Brian do SELVA fala sobre experiência inédita no Writing Camp, da Spinnin Records

Por redação

Foto de abertura: divulgação

Já falamos muitas vezes por aqui sobre a importância da Spinnin’ Records, uma das gravadoras mais desejadas pelos produtores de todo mundo. Agora imagina ser convidado para participar de um dos seus programas, o Writing Camp, que reúne produtores e compositores de diversas nacionalidades?

O programa é uma iniciativa da Spinnin’ junto a MusicAllStars, editora que pertence a gravadora, e rolou no final do ano passado no Bullet Sound Studio’s, em Amsterdã. Esta não é a primeira vez do camp, que rola periodicamente, dando oportunidade para novos e jovens talentos mostrarem seu trabalho.

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Foto: divulgação

Pela MusicAllStars já passaram alguns brasileiros como produtores, mas assinando como compositor, foi a primeira vez. Uma conquista e tanto para Brian Cohen, um dos integrantes do SELVA, projeto pioneiro na América Latina a gravar uma música acústica para a Spinnin’ Records. Além disso, Brian e Pelu colecionam nos últimos dois anos 11 fonogramas lançados pela gravadora.

Conversamos com Brian que, neste processo, teve uma das suas músicas escritas para o consagrado produtor inglês Moguai, junto com Rebecca&Fiona, aprovada para ser lançada na gravadora do DeadMau5, Mau5Trap. “Estou muito feliz com esse resultado. Sou fã de carteirinha do DeadMau5”, conta animado. Confira!

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Moguai – Foto: divulgação

HM – Como surgiu a possibilidade de fazer parte do Spinnin Music All Stars Writing?

Quando lançamos a nossa primeiríssima música de mais expressão, a “Why Dont U Love”, junto com o Vintage Culture e o Lazy Bear, eu mantive contato com o A&R Internacional que trabalhava e ainda trabalha com o Vintage, o Gerald McCarthy.

Antes mesmo de eu ser um artista ou produtor, eu me enxergo como compositor. Sempre escrevi muita coisa em inglês onde acabei me especializando. E esporadicamente, eu enviava as músicas que eu escrevia pro Gerald, apenas na amizade mesmo. Um belo dia ele simplesmente perguntou: “cara, é você mesmo que escreve essas músicas?” [rs]

Dali em diante começamos um trabalho onde ele passou a ser meu A&R internacional. Não somente me apoiando no Selva mas, também, mostrando minhas músicas como compositor para quem ele acreditava que deveria ouvir. 

Acredito que foi natural que a minha negociação com a editora envolvesse me incluir em sessions de composição da gravadora. 

HM – Você já tem uma longa experiência compondo com artistas nacionais. Como é trabalhar com novos artistas, em um cenário diferente do que você está acostumado?

Eu já havia escrito para artistas internacionais a distância. Dentro do processo de receber um “request” com referências e enviar para a editora, para que eles enviassem para o artista. Apesar de ser um processo interessante, ele é bastante distante. Outra coisa é estar ali junto, com pessoas do mundo inteiro, com um background de vida e musical muito diferentes, dentro de um estúdio, jogando ideias, ouvindo música, dando risada e testando coisas novas. 

Eu acho que quando você junta uma galera afim (de verdade) de fazer música boa, não tem muito como dar errado. Tive experiências e trocas excelentes com artistas como Moguai, Jay Hardway, Rebbeca & Fiona, Bright Sparks, Jen Jis, Sophie Simmons entre outras pessoas fantásticas.

Tiveram sessions que estávamos tão entregues ao som que estávamos fazendo, que parecíamos todos crianças de 10 anos celebrando alguma coisa, e como se fossemos amigos há anos. Até os A&R`s da gravadora entravam para ver o que estava acontecendo [rs]. Acho que no primeiro momento é sim desconfortável, mexe um pouco com a auto confiança, você se questiona se a ideia que você vai dar vai ser ridícula comparada com a dos outros, mas você se lembra do motivo de estar ali, e tudo vira um pool de ideias e experiências.

“Quando você escreve música com alguém, você acaba dividindo muito, e muito rápido.”

 

HM – O que essa experiência trouxe para você enquanto músico e pessoa?

Eu tive a sorte de trabalhar com grandes artistas e grandes compositores que também estavam muito interessados em ouvir o que eu tinha para dizer. Acredito que essa troca resultou em canções muito especiais. É muito fácil se anular ou monopolizar uma dinâmica de composição. O difícil é saber ouvir, reconhecer as ideias das pessoas, e moldar elas junto com o grupo que está trabalhando com você. Quando essa atitude é unânime, a obra final é resultado de cada um que está ali na roda.

Uma coisa engraçada é que eles (MusicAllStars e Spinnin) escolhiam os grupos a cada dia, sem aviso prévio, então acredito que essa química criada as vezes vem desse fator surpresa.

HM – A Spinnin’ é um sonho para a maioria dos DJs. Fazer parte dela neste contexto pode abrir caminhos?

Com toda certeza. Eu fiquei sabendo que sou o primeiro brasileiro a ser convidado para escrever músicas para eles, e isso é muito doido de assimilar. Eu vejo o quanto o Brasil tem crescido e se tornado relevante na música eletrônica mundial, mas, também, enxergo que existem sim algumas barreiras como composições na língua estrangeira, que acabam sendo impedimentos para alguns artistas brazucas disseminarem seus trabalhos lá fora, e até aqui dentro. Principalmente me referindo a vertente mais comercial da música que requer letras, melodias etc.

Na minha visão isso é um passo importante, e acredito que ele já está sendo dado. Por que não podemos ter a música de um brasuca numa rádio holandesa, americana, asiática? Certamente também temos a música de europeus e gringos nas rádios brasileiras! [rs] Temos todo potencial do mundo aqui dentro. 

 

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