O Templo da música eletrônica comemorou mais um aniversário no último dia 15 de novembro. Alcançar 22 anos de funcionamento é algo que poucos clubes no mundo conseguiram até hoje, e mais, sendo relevante e o local favorito de muitos dos maiores DJs que a cena já produziu. Stereo, Berghain, Womb, Watergate, Warung, Fabric, e não muitos mais podem se orgulhar de nunca terem alterado sua essência, se mantendo fieis a cena conceitual.
A data era especial também por ser o primeiro aniversário na nova casa após o incidente de 2023. Para esse momento, os artistas selecionados foram simplesmente Sasha & John Digweed. Dois pioneiros da dance music com fortes raízes na construção da história sonora do clube e também um sonho antigo dos proprietários. Por muito tempo, junta-los no clube parecia algo inalcançável e nos últimos anos com a mudança da cena, até mesmo os clubbers mais antigos já haviam perdido a esperança.
Na minha visão, junto de Hernán Cattaneo, S&D representam o estilo sonoro que o WRG sempre levantou como principal bandeira. Mesmo trazendo artistas de diversos estilos, como tech house, techno, minimal, e house, o clube sempre teve uma ligação maior com o progressive house, com os proprietários sendo fãs do estilo e também por ele se encaixar perfeitamente com a vibe litorânea em meio a natureza e claro, tendo seu ápice no nascer do sol.
Os dois britânicos já haviam tocado em aniversários de forma separada, (Sasha 2010, Digweed 2011) e juntos no WDF em 2018, porém, no Templo lado a lado era algo que precisava ser riscado da lista.
A história se encarregou de desenhar que fosse em 2024, justamente quando completam 30 anos de back to back, uma parceria que começou com a primeira compilação pensada para o mercado eletrônico em formado CD e vinil que se tem notícia. Desde o ‘’The Mix Collection’’ pela Renaissance em 1994, a parceria deles se estendeu até hoje se transformando na mais impactante e longeva de toda a cena undergound.
Com o anuncio, instantaneamente comecei uma campanha para falar da importância histórica para o clube em recebe-los juntos no aniversário depois de tudo que aconteceu. Campanha essa necessária, pois as trocas geracionais no Brasil são um tanto cruéis, as pessoas entram e saem rápido da cena, algo que não acontece tanto na Europa e até mesmo na Argentina, onde se vê uma variação de público entre 20 a 50 anos com mais naturalidade.
Funcionou, as vendas arrancaram com os camarotes se esgotando em 48 horas, algo inédito e sinal de que os frequentadores mais antigos não perderiam essa noite tão aguardada. Com a antecedência do anuncio, deu tempo para criar diversas matérias, até mesmo no perfil do clube, relembrando e falando deles para um público que hoje é fã de outros artistas.
A ideia de que seria uma noite imperdível se conectou com um público mais novo que adora progressive house, mas que é mais acostumado a ouvir o estilo argentino ou israelense. Com a excelente venda de ingressos, pode-se até abrir o Garden, onde tocariam HOO, a residente BLANCAh e outra lenda da cena mundial – D-Nox.
Dia do evento, sexta feira de tempo nublado e com expectativa de chuva para a noite, era feriado nacional, o litoral estava cheio de turistas em busca de antecipar o verão. Passei o dia tentando me informar como havia sido o set do Digweed no D-edge na noite anterior. Os comentários eram do tipo: ‘’fenomenal, um atropelo, noite do ano no clube’’. John havia ficado doente em setembro, pneumonia nos 2 pulmões e 10 dias de internação em Los Angeles, algo que deixou os fãs muito preocupados e eu aqui, aflito. ‘’Logo agora, depois de tanta espera, fique bom logo colorado’’. Há, ‘’El colorado’’ é como os argentinos carinhosamente o chamam, sendo um dos artistas que eles mais reverenciam.
A noite começou bem antes do primeiro play, ao final da tarde fui com meu amigo Gustavo Caon acompanhar a passagem de som a convite do Staff. Sasha não precisou ir, quem se encarrega dessa preocupação é Digweed. Isso é algo que ele faz ao longo de toda sua carreira, ainda mais porque não sabia como tinha ficado o clube pós reconstrução. É algo indispensável? Não, mas para um DJ da velha guarda, se atentar aos detalhes faz diferença.
