No Justice, No Peace: track de Bruno Furlan ecoa em protesto em Detroit

Por Luiza Serrano

Foto de abertura: Katie Laskowska

Definitivamente não sairemos como quando começamos na quarentena. E se podemos refletir melhor sobre isso, que ótimo! Colocamos uma lupa em pautas diárias das nossas vidas, começamos a olhar para a gente e começamos a entender o nosso lugar em cada discurso, em cada luta.

Mais uma vez, a música veio como uma importante plataforma de diálogo, de voz, e cumpriu seu papel que vai além do entretenimento, mas portadora de mensagens importantes e necessárias.

 
 
 
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6/7/20. Detroit has been marching for the Black Lives Matter movement for nearly two weeks already, doing so in a peaceful and organized manner. I was hesitant to join the protests myself due to fears of the virus and had been participating and helping in other ways instead. But I realized that my need to capture what is going on around the world and in this city is too great to ignore. Marching with this group was powerful, and knowing that thousands of others across the country were marching at the same time, chanting the same words, fighting for the same changes, was something that’s hard to truly put into words. Proud of this city for fighting for what’s right.

Uma publicação compartilhada por Katie Laskowska (@polishkatie) em9 de Jun, 2020 às 1:05 PDT

Na última semana, a indústria musical se uniu aos protestos contra o racismo em todo mundo, paralisando as suas atividades, dando espaço para discursos e se fazendo presente em meio as campanhas e ações que reverberam pelos quatro cantos do planeta. E como já diz o icônico vocal, “Music is The Answer”!

Foi assim que no sábado, 6, um vídeo viralizou em todas as mídias sociais. Um protesto em Detroit, nos Estados Unidos, usou como trilha sonora uma track fácil de reconhecer, afinal, as características não deixam dúvida: a cara do Bruno Furlan. A música é “Line Five”, lançada pela Dirtybird em 2015 e que ganhou um novo vocal em meio ao protesto: “No Justice, No Peace”.

 
 
 
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#NoJusticeNoPeace #BlackLivesMatter ✊🏿🖤 Detroit Movement /// @dirtybirdrecords 🐣 🔊 BF – Line Five

Uma publicação compartilhada por Bruno Furlan (@brunofurlan) em6 de Jun, 2020 às 6:17 PDT

Detroit é casa para a música eletrônica, importante palco, principalmente, para a house music. Então, imagina o que significa todo esse protesto e ter a sua música como voz de uma causa tão importante? Conversamos com o dono da track para saber melhor como tudo aconteceu e o que sentiu ao ver essa imagem que correu o mundo.

Ah! E novidade em primeira mão. “Line Five”, do vídeo, sairá em breve pela Dirtybird mais uma vez, mas, agora, com os vocais do protesto, “No Justice, No Peace”, e contará com remix do DJ Pierre, DJ negro que fez história em Detroit pelo seu acid house. “Será uma honra cooperar com uma causa tão importante”, contou Furlan.

HM –  Quando você descobriu que a sua música estava rodando o mundo neste vídeo?

Comecei a receber inúmeras notificações no Twitter de pessoas me marcando, achei incrível, e fiquei sem reação por um tempo. Quando comecei a me dar conta da importância e proporção, já estava viralizando em todos os lugares!

HM – No protesto, os manifestantes colocaram um vocal novo e muito significativo. O que você sentiu ao ver e ouvir?

Foi de arrepiar, ver centenas/milhares de nós (amantes da música eletrônica), andando pelas ruas por uma causa tão importante! Foi um choque e ato necessário para que todos nós pudéssemos ver a força que temos, e nunca utilizamos essa força dessa maneira. Entendermos a força que temos e usá-la da forma correta, dando a voz a quem precisa ser ouvido.

Existem diversas formas de dar visibilidade ao que realmente precisa ser visto. Hoje, grandes artistas têm milhões de seguidores espalhados pelo mundo, por que não usar isso pra espalhar notícias e conteúdos importantes além da música?

HM – Quando você faz música você passa uma mensagem através da sua arte. Mas, a sua track, neste contexto, mudou o propósito inicial de quando você a lançou?

Sem sombras de dúvidas!!! Eu sigo em ecstasy com tudo isso, é algo surreal de bom! É impossível não se emocionar com a causa, e o propósito pela qual ela foi direcionada cinco anos depois do lançamento.

HM – Detroit é uma cidade emblemática para a música eletrônica. Qual a importância da música nesta causa?

Não só Detroit, mas, todas as cidades dos Estados Unidos estão se envolvendo e se mobilizando através do vídeo. Além do mais, inúmeros gêneros, principalmente o eletrônico, foram os negros de Detroit que criaram e fizeram história, fortaleceram o cenário. A música só está fazendo o que ela sempre fez de melhor, unir as pessoas, todos por vários propósitos, amor, respeito, justiça e paz!

HM – Por último, como você vê essa mobilização da indústria musical, artistas, fãs de música eletrônica envolvidos nesta luta?

Faz parte dos nossos princípios, amor não?! Somos essenciais para espalhar além da música, compaixão, respeito, conscientizar todos que nos seguem a serem pessoas melhores. Amar o próximo, quebrar preconceitos, tabus, fronteiras e barreiras políticas. O exemplo perfeito do momento atual e da posição e importância dos músicos no mundo, é a letra da música “Manifesto” do Vintage Culture.

 

“Os grandes mestres já disseram que precisamos de união

Então porque não fazer do respeito também uma religião?”

Juntos somos um só! É hora de nos unirmos, e iniciarmos uma nova religião oficialmente. O respeito ♥️

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