De Minas Gerais para o mundo: quem é Fell Reis? Falamos com ele!

Por Marllon Gauche

Foto de abertura: Gu Remor

Ele reside em Ibiza, já fez turnê com Michael Mayer nos showcases da Kompakt, dividiu o palco recentemente com WhoMadeWho, no D-Edge, teve o prazer de remixar os próprios e foi responsável por abrir o pistão do Warung para Sasha, no dia 4 de janeiro. Sorte? Com certeza não, mas a fórmula do atual sucesso de Fell Reis tem alguns ingredientes indispensáveis: mérito, dedicação, talento e networking.

Luiz Felippe Montandon Reis, ou apenas Fell Reis, mudou-se para Ibiza em 2015, época quando as coisas realmente começaram a acontecer. Conheceu promoters, conseguiu espaço em importantes clubs da ilha e depois de algum tempo já estrelava ao lado de marcas importantes. Durante sua tour pela América do Sul, nós conversamos com ele para entender como foram esses passos para chegar até aqui!

HM – Olá, Luiz! Tudo bem? Obrigado por conversar com a gente. Já ouvimos diferentes histórias de como um artista começou seu relacionamento com a música eletrônica. No seu caso, quais são as memórias ao lembrar dos seus primeiros passos neste universo? Quando e como exatamente você passou a se dedicar à música?

Olá pessoal, eu que agradeço a oportunidade de compartilhar minha historia com vocês! Me lembro que escutava música eletrônica desde pequeno, tive banda de punk rock na infância, mas sempre gostei dos beats eletrônicos. Comecei a conhecer mais a fundo a cultura quando me mudei para São Paulo para andar de skate e, a partir dali, escutava 90% da vezes música eletrônica, até nos campeonatos de skate.

Quando fraturei o pé, tive que deixar a profissão de skatista e voltar para Minas Gerais, foi onde tudo realmente começou. Eu sempre mandava músicas para amigos DJs, “já ouviu essa? Tem essa também”. Um dia, um dos meus amigos, André Wink, que também era DJ, me disse para começar a tocar. Pedi a chave do club onde ele era residente e ia para lá antes de abrir. Aprendi a tocar sozinho e depois de duas semanas já me tornei residente no club também.

HM – Você é formado em design gráfico, certo? De alguma forma o conhecimento neste campo lhe ajuda no seu trabalho como DJ/produtor?

Sem sombra de dúvidas. Tanto que o club onde comecei a tocar era meu cliente e isso me abriu muitas portas. E também tem a profissionalização do material, desde o começo eu entregava um material que as vezes um DJ de maior respaldo não tinha, isso me ajudou muito no começo a conseguir gigs. O terceiro ponto é a redução de custos, ainda mais no começo de carreira que, como todo mundo sabe, é difícil administrar.

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Foto: divulgação

Hoje ainda faço projetos para colegas e propostas que acredito, mas tento não misturar o design gráfico com o meu gênero musical, pois isso pode gerar uma condição do seu trabalho perante a gravadora ou evento. Já sofri disso no passado e sei o quanto sai caro  no final das contas.

HM – Atualmente você reside na Espanha, certo? Como foi essa tomada de decisão? Era um sonho antigo ou foi algo que surgiu com o tempo? Quais fatores te fizeram migrar do Brasil para a Europa? 

Me lembro que estava em Uberlândia sufocado, acordava todos os dias estressado, correndo atrás de dinheiro para sobreviver, quase nunca podia tocar as músicas que gostava. Quando saia não me sentia à vontade. Isso foi aumentando e aumentando, pensei em me mudar para o sul, mas como já tinha a experiência de buscar um sonho mudando para São Paulo por causa do skate, decidi que dessa vez iria para onde tudo acontecia de verdade. Então surgiu Ibiza na minha cabeça.

HM – Sabemos que você já tocou no Space Ibiza, se apresentou em uma tour da Kompakt ao lado de Michael Mayer, além de outras gigs internacionais bem importantes. O que cada uma dessas vivências acrescentou de mais positivo tanto no seu lado pessoal como profissional?