Porque isso importa? Talvez para a maioria não seja nada de mais, mas para quem é fã, vale muito presenciar o ato de ‘’sound check’’ de um dos maiores DJs de todos os tempos.
18h30, Sir John Digweed surge entrando pela pista; ‘’como eu subo aí?’’ Após cumprimentar todos, sua fala nos pega de surpresa: ‘’fazem quantos anos mesmo??’’. Antes que alguém respondesse, ele mesmo fala com um bom humor inglês: ‘’sete anos! O que aconteceu, vocês perderam meu número?…rsrsrs’’
Em seguida, se dirige a mesa enquanto eu, o Gustavo, o Sérgio e o Henrique VJ nos olhávamos sem acreditar. Ele realmente sentiu de não tocar no Warung por tantos anos. Como se quisesse dizer, ‘’eu faço parte da história de vocês, até fiz uma música com o nome ‘’Warung Beach’’. Algo que ele não fez para nenhum outro clube até hoje, vale ressaltar.
Diggers espeta o pen-drive e gira o browser seletor da CDJ atravessando uma lista de músicas que parecia infinita. Pensei comigo ‘’wtf, isso é só uma das pastas!’’ Escolhe uma, testa os retornos e pede se poderiam estar mais atrás deles. Após uma ajeitada nas caixas para formar uma concha sonora entre ele e Sasha, se despede da gente, mas não sem antes autografar os CD’s. ‘’See you later’’.
Voltamos para o Wrg por volta das 22h30, onde Zac levava calmamente a música. Não é fácil preparar um warm-up para caras super exigentes e que também gostam de fazer isso, para eles mesmos no caso. A ideia era de que não poderia haver qualquer agito até assumirem, e o residente fez isso com destreza até meia noite, quando, os dois não chegaram. A chuva e o trânsito os impediam de alcançar o clube. O que fazer nessa hora? Pista quase cheia, já querendo algum jogo. Zac se soltou um pouco e foi levando sem saber quando seria a última música. O warm-up foi elogiado pela maioria do público, onde acabou assumindo uma hora a mais do que o programado, colocando o público para dançar, sem se exibir, sem grandes picos.
De qualquer forma, S&D não fazem concessões. Eles até poderiam iniciar o set um pouco mais rápidos para casar com o som do Zac, porém, não abrem mão do próprio warm. O início é o início, não se sentem nem um pouco preocupados em zerar a pista e jogar para baixo qualquer energia criada anteriormente. Eu estava ao lado deles praticamente, em um pequeno corredor entre o side stage e o DJ booth, um local mágico de onde era possível ver aquela espetacular sequência de seis CDJ, um Xone 4DB e um V10.
Parecia uma nave espacial que estava prestes a levantar viagem pelo espaço sideral. Dali, vi o Digweed dar um loop nos primeiros segundos da primeira música. Ao mesmo tempo, a faixa do Zac estava acabando semelhante, aconteceu um ponto de ligação entre elas e antes que a música parasse e estragasse a vibe da transição, Sasha, que estava mais atrás, se atenta e simplesmente dá um toque na tela e com outro toque, coloca um loop de 4 tempos, só para não estragar aquele momento. Ali, naquele instante, eu pude finalmente relaxar, como se soubesse que tudo iria de uma forma ou de outra acabar bem. O b2b já havia começado e a primeira linha da primeira página, escrita neste simples gesto de atenção.
A primeira hora foi uma sessão de 30 minutos para cada, apenas para aquecer as mãos e a mente. Logo fui para a pista para sentir como estava a energia. Olhando ao redor, senti que estava difícil para o público assimilar o som mais lento. O volume do SS ainda não estava no seu melhor, o que também prejudicou as lindas músicas que eles tocaram, com um tom de mistério, alguns arpejos de piano. A desconfiança era normal, muitos, a maioria, nunca tinha visto eles, ou pelo menos não o Digweed!
