Por: Lucas Arnaud
Quando ouvimos aquela nossa track favorita, tendemos a sentir aquela sensação boa, que seria o ato de desfrutar/curtir aquele som. Muitas pessoas relatam, inclusive, que isso se compara ao prazer do sexo e de drogas. Dessa vez, um novo estudo feito pelos pesquisadores da McGill University obteve resultados que sugerem que o prazer que sentimos ao ouvir música realmente decorre de processos semelhantes no cérebro em relação ao ato de fazer sexo ou ao uso de algumas drogas.
O estudo é sério e se baseia, evidentemente, em métodos científicos que você pode conferir aqui. Com o título de “Anhedonia to music and mu-opioids: Evidence from the administration of naltrexone”, o estudo constatou “anedonia” (que significa falta de prazer) nas pessoas testadas que ouviam música, ao bloquear as vias dos opióides com o uso do naltrexona (que gera esse efeito de bloqueio ao competir e se ligar nos receptores opióides, porém gerando pouca ou nenhuma ativação dos mesmos).
Traduzindo: pessoas que tiveram as vias opióides bloqueadas não sentiam mais prazer ao ouvir música! Segundo o relato de um dos participantes durante o estudo: “estou ouvindo minha música preferida, mas simplesmente não consigo curtir como faço normalmente”.
Além disso, é interessante notar que as vias dos opióides estão relacionadas ao prazer do uso de drogas como a heroína (que é uma droga opióide) e do ato de fazer sexo (nesse caso, nosso próprio corpo libera opióides endógenos, ou seja, “naturais”). Ou seja, segundo Daniel Levitin, psicolólogo cognitivo e um dos responsáveis pelo estudo: “essa é a primeira demonstração que sugere que o cérebro age liberando opióides naturais no ato de curtir música”.
Deve-se entender, todavia, que o estudo não traz conclusões mais específicas, até por se basear no relato subjetivo dos participantes, que eram poucos (apenas 17). Porém, abre-se mais uma porta nos promissores estudos sobre a relação do funcionamento do nosso cérebro com o ato de ouvir (e curtir) música!