Era o ano novo de 2004 no bar gay Dukes (posteriormente The Eagle), em Londres, quando despretensiosamente nasceu o coletivo Horse Meat Disco, a partir das discotecagens de seus dois fundadores: Luke Howard e Jim Stanton. Um DJ convidado para também assumir as picapes acabou não aparecendo, e Luke e Jim precisaram improvisar, tocando por muito mais tempo do que estava planejado.
“Eu tive que tocar todas as músicas que tinha comigo ali — em CDs e em vinil”, contou Howard ao The Guardian, em 2020. “Acabei tocando ‘Running Up That Hill’ [hit dos anos 80 da cantora Kate Bush], que, de alguma maneira, deu certo: todas aquelas bees foram à loucura, o que definiu o quão ecléticos nós poderíamos ser naquele lugar.”
Não tardou para que aquela dupla se tornasse um quarteto, com as chegadas de Severino Panzetta e James Hillard. Quatro DJs que apenas queriam tocar a música que gostavam — basicamente, disco music dos anos 70 e 80, incluindo vertentes como italo disco, punk funk, house e até mesmo um pouco de techno —, frustrados por não encontrarem espaço para aquela sonoridade nas baladas LGBT+, acabaram inaugurando-o por conta própria, se tornando pivôs do resgate do clássico som da disco a partir de então.
Autodefinida como “a festa queer para todos” — um rolê com temática queer, mas que faz questão de receber pessoas de todo tipo, gênero e sexualidade —, a Horse Meat Disco se tornou uma marca global nesses 20 anos de vida.
Lançou diversas coletâneas de disco music, estabeleceu residências em cidades como Nova Iorque, Berlim e Paris, ganhou espaço em rádios como Rinse FM e iniciativas como o Boiler Room, apresentou vários dos melhores DJs da cena disco/house (Prins Thomas, Derrick Carter, Rub-N-Tug, I-F…) e teve ainda a honra de receber ídolos como Mick Jagger, Marc Almond e Vanessa Williams em seus encontros.
Em 2020, no auge da pandemia, Luke, Severino, James e Jim resolveram parar de apenas lançar coletâneas de músicas de outros artistas para produzirem, eles mesmos, seu próprio álbum. “Love and Dancing”, projeto que levou nada menos que sete anos para ser concluído, chegou pela gigante Glitterbox/Deffected, trazendo 16 faixas originais, sob a tutela do DJ e produtor Luke Solomon.
O álbum os ajudou a superar o difícil momento do isolamento, para então poder voltar com tudo a partir da reabertura dos eventos, seguir rodando o mundo trazendo felicidade e música de qualidade para as pessoas — com eles, a música sempre vem em primeiro lugar — e aumentando ainda mais o seu poder de influência.
Agora, o núcleo chega pela primeira vez ao D-EDGE Rio, nesta sexta-feira (26), trazendo os seus próprios DJs, que dividem o lineup da Pista 1 com Leo Janeiro, Nepal e Cauana. A noite ainda conta com o astro alemão Gerd Janson. Ingressos aqui.
Por Lau Ferreira