O que há de especial por trás do Old Surfers? Confira Entrevista exclusiva!

Por Marllon Gauche

Foto de abertura: divulgação

O cenário eletrônico brasileiro ganhou neste ano um novo e criativo projeto intitulado Old Surfers, fruto da união de Luiz Bueno, Manoel Vanni e Renato Patriarca, nomes experientes da indústria nacional. Juntos eles resolveram encarar um desafio pessoal: unir duas de suas grandes paixões, música eletrônica e surf, para apresentar uma nova abordagem através destes dois gêneros musicais.

Juntaram então seus talentos, equipamentos, instrumentos e desejos de fazer algo novo e levaram tudo até o estúdio. Deu certo. A identidade original do Old Surfers ficou nítida logo ao escutar os beats da primeira música lançada, batizada com o nome do projeto. Atmosfera alegre, radiante, uma mistura muito bem equilibrada entre notas de guitarra, sons orgânicos e sintetizadores.

Do primeiro ao último EP lançado, “Nu Toy”, as características se mantiveram, mas cada uma das composições possui uma vibe bastante singular. Abaixo você confere um bate-papo que tivemos com o grupo e pode ouvir também o último trabalho lançado. Rema com a gente pro outside e conheça um pouco mais do Old Surfers:

HM – Olá, pessoal! Obrigado por compartilharem um pouco mais do projeto com a gente. Conta exatamente essa ideia surgiu? Quem teve o primeiro insight? Houve inspiração em algum outro projeto ou é uma ideia genuína do trio?

Manoel: O projeto surgiu quando em uma tarde o Luiz Bueno (Duofel) veio até meu estúdio no bairro do Sumaré, em São Paulo, para fazer uma visita, pois há muito não nos víamos. Nesta ocasião ele me consultou e ao mesmo tempo convidou para iniciarmos um projeto musical juntos, no qual eu iria compor alguns temas e músicas para que o Luiz Bueno depois criasse e gravasse as guitarras dele. E assim foi feito, mesmo sem o Luiz saber qual instrumento iria usar ou qual estilo musical seguiríamos.

Foi assim que uma a uma as músicas foram nascendo, algumas mais eletrônicas estilo anos 70, outras com influência dos anos 80, 90, 2000. E como usamos muita guitarra e outros instrumentos étnicos como a sitar e o djoruba, a sonoridade do trabalho ficou muito diversa e abrangente, algumas faixas até com um pouco das características da world music. Por isso decidi chamar o nosso estilo musical de electronic surf music, pensando eu que estaria criando algo novo, mas o estilo já existe (risos), dei um Google e descobri algumas bandas bem legais; e nos enquadramos bem dentro da sonoridade. Daí pra colocar o nome Old Surfers foi bem natural, pois é o que sou, um ‘old surfer’ [risos].

HM – Vocês já lançaram muitas músicas neste ano. Como foram as sessões de estúdios? O entrosamento entre vocês foi natural? Tiveram alguma dificuldade ou desafio nesse processo de produção?

Manoel: Quando foi lançado o primeiro single, “Old Surfers”, o álbum com 13 músicas já havia sido totalmente produzido e finalizado. Foi apenas uma estratégia dividir os releases em cinco lançamentos. Eu já trabalho com o Renato Patriarca há vários anos, no mínimo uns 16, e com o Luiz Bueno também, fomos colegas dos tempos da gravadora Trama no selo Matraca do Miranda e já havíamos produzido um álbum com vários remix do Duofel + Lunatics (Manoel Vanni + Franco Junior), então nosso entrosamento é muito natural e produtivo sempre!

Renato: Depois desse processo de criação das músicas e gravação das guitarras e instrumentos de improvisação, o meu desafio foi trazer a sonoridade da música eletrônica de hoje para arranjos finais dos beats e para a mix. Eu realmente utilizei a mixagem como ferramenta criativa, às vezes modificando performances dos dois (Manoel e Luiz Bueno) em função de uma dinâmica mais natural.

HM – O projeto possui uma sonoridade bastante peculiar. Quais instrumentos vocês usam nas gravações e como vocês deixam as músicas com essa roupagem clássica e moderna ao mesmo tempo?

Manoel: Eu uso vários sintetizadores, analógicos e digitais, o Luiz Bueno toca violão de aço, djoruba, sitar, e diversos modelos de guitarra (Fender Stratocaster, Gibson Les Paul, Fender Telecaster, entre outras); e as mixagens e masterizações são feitas pelo Renato Patriarca. A sonoridade clássica + moderna surge desde o início da composição conforme os temas que escolho e crio na maioria das vezes cada timbre dos synths pra chegar nessa mistura. Acabo usando muito da minha bagagem musical que vem de muito tempo estudando música e colecionando discos.

HM – Falando um pouco sobre “Nu Toy”, o último EP lançado, há algo de diferente ou especial em relação aos outros materiais? Para vocês, qual é a característica mais marcante encontrado nele? O nome possui algum significado por trás?

Manoel: “Nu Toy” é uma obra à parte. Ela foi a única faixa que fizemos e deixamos o Luiz Bueno soltar os bichos com o pedal de distorção. Por isso a música tem uma pegada mais electro rock, meio no estilo LCD Soundsystem. A outra faixa, que se chama “Lanis” é mais eletrônica com uma linda improvisação de guitarra do Luiz. “Nu Toy”, na linguagem do surfista, é uma prancha nova; aquele tesão de pegar uma prancha zero, passar parafina nela e cair no mar. É sensacional.

HM – O que podemos esperar do futuro do Old Surfers? Há algo já sendo planejado para o próximo ano? Obrigado!

Manoel: No próximo mês lançaremos o primeiro videoclipe. Temos algumas datas de shows em outubro e novembro para cumprir e eu já estou no estúdio compondo novas temas para futuros lançamentos.

Renato: Old Surfers está apenas começando. Estamos explorando ainda mais essa sonoridade da mistura de música eletrônica com timbres old school, beats, pegada contemporânea e improvisações de instrumentos de corda do Luiz Bueno; guitarra, violão ou seja lá o que ele inventa. Esse ano lançamos cinco EPs que já serviram para estabelecer o conceito do projeto, a ideia agora é ir além. Podem esperar intervenções visuais, remixes e muito mais. Obrigado pelo espaço!

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