Por Marllon Gauche
Foto de abertura: divulgação
É, a pandemia não poupou ninguém, nem mesmo quando o cara é um criativo fora de série. DJ Glen, assim como toda a classe artística, também sentiu o golpe do isolamento e do afastamento das pistas, até criou e lançou algumas músicas durante a quarentena, realizou lives, mas nada perto de substituir o sentimento que é estar em contato com a galera numa pista cheia, enérgica e quente.
Foto: Felipe Dashdot
Porém, depois de um período de reflexão, parece que ele encontrou um novo propósito para este momento visando ajudar artistas no pós-pandemia. Glen acabou de lançar um curso de produção musical que será realizado de forma on-line pelo Zoom, a ideia é auxiliar na criação, timbragem, workflow e, de quebra, o aluno ainda terá a chance de fazer uma collab com o produtor — se você tiver interesse, pode mandar um Inbox pra ele.
Nós trocamos uma ideia com Glen para ver como têm sido as coisas nos últimos meses e você pode conferir logo abaixo.
HM – Mais de 100 dias em casa durante a quarentena, além de muito amor em casa, como tem sido esses dias pra você, pessoalmente e profissionalmente?
Se for pensar pelo lado da família, está sendo muito bom, a gente não pode viajar nem ver amigos, o que é péssimo, mas a família unida é uma delícia. Se não fosse pelo fato de 99% da receita profissional de um casal de DJs virem das gigs, mesmo estando preparados pra um período de baixa, jamais poderíamos imaginar 6 meses sem trabalhar. Os artistas estão sem nenhum suporte de ninguém, nem governo, nem bancos privados, nada. É desesperador.
Ver essa foto no Instagramum bom dia e um feliz dias dos pais à todos os papais!! eh noixxx. ❤️❤️❤️
HM – Para substituir as pistas, mesmo que temporariamente, surgiram as lives, todo mundo tá fazendo. O que você acha de todo esse rolê? Será que existe a possibilidade delas se manterem depois que o mundo voltar ao normal?
Uma grande quantidade de endorfina é produzida pelos DJs durante um show. A live dá uma aliviada nisso, tem o feedback on-line e tal, mas, o grande problema na minha opinião é que quase nenhuma delas é remunerada, o que faz esse modelo ser um tanto quanto egoísta, quando se pensa num sujeito que tem dependentes como eu. Já havia lives antes da quarentena, depois elas vão continuar, com um grande crescimento até pelo motivo que este conhecimento adquirido tem que ser usado.
HM – Falando em normalidade, o trabalho de estúdio não parou pra você, né? Dá uma palinha pra gente do que tem pra vir pela frente. É real que tem várias collabs engatilhadas?
Fiz muitas tracks em quarentena, algumas sinceras e melancólicas sobre o que estou sentindo no momento e algumas pensando numa volta bem explosiva de tudo, mas, o que acho que foi importante neste período foi a reflexão sobre tudo que já fiz e toquei na vida. Revisitei minha coleção de discos e reencontrei vários momentos libertadores musicais na minha vida, isso é reconfortante.
HM – E tem algum produtor(a) dos sonhos que você curtiria muito trampar junto? Quais artistas te inspiram hoje em dia?
Claro, milhares. Meu artista favorito da vida acho que é o Andy Meecham, acho ele genial e inspiração máxima, fora os enormes que são minha base musical, Tom Morello, Chemical Brothers, Prodigy, Daft Punk. Posso dizer que cheguei perto de produzir com um deles que foi com Ali Love, que já trabalhou com Chemical Brothers e na quarentena me intimou para terminar os sons que começamos num after no Rio de Janeiro.
HM – Um passarinho me contou que tem um álbum ganhando forma pela frente. Quantas tracks autorais você já têm pronta? Alguma previsão de lançamento?
Digamos que sim, é um sonho fazer um álbum, mas tem que ser um álbum decente, tipo um filme. Tracks autorais prontas pra serem tocadas tenho centenas, que ninguém nunca ouviu, nem mesmo a Nana. Interessante que com as quedas do YouTube por direitos autorais, mesmo nas tracks lançadas pelos próprios artistas da live, estou usando este material parado para tudo fluir e estou descobrindo coisas interessantes na minha coleção.
Foto: divulgação
HM – E tem ainda uma série de reacts que você vai começar no YouTube, né? Como vai ser esse projeto, quando inicia, quem pode te mandar faixas, por onde, fala tudo!
Desde o começo da quarentena estou aproveitando o tempo extra para me conectar com os produtores que se inspiram em mim. Eles me mandaram centenas de tracks para ouvir e dar feedback, gravei minhas reações e tenho este material todo aqui. Mas, ao mesmo tempo, me fez pensar que poderia ajudar esses produtores de uma maneira mais profunda que isto, observei muita dificuldade em pontos que consegui superar há um tempo e hoje soltei que estou pensando em fazer uma masterclass e estou pasmo com a quantidade de interessados que surgiu.
Agora, depois de 12 horas respondendo todo mundo que entrou em contato comigo, estou animado para começar a criar este material de uma maneira que não consegui encontrar ninguém fazendo e estou bem animado, pois fazer música para pista de dança numa pandemia onde é proibido aglomeração não faz o menor sentido e o espírito criativo sabe disso. Mas, preparar os artistas para a volta é bem interessante.
HM – Irado demais! E tem algo a mais guardado na cachola de ideias ou por enquanto é isso?
É isso, vamos compartilhar informação e ajudar a criar novos artistas, pois sabemos que a hora que voltarmos, provavelmente com a vacina, vamos comemorar o fato de estarmos vivos como nunca!