Festas clandestinas na pandemia geram revolta e iniciam movimentos contra eventos ilegais no Brasil

Por redação

Foto de abertura: Festa Tudo No Sigilo 

Um dos principais DJs do mundo, Carl Cox, em entrevista para a Sky News, se posicionou contra as festas ilegais que vem sendo realizadas no Reino Unido. “Essas festas ilegais são frustrantes”, disse. “Elas não são a resposta”, completou.

Em junho, mais de 6 mil pessoas participaram de duas raves ilegais que ocorreram em Oldham e Manchester. Bares e restaurantes estão liberados por lá desde o dia 4 de julho, enquanto clubs e casas de shows permanecem com as portas fechadas.

No Brasil, denúncias de festas clandestinas têm sido frequentes. O setor, desde o início da pandemia no país, foi um dos primeiros a interromper as suas atividades e, possivelmente, o último a retomá-las. Porém, no último final de semana, um evento chamado Tudo No Sigilo que, segundo informações, teve a participação de cerca de 3.000 pessoas em São Paulo, foi o estopim para campanhas encabeçadas por artistas e profissionais do mercado do entretenimento contra essas festas que ainda não são permitidas no Brasil pelos órgãos responsáveis assim como não recomendadas pela Organização Mundial da Saúde.

O DJ e produtor Fractall, em suas mídias sociais, iniciou o movimento #blocklist , no qual artistas que participarem de eventos clandestinos estarão fora da curadoria da gravadora e de festas realizadas pela Klandestine. “Respeitem seus familiares ao menos”, publicou, além de abrir o direct da label para esse DJs sejam denunciados.

Há também o #eventoconsciente, iniciado pela Box Talents e que teve diversos compartilhamentos entre artistas, produtores e profissionais envolvidos com o mercado do entretenimento.

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Douglas Assis, da Next Management, afirmou que essas festas ilegais atingem negativamente os profissionais da área. “As ações de planejar, criar, promover e executar um evento clandestino para reunir centenas ou milhares de pessoas atinge negativamente nós que vivemos para isso, onde pregamos o respeito e a ética moral. Vai contra todos os ideais que acreditamos”, explica.

Para os artistas que se dispõem a participar desses eventos, Douglas é enfático. “Suas ações geram medo aos artistas que vocês têm como referência. Respeite-os, respeite o seu público e as suas famílias. Você quer ser lembrado como o artista que levantou a bandeira contra isso ou que foi conivente? Questione-se”, finaliza.

Para Jonathan Posso, booker da Box Talents, o aumento dessas festas clandestinas se deve, também, a flexibilização do isolamento social. “Muita gente acha que a vida voltou ao normal. Infelizmente, existem profissionais que não estão respeitando as regras de isolamento. Essa clandestinidade só atrasa ainda mais a retomada do mercado”, revela.

De acordo com o último pronunciamento do governo de São Paulo, a previsão é que eventos, convenções e atividades culturais como museus, galerias, acervos, centros culturais, bibliotecas, cinemas, teatros e salas de espetáculos na capital possam retornar a partir do dia 3 de agosto, isso se o calendário progressivo de flexibilização for cumprido, que leva em consideração as variáveis relacionadas a transmissão do coronavírus.

Mesmo assim, algumas medidas deverão ser cumpridas, como ocupação de apenas 40% da capacidade total, funcionamento em horário reduzido, público sentado em assentos com distanciamento (restrição a eventos em pé), uso de máscara, venda antecipada on-line com assentos e horários pré-agendados, suspensão do consumo de bebidas e comidas, controle do acesso de pessoas.

Já a previsão de eventos de grande porte, tais como a festa realizada ilegalmente no Sítio da Glória, em São Paulo, seria permitida apenas na fase verde, a penúltima dentro do calendário. Seguindo à risca todas as fases, a previsão é de que o retorno seja no dia 12 de outubro, seguindo todos os protocolos de segurança: ocupação de apenas 60% da capacidade total, público em pé com distanciamento e marcação delimitada, uso de máscara, venda de ingressos on-line com assentos e horários agendados, controle de acesso. Ainda assim, recomenda-se que pessoas de risco participem apenas de atividades essenciais.

Eventos clandestinos colocam em risco a saúde de quem participa e de quem os espera em casa. Os profissionais que respeitam as leis e as medidas de proteção e segurança estão sem trabalhar, são artistas, produtores, seguranças, fotógrafos, equipes de limpeza, de bar, iluminadores e a lista é grande de pessoas que dependem dos eventos para pagarem as suas contas.

Todos esses profissionais estão aguardando ansiosamente o momento de retornarem, mas, sem colocar em risco a saúde dos mesmos e do próximo. Com os eventos clandestinos, existe uma ruptura nesse esforço que acaba prolongando ainda mais o retorno das atividades, prejudicando toda uma cadeia que trabalha legalmente e consciente.

Quando você participa de uma festa ilegal, principalmente, durante a pandemia, você está sendo conivente com uma atitude antiética e que fere não só a lei, mas o respeito, o profissionalismo, o artista que você é fã. Não vá a eventos clandestinos, denuncie, queremos todos voltar, mas, com segurança!

Confira os canais abertos pelos órgãos responsáveis da sua cidade para denúncia de eventos ilegais e aglomerações.

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