E porque eles começaram assim? Resposta curta: porque simplesmente é assim que se faz!! Resposta longa: porque é da natureza deles, não conseguem queimar etapas, não sabem fazer isso quando estão diante de um clube e de um longset. A história do progressive house é também a história de DJs que tocam de forma progressiva, com início, meio e fim.
Eu, com meus 15 anos de Warung, já havia visto isso acontecer várias vezes, sabia o que eles iriam entregar mais adiante, minha vontade era de gritar para todos; ‘’fiquem tranquilos, esse é o processo, acreditem, pois daqui a pouco serão recompensados, e com certeza irão lembrar daquela primeira hora lenta e obscura, ela fará todo sentido e se tornará especial olhando do fim para o início.
Destaques para as faixas:
Mike Bentley – Olden
Robotek Reagan – Pressy (Extended I’m speaking mix)
Na meia hora do Sasha o destaque vai para sons com mais groove e basslines mais dançantes, o que fez o público começar a se movimentar mais.
Anthony Middleton – Anti-Aging
Rodriguez Jr – Twilinght Language
Dylhen – Foundation (Extended Mix)
Cabeça baixa, concentração, leves olhadas para a pista, até mais do que o comum, esse é o Diggers, e ele é como é! Eu já o vi tocar uma noite toda no templo sem olhar para a pista (e tudo bem), afinal, quem olha para ele é o público, vidrado em sua persona de Sir. Todos esses detalhes criavam uma aura de mistério, deixando o público intrigado.
Positive Regulator (Original) by Hermanez & Lost Desert fechando a primeira hora.
DAVI – Forbibben City (Khen Remix)
Lost Desert ft. Felix Raphael – Floatish (Hermanez Remix)
A Segunda hora é setada em um ritmo envolvente, de pura classe, com faixas que você fica encantado em cada segundo, em cada novo elemento que aparece. Destaques em:
GEOVHAN – Tigris (vídeo Leticia progsounds)
Julián Millán – Sowa (Extended Mix)
Patch Park – Don’t Stop (Guy J remix)
Danny Tenaglia & & George Vidal – Out From Obscurity! Que track…
Na Terceira hora de set, ou seja, das 04h às 05 da manhã, faixas mais rápidas ganham a pista e o público fica completamente imerso na construção sonora. Não era uma pista de grandes reações, mas sim de conexão mental as passagens hora hipnóticas, hora mais melódicas ou obscuras.
Joan Retamero – Substances
Glenn Morrison & Frank Sonic – Perle (Club Mix)
Mulya – Aus Music
Carerra & Tavares – Mind (Markus Homm Remix)
Of Norway – I Miss You (Sentre Remix)
Guy J – Karma! Que momento, o público reagiu com mais força a ao break com uma sirene entorpecedora.
Motip White – The Infinite Edge (Elif Remix)
05h da manhã, eu já começava ver pessoas com as mãos na cabeça, sussurros ao redor: ‘’que som é esse?’’. Uma confluência sonora, que você já não percebe quem era quem tocando.
Eles se mantem sérios, focados no trabalho de criar uma experiencia duradoura em cada indivíduo presente naquela pista de dança. A sequência abaixo é arrebatadora, uma das faixas que eu mais ouvi esse ano de Pig&Dan, além de dois dos produtores que eu mais curto atualmente.
Jonathan Kaspar – Are You
Pig & Dan – Reasons to Hate You as 03h10
Savrun Brothers – Tokio as 03h20
O vídeo da ANA track Id, no front, registrando um momento de uma vibe transcendental, é aquele tipo de coisa que explica porque o Warung é tão especial. Pelo vidro, você pode as pessoas atrás, o laranja do sol querendo ter seu lugar e mãos e braços se levantando em uma tentativa de reagir a tamanha viagem sonora. Moshic – I met you on the heel, foi sem dúvidas um dos momentos mais incríveis que eu já presenciei no clube.
Sasha emenda com outra faixa que me chamou muito atenção através de ‘’Luce’’ de Patrice Baumel (Feat Chiara Gamo)! A sequência continua com momentos mais lisérgicos e outros mais espaciais.
