Expectativa em alta para o Warung Day Festival

Por Jonas Fachi

Passaram-se cinco meses desde o anúncio oficial por parte do Warung Beach Club que “uma longa espera chegava ao fim”, revelando então que após anos de tentativas, finalmente Sasha & John Digweed iriam se apresentar juntos na quinta edição do festival da marca na pedreira Paulo Leminski. O espaço localizado no coração da cidade mais verde do país é o cenário perfeito para o festival do club paradisíaco em meio à natureza da praia Brava, em Itajaí. Para comemorar esta conquista na cidade paranaense, um dos berços da cena eletrônica do país, nada melhor que outras lendas como atração máxima, e de quebra, em um set de quatro horas pra fã nenhum sair ser estar realizado.

Esta é apenas a terceira vez que os dois britânicos tocam b2b no Brasil. A primeira vez aconteceu em 2005, no festival Skol Beats, e a segunda no ano passado, juntamente com a tour do Ultra Festival, no Rio de Janeiro. Entretanto, é evidente que a maior concentração de fãs dos “pais” do progressive house está no Sul, tendo Balneário Comburiu e região do Vale do Itajaí como meca da música eletrônica. Recebê-los será uma espécie de prêmio para uma cena construída com muita dificuldade e luta. No próximo sábado, 14 de abril, será uma espécie de coroação máxima para um grupo de empresários que nunca mediu esforços para investir em eventos e clubs que não devem em nada para os europeus ou norte-americanos.

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Desde que voltaram a se apresentar juntos, em 2016, Sasha e John Digweed rodaram o mundo marcando presença nos mais importantes festivais do cenário, além de uma noite de residência em Ibiza no club Privilege, a “Resistence”. Nome que também levaram para o palco conceitual do festival Ultra, em 11 cidades ao redor do planeta em 2017. Entretanto, nesse retorno poucas vezes receberam a chance de tocar da melhor forma que sabem – com set estendido. Como não poderia ser diferente, o Warung Day ofereceu a eles essa oportunidade de construir um set com maior tranquilidade, respeitando todas as etapas necessárias para desenvolver uma pista de dança até momentos de êxtase, algo que é especialidade dos dois, e do estilo de música que propõem.

Em 1994, Sasha e John foram introduzidos por Geoff Oakes, então fundador do club e gravadora que mais tarde seria uma das maiores do mundo, a Renaissance. A partir de então, iniciaram uma parceria sem precedentes na história da dance music. Foram nove compilações mixadas em conjunto até 2005, algumas emblemáticas como The Mix Collection (1994) e as duas trilogias Northern Exposure (UK Mix, 1996, e US Mix, 1997). Estas por sua vez, são tratadas como ponto de partida do que depois se consagrou a partir do ano 2000 como house progressivo. Uma febre em todos os clubs do Reino Unido que rapidamente se espalhou pelo resto do mundo, chegando com força nos Estados Unidos. A relação deles com o yankess é profunda: foram residentes no club Twilo, um dos mais respeitados de Nova Iorque em todos os tempos. Também realizaram uma extensa turnê de ônibus por vários Estados do país em 2002, algo ainda não imaginável para artistas de música eletrônica até então. Na América do Sul, o estilo chegou para ser a referência máxima de música eletrônica na Argentina, principalmente em Buenos Aires.

No Brasil, no mesmo período uma nova cena se formava no litoral de Santa Catarina, através do Warung Beach Club – idealizado para receber esses tipos de DJs e apresentar algo ainda não experimentado pelos sulistas. Tanto é que logo na primeira noite do club, o alemão Timo Maas marcou presença, e no aniversário de 1 ano, o inglês Danny Howells trouxe o que havia de mais sofisticado dentro do estilo. Dois artistas que foram influenciados pela música oxigenada por Sasha e John desde os início dos anos 90.

O gales Sasha, e o remanescente da cidade de Hasting (norte da Inglaterra), John Diweed, além de virarem amigos desde quando foram apresentados, tiveram uma grande afinidade de ideias músicas e de como estas deveriam ser expostas em uma pista de dança. John, sempre teve um lado mais cerebral, intenso e “infernal” em sua música, contrastando com seu típico estado de frieza inglês, em que a concentração é 100% no trabalho durante horas.

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Sasha, considerado um prodígio pela revista Mixmag nos anos 90, sempre mostrou um feeling especial para conduzir a pista, em que após horas de músicas anestesiantes, arremata com momentos de explosão emocional em sequência, fazendo qualquer expectador mergulhar em momentos de pura transe. Esse mix entre eles nada mais é do que influências do trance com o acid house, formando um novo estilo que ganhou o coração de milhares de pessoas e está mais vivo do que nunca, especialmente no Brasil. Essa soma de personalidades musicais se mostrou perfeita em conjunto ao longo do tempo.

Após um hiato de seis anos, eles voltaram a tocar juntos em 2016 para a alegria de toda uma nova geração que só teve a oportunidade de vê-los por aqui separadamente, em sets históricos, diga-se de passagem. Então, agora é a nossa vez, e não havia mais como deixar passar a oportunidade de detê-los por algumas horas em nosso mundo musical, num lugar que sempre demonstraram uma enorme estima como club favorito. Ao encerrarem a noite mais importante da história da música eletrônica no Sul do país, certamente também passarão a considerar como, que chegue logo.

Vale mencionar ainda, que Guy J será o responsável por preparar a pista para eles em um set de duas horas e meia. Outros destaques são Lee Burridge e seus parceiros de All Day I Dream, no entardecer; Ryan Elliot logo nas primeiras horas do evento; e um contraponto na parte final para quem gosta de techno, com Loco Dice, no palco Pedreira. Para o expoente alemão, será um momento igualmente especial, afinal ele também foi um dos DJs a se apresentar na noite de abertura do Warung Beach, em novembro de 2002.

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E claro, os diversos expoentes nacionais que sempre fazem bonito. Outras informações aqui.

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