Acredito que o que mais me acrescentou foi ter certeza que a música é algo mágico, vai além de top #10 ou dos likes. Ela me conectou com muita gente que sonha como eu e que realmente trabalha para manter essa magia acontecendo. Isso me ajudou e me ajuda muito todos dias a crescer como um embaixador da música e não apenas alguém que vai em busca do seu cachê ou fama.

HM – Ser convidado para remixar uma faixa do WhoMadeWho com certeza é um dos principais highlights da sua carreira, não é mesmo? Como isso aconteceu? Você já os conhecia antes desse remix?

Sempre fui muito fã deles. Lembro que um dia no Brasil ainda falei pro meu amigo no carro, “imagina se um dia eu remixar o WhoMadeWho?”. Na época eu nem sabia produzir [risos]. Quando lancei meu segundo EP, “Agartha”, eles me deram full support, tocaram em vários shows e podcast todas as três tracks. Eu não acreditava!

Depois de algumas semanas, o Tom (baterista) me enviou uma mensagem falando que gostava muito do EP e perguntou se eu não estava interessando em fazer um remix para eles. Tinha uma semana para entregar, não gostava de nada que fazia, não conseguia dormir, foi um desastre. Na outra semana entreguei duas versões, uma mais club e outra mais melódica. Eles gostaram das duas e lançaram as duas! Fiquei muito feliz. Desde então nos tornamos grandes amigos. Sempre que eles vão para Ibiza estamos juntos. 

HM – Não tem como deixar de falar da sua presença no Warung, abrindo a pista para o Sasha no dia 4 de janeiro. Foi um convite dele mesmo, certo? Imagino que tenha sido uma gig muito especial. Em uma palavra, como você resumiria? 

Acredito que seja uma prova de lei da atração e boas energias. A primeira vez que fui ao Warung foi exclusivamente para ver o Sasha. Lembro que ele tocava no pistão e quando o sol nasceu vi pessoas chorando ao meu lado, me abraçando, nunca havia sentido uma energia tão bonita como aquela. 

 
 
A partir daquele dia, decidi que queria fazer o mesmo: mudar a vida das pessoas com a música. 
 

Quando conheci ele em Ibiza a primeira vez, não consegui conversar direito com ele (até hoje ainda travo, [risos]). Ele sempre me inspirou muito, seja como DJ ou produtor e hoje também como pessoa. Quando entrei para a gravadora dele, a Last Night on Earth, não podia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo. Quando anunciaram o showcase e que seria eu e ele no line up, confesso que foram as melhores noticias da minha vida!

Não tenho dúvidas da palavra que resumiria essa gig: gratidão! Foi definitivamente a melhor noite da minha vida.

HM – Além do Warung, você teve outros compromissos ao redor do Brasil. Estava com saudades de tocar em seu país de origem?

Tocar no Brasil é sempre muito especial, foi onde tudo começou.. É o único lugar onde as pernas ainda tremem antes de assumir a cabine. Esse ano investi muito no meu estúdio em Ibiza e venho produzindo bastante, tem muita música pronta para essa tour. Está sendo muito bacana me conectar novamente com a pista brasileira, estava com saudades disso!

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Fell Reis na Argetina – Foto: divulgação

HM – Por fim, quais novidades você já pode adiantar para quem não conhece seu trabalho ou mesmo para aqueles que já te acompanham há algum tempo? Obrigado pela conversa, Fell!

2020 vai ser um ano muito especial! Estou me mudando para Londres, onde vou conduzir grandes projetos com a Kompakt através da THE RRP, agência que cuida da minha carreira na Europa. Vamos começar uma festa mensal na cidade. Também terei novas residências para o verão em Ibiza, volto à Ásia e Austrália com duas turnês confirmadas, além de vários releases e remixes com grandes artistas. Obrigado pela oportunidade e a todos por todo o carinho e o suporte que venho recebendo!


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