Works Of Intent, Channan Hanif – But Cherries Stained Her Lips
Teho – Continuum (Oxia Remix)
Aubrey Fry – Begone (Nick Stoynoff Remix)
Jiggler – Moments
06h, para onde eu olhava, via sorrisos, via movimento, via incredulidade! Como que esses caras tiraram uma pista do nada e a levaram a um estado de delírio coletivo? Tudo aconteceu tão naturalmente e eu estava feliz em ver que a minha previsão estava se realizando.
Refleti bastante nas semanas que antecederam esse dia tão aguardado: ‘’será que o Sasha virá inspirado? Será que o Digweed vai se recuperar bem até o dia 15?’’. Esse sentimento de angustia se dissipou com o play, era apenas ansiedade, coisa de fã de longa data. No fundo eu sabia que eles estavam vindo com tudo, eles fazem isso a 30 anos, sabiam da importância da noite para o Warung, não poderiam decepcionar.
Eu estava bem ancorado também por ter visto em agosto Digweed destroçar 10 mil argentinos em FORJA, Córdoba, no que era o melhor set do ano até então. Ainda, tinha acabado de ver Sasha quebrando tudo no ADE em Amsterdã em outubro e se ele viesse assim inspirado, as coisas iriam fluir para o ‘’momentum’’ mais aguardado dos 22 anos de história do clube, que obviamente seria ver o sol nascendo com 2 lendas lado a lado naquele palco. Mesmo após fortes chuvas a noite, a manhã foi de luz solar entrando pela pista. Destaques para:
The Wash & Mango – Fair Warning
Jamie Stevens & Zankee Gulati – Low Tide (Ezequiel Arias Remix)
Costax & Timo Maas – Don’t Say
Outra parte importante aconteceu com ‘’Just Rain’’ do Guy J, algo que eu realmente não esperava, acho que ninguém, e caiu como uma luva. No break, em um ato espontâneo conjunto, todos começaram a aplaudir, reverenciar tamanha qualidade musical que estavam recebendo.
Sasha já estava totalmente solto, puxando algumas palmas e feliz por estar mais uma vez comandando uma manhã em seu clube favorito, ao lado de seu grande amigo de vida. Sasha é especialista em jogar tracks do que eu chamo de ‘’explosão emocional’’ pela manhã, levando a pista a loucura emotiva. Uma linda melodia ele toca em seguida, era Issac – youth (original mix)!
Digweed abre suas pastas de faixas esquisitas, sendo o oposto do que Sasha procurava propor, um no céu, outro no clima de acidez infernal.
Vini Pistori – Delirium
Oliver Huntemann – Crank, com uma linha de baixo avassaladora!
Próximo do final, é pedido para eles parar, infelizmente o limite de horário e realidade nos chamava. Deu tempo para duas faixas mais tribais entrarem em ação.
Gabriel Ananda – Give Me Five
Cassius – Go Up (Butch remix) Muir Muir Edit. Esse encerramento, com a pista pegando fogo, com todos com as mãos para cima em um break que realmente te tira do chão, foi uma das coisas mais incríveis que eu já presenciei em meus quase 20 anos de clubber e 15 de Warung. Digweed puxa o celular para registrar, sabia que seria uma bomba, não deu outra, explosão coletiva pós break. ‘’Era isso que vocês queriam?’’.
Então está feito, uma legitima noite de volta as origens com aquele sentimento de ‘’esse é o verdadeiro espirito do templo, algo que não se pode explicar, você precisa estar lá para sentir. Sasha vai em direção ao Digweed e o abraça, como se dissesse ‘’você quebrou tudo hoje’’.
O Sasha tocou faixas incríveis, bem progressivas, os dois fizeram isso na verdade, cada um em seu momento. Mas, claramente o público saiu de lá muito impressionado com John Digweed. A minha sensação é que ele não toca, e sim faz um experimento social. ‘’como é que aos poucos, vou fazer essas pessoas saírem do nada, até alcançarem um estado de catarse coletiva?’’ Parece que esse é o objetivo, fazê-las se entregar para a música como nunca antes, e no final vão estar sorrindo, chorando, pulando, colocando as mãos na cabeça! Bem, por isso os processos de construção de set, construção do ‘’momentum sonoro’’.
