas como uma ferramenta de expansão da consciência. Ela nos conecta com padrões vibratórios de pensamentos que movem nossas emoções, nos fazendo revisitar memórias e conceitos guardados.

HM – Você acredita que sua experiência na música eletrônica influenciou sua abordagem no Sound Healing? Como esse conhecimento moldou sua visão atual?

IS – Sim, muito. Minha experiência nos diferentes palcos da música eletrônica me mostrou diversas formas de criar música e explorar sonoridades. Cada artista tem uma forma de conduzir seu set, assim como cada terapeuta Sound Healer tem sua abordagem. O objetivo é levar o público a uma conexão profunda consigo mesmo ou com o ambiente.

HM – O que é o Sound Healing e como público e artistas podem se beneficiar dessa prática?

IS – O Sound Healing vai além de ouvir, é sentir. O som se torna curativo a partir de instrumentos afinados, criando ressonância com nosso corpo e permitindo acesso a estados que não alcançaríamos sozinhos.  Cada parte do corpo tem uma frequência vibracional específica, e quando expostos a sons harmônicos, o corpo ajusta suas frequências naturais, promovendo equilíbrio e introspecção. A vibração vocal também é uma ferramenta poderosa, ajudando a liberar emoções reprimidas e promovendo paz e bem-estar. O som organiza nossas estruturas, e todos se beneficiam disso, pois somos parte da natureza, que se organiza por si mesma.

HM – Tanto na música eletrônica quanto no Soundhealing, o impacto das frequências no corpo e nas emoções é evidente. Quais semelhanças e diferenças você percebe no efeito dessas práticas emocional e energeticamente nas pessoas?

IS – Ambas as práticas utilizam frequências que ressoam com o corpo humano. No Sound Healing, sons como tigelas tibetanas e frequências binaurais são usados para alinhar energias, reduzir stress e estimular estados meditativos. Na música eletrônica, frequências graves e harmonias são projetadas para evocar emoções, como êxtase, introspecção ou energia intensa. Tanto o Sound Healing quanto a música eletrônica podem induzir estados emocionais e energéticos, dependendo do ritmo e da condução do som. Um ritmo mais lento e tons suaves, tendem a acalmar e facilitar a introspecção, assim como um ritmo acelerado pode excitar, alegrar. A principal diferença é que o Sound Healing tem um propósito terapêutico, focado no equilíbrio e na conexão espiritual, enquanto a música eletrônica tem um propósito mais diversificado, podendo entreter, celebrar ou induzir estados alterados de consciência, sem a intenção explícita de cura.

HM – Há algum relato transformador de alguém que participou de suas sessões?

IS – No Sound Healing, é comum ouvir relatos de transformações profundas. Muitas pessoas chegam buscando alívio para ansiedade, insônia, vícios ou sentimentos de desconexão. Um caso marcante foi o de um rapaz que sentia uma tensão constante no peito. Durante a sessão, ele sentiu uma vibração intensa nessa área, e ao final, descreveu uma sensação de leveza e relaxamento profundo, que não experimentava há anos. Nos dias seguintes, ele passou a dormir melhor e relatou uma clareza mental renovada, o que o ajudou a tomar decisões importantes. As histórias mais impactantes para mim são de pessoas que se libertaram de vícios, se perdoaram por abusos passados e alcançaram momentos de clareza durante a sessão de Sound Healing.

HM – Quais instrumentos você utiliza e como a intenção por trás do uso deles influencia o processo de cura?

IS – O Sound Healing é uma jornada sonora que utiliza diferentes instrumentos para criar uma experiência sensorial e emocional. Cada instrumento tem uma função específica. Tambores podem induzir estados meditativos ou serem usados para celebração. Tigelas de cristal e tibetanas são meus instrumentos preferidos, pois criam uma vibração curativa intensa, ideal para meditações guiadas e desbloqueios. O uso desses instrumentos varia conforme a intenção, seja para evocar emoções, imagens mentais ou estados de espírito.

HM – Você vê possibilidade de integrar elementos da música eletrônica no Sound Healing para criar uma abordagem única e acessível?

IS – Sim, é possível integrar a música eletrônica ao Sound Healing de forma inovadora e acessível. A música eletrônica possibilita criar frequências e tons precisos, uma grande vantagem no Sound Healing, já que essa prática muitas vezes utiliza frequências específicas (como 432 Hz ou 528 Hz) associadas a benefícios para o corpo e a mente. Sintetizadores e softwares podem personalizar essas frequências.  Além disso, gravações de instrumentos como taças tibetanas, gongos e tambores xamânicos podem ser combinadas com batidas eletrônicas, criando uma experiência sonora terapêutica e moderna. 

HM – Para quem busca cura e autoconhecimento, quais os primeiros passos e dicas que você daria?IS – Para quem busca cura e autoconhecimento, o primeiro passo é praticar a introspecção. É importante se conectar com a voz interior e entender que somos parte do todo. Imagine uma antena que capta, sintoniza e transmite informações. Nós somos bombardeados o tempo todo e refletimos aquilo que mais damos atenção. Silenciar a mente é fundamental para explorar o que está dentro de nós, algo que deixamos de fazer por medo ou por falta de interesse em ter uma relação melhor consigo. Minha dica é simples: feche os olhos e preste atenção na respiração por 5 minutos.

Por Gábi Loschi

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