Por redação
Foto de abertura: Imanbek por divulgação
Não há como negar a “ciclicidade” musical. Sonoridades que vão e voltam, hora repaginadas, hora com suas raízes ainda mais sólidas, mas, o que queremos dizer, é que elas acabam retornando de tempos em tempos, alcançando novos públicos, novas gerações e deixando aquele clima saudosista para uma outra galera, que viveu o boom daquele estilo.
Para uma nova geração que concluiu há pouco a sua maioridade, talvez, o brazilian bass não seja um som tão familiar, tendo em vista a pegada mais groovada e melódica das pistas, apostando no tech house, bass house ou progressive house que temos visto na cena nacional, mas, em 2016, a maior parte das produções BR saiam com essa estética, mais grave, um bass rasgado e uma nítida assinatura das linhas de baixo e vocais mais pops.
A sonoridade não chegou a conquistar os produtores gringos nesta época, que ainda estavam mergulhados em uma atmosfera EDM. Mas, quase cinco anos depois, parece que o brazilian bass chegou até a cena internacional, com hits como o remix de Imanbek para “Roses”, ou a clássica “In My Mind”, de Dynoro. Porém, sob um novo nome: slap house.
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Não há diferenças entre o brazilian bass e o slap house e muitos chamam essa sonoridade, também, de car music, por ser um som pulsante, mas, com um vocal pop e graves acentuados, o que gerou a expressão “bass boosted” que, inclusive, tem como precursor um brasileiro, chamado Gabriel Carmoni. “Nós começamos com a tag porque o som estava fortemente ligado a car music na época, e era comum ver vídeos de bass test para sons de carro no YouTube. Percebemos que ali tinha um nicho para esse conteúdo e começamos a subir a tag em mixes e criamos uma playlist no Spotify”, conta.
Gabriel assina um dos principais canais do gênero no YouTube, com mais de um milhão de inscritos, que conferem quase que diariamente sets mixados e até divulgação de algumas tracks. “Começamos em 2017 e, no começo, o canal era focado em brazilian bass [rs]. Depois, no início de 2018, descobrimos que estava começando a surgir uma cena na Europa, inspirada no brazilian bass, inclusive, e resolvemos apostar nisso. O nome slap house veio um tempo depois, em 2019, com a popularidade de projetos como dos alemães VIZE e LIZOT”, explica o brasileiro.
De acordo com Gabriel Carmoni, ainda existem muitos canais e playlists focadas no tema car music, porém, é uma pegada um pouco mais underground do que seria o slap house, com fortes referências do g-house.
Mas, de onde vem esse hype do slap house? “Acredito que ele funcione muito bem por ser um som simples, que qualquer idade consegue compreender e curtir. A primeira movimentação real do gênero veio da Lituânia, na época ainda não existia o nome slap house e era muito inspirado no brazilian bass, (eu carinhosamente apelidei de Lithuania Bass [rs]). Com o tempo, foi espalhando pela Europa e a sonoridade foi se adaptando para a rádio, ficando mais mainstream. Acredito que vai crescer muito no Brasil em 2021, por ter uma sonoridade familiar”, afirma Gabriel.
No Brasil, uma das gravadoras que têm (re) começado a apostar no slap house é a HUB. “O brazilian bass se firmou como um gênero propriamente dito. E é algo significativo por ser um som totalmente criado no Brasil. O pessoal do leste europeu abraçou e agora está todo mundo abraçando essa sonoridade. Como se diz em inglês, pode ser o ‘the next big sound’”, revela Felippe Senne.
Indo de encontro ao que rola lá fora e trazendo o que há de mais hype do outro lado do Atlântico, a HUB tem fomentado a sonoridade com lançamentos que estão alinhados a essa tendência que, ao que tudo indica, irá ter continuidade em 2021, a exemplo da sua invasão às rádios e plataformas de streaming em todo mundo. Nota-se, também, uma explosão de hits que têm difundido o estilo em aplicativos populares como o TikTok e o Instagram (Reels).
Uma característica marcante do universo slap house são as regravações, que trazem grandes sucessos da dance music ou, até mesmo, de clássicos da música pop. Em setembro deste ano, a HUB Records lançou duas tracks que merecem destaque, “Lonely Heart”, de Tyron Hapi, SUD e Sam Bruno; e “Your Love”, de Martin Trevy. E tem spoiler! De acordo com Felippe Senne, a gravadora está em negociação para um lançamento de Imanbek, que citamos mais no início da matéria, em território brazuca.
E não são só projetos gringos, mas, artistas BR também, como os mineiros do The Otherz que tem colocado a sua identidade neste som. “Apesar de não ser uma música com a fórmula exata do slap house, é um indicativo de que um novo caminho se desenha para o Brasil. Um som que tem uma vibe mais melódica, mais house music, que é outra aposta que vamos abraçar na HUB”, adianta Senne.
E se você ficou curioso para ouvir mais sobre o slap house e os principais artistas, Gabriel Medina indicou alguns nomes nacionais e internacionais para se ficar de olho. “Tem vários, mas, recomendo a galera conhecer o som do Liufo, Scott Rill, Lanné e Besomorph. No Brasil, quem tem feito um som legal é o Quarantino e o Hawk”, finaliza.
Ah! E ainda tem a playlist curada pela HUB Records para você conferir os principais lançamentos do slap house.