Arquitetos de uma era, quando são chamados para uma noite especial, não vem para brincadeira. Eles vêm para por ‘’ordem na casa’’. Como assim? Presenciar um set como esse é como alcançar a graduação máxima da jornada de um clubber. Um doutorado no entendimento de construção e condução de energia.
Os jovens que entraram pela porta do templo, desconfiados, com expectativa ou sem muitos planos, desceram aquelas escadas como adultos! Não é sempre que você pega uma masterclass assim, e isso acaba por definir novos parâmetros no entendimento do que é um show de música eletrônica underground. Toda vez que ouvirem um DJ começar um longset com BPM alto, automaticamente, há de se lembrar deste dia; hey, não é assim que se faz!
Não é à toa que esses caras estão a 30 anos fazendo isso, arrastando multidões e deixando rastros de fãs devotos a cada show. Realmente não é por acaso, e sim por serem verdadeiros mestres na arte da discotecagem e sabe o que é mais interessante? Eles não se apegam ao passado! Por mais que a gente criasse expectativas para ouvir uma das tantas faixas clássicas que eles possuem, principalmente o Sasha; Xpander, Flutes, algo da série Involver, no fundo eu sabia que dificilmente iriam tocar. Eles raramente usam tempo de set para abrir pastas antigas. Eu sempre achei que fosse um defeito, porém, depois da manhã que tivemos, não posso mais dizer isso. Eles na verdade são criadores de novos clássicos. Por exemplo Just Rain, agora ela estará eternizada na memória dos presentes, um som novo que já parece lendário e com o aval dos caras que buscam o tempo todo, a cada novo set, a cada nova escolha, apresentar a música do futuro!
Mike Bentley – Olden
Robotek Reagan – Pressy (Extended I’m speaking mix) aos 30h
Anthony Middleton – Anti-Aging
Rodriguez Jr – Twilinght Language aos 35 min
Dylhen – Foundation (Extended Mix) 50 min
Positive Regulator (Original) by Hermanez & Lost Desert fechando a primeira hora.
DAVI – Forbibben City (Khen Remix)
Lost Desert ft. Felix Raphael – Floatish (Hermanez Remix)
GEOVHAN – Tigris aos 01h15 (vídeo Leticia progsounds)
Julián Millán – Sowa (Extended Mix) as 01h30
Patch Park – Don’t Stop (Guy J remix) as 01h40
Danny Tenaglia & & George Vidal – Out From Obscurity as 01h50
Joan Retamero – Substances as 02h10
Glenn Morrison & Frank Sonic – Perle (Club Mix)
Mulya – Aus Music
Carerra & Tavares – Mind (Markus Homm Remix)
Of Norway – I Miss You (Sentre Remix)
Guy J – Karma
Motip White – The Infinite Edge (Elif Remix) as 02h50 !!!
Jonathan Kaspar – Are You
Pig & Dan – Reasons to Hate You as 03h10
Savrun Brothers – Tokio as 03h20
Moshic – I met you on the heel as 03h30 sunrise
Patrice Baumel – Luce (Feat Chiara Gamo) as 03h40
Works Of Intent, Channan Hanif – But Cherries Stained Her Lips 04h de set
Teho – Continuum (Oxia Remix) as 04h05
Aubrey Fry – Begone (Nick Stoynoff Remix)
Jiggler – Moments as 04h20 set
The Wash & Mango – Fair Warning 04h25
Jamie Stevens & Zankee Gulati – Low Tide (Ezequiel Arias Remix) 04h30
Costax & Timo Maas – Don’t Say 04h40
Guy J – Just Rain 04h45
Vini Pistori – Delirium 04h50
Oliver Huntemann – Crank 05h00
Gabriel Ananda – Give Me Five 05h10
Cassius – Go Up (Butch remix) Muir Muir Edit 0525
Por Jonas Fachi
Fotos: Maira Dill