Coluna AIMEC: Napkin ft. narrow j lança clipe sobre violência contra mulher

Por Danilo Bencke

Foto de abertura: Debora Mattos

A música é e sempre foi uma maneira de expressar emoções e sentimentos, por isso, algumas são tão fortes e marcam tanto a nossa vida. Mas, além disso, ela dá voz ao artista e pode ser um manifesto de conscientização, um grito que deseja ser ouvido, uma dor que precisa ser aliviada ou um tiro de aviso. Essa é a manifestação suprema da música, que vai muito além de ritmos e acordes.

Foi o que fez o duo Napkin, formado por Kimberly Neves e Natana Alvarenga, em seu álbum de estreia “I.NN.PAK”. A dupla já lançou diversos trabalhos e ganhou importantes premiações nacionais e internacionais. No final de 2017, participaram do AudioArena Originals; em 2018, abriram o João Rock após vencer o concurso e, em 2019, se apresentaram na final do concurso mundial promovido pela Hard Rock, que aconteceu no Hard Rock Cafe de Nova York, na Times Square.

“I.NN.PAK” é um disco poderoso que mostra o início da carreira da Napkin como artistas, expõe bagagens, opiniões, posicionamentos e conselhos com sinceridade e ainda traz belas interpretações de sons que ecoam pela mente de uma dupla criativa e das mais representativas da nova música indie brasileira hoje em dia. Representantes da força e sensibilidade femininas, elas acabam de lançar o primeiro videoclipe do álbum, a faixa escolhida, “Soul on Fire”, marca também a primeira colaboração do duo, composta em parceria com a DJ/Produtora narrow-j.

Jessica Niehues, aka narrow-j é uma DJ e produtora musical que percorre em suas sonoridades os breakbeats do trap ao future bass com uma versatilidade que permeia as pistas mais intimistas e introspectivas até as mais pops e contagiantes. Em paralelo a sua carreira como DJ e produtora musical, narrow-j se dedicou nos últimos seis anos como professora dos cursos de DJ da AIMEC (Academia Internacional de Música Eletrônica), em sua sede em Joinville.

“Já conhecíamos e admirávamos o trabalho da narrow-j e, finalmente, convidá-la para esta collab nos deixou empolgadas demais. Sabíamos que seria uma música forte em vários sentidos. Ao perceber o que tínhamos em mãos, decidimos por ser uma música 100% feita por mulheres, para darmos mais visibilidade ainda à causa”, comenta Natana Alvarenga, vocalista e guitarrista do duo.

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Foto: Karina Oliveira 

A faixa “Soul on Fire” começou a ser escrita pelo trio despretensiosamente, em 2017, tendo como referência o filme “O Quarto de Jack” (de 2016, estrelado por Brie Larson com direção de Lenny Abrahamson). No filme, a protagonista é vítima de sequestro, confinamento e estupro por anos. A composição, no entanto, ficou engavetada até 2019 e voltou à tona no momento em que a Napkin começava a se preparar para a gravação do seu álbum de estreia, “I.NN.PAK”, lançado em outubro do mesmo ano.

“Alma em Chamas” (na tradução para o português) fala sobre a dificuldade em superar um trauma e a luta para seguir em frente, mesmo quando há uma libertação. O intuito do trio é trazer conscientização sobre o tema e dar voz a milhares de mulheres que sofrem, ou já sofreram, qualquer tipo de abuso, seja físico ou verbal.

“O que queremos trazer à tona é como o tema está presente no dia-a-dia de todas as mulheres, desde a nossa fase de crescimento até a vida adulta. Infelizmente, como mulheres, pelo menos em algum estágio das nossas vidas já experienciamos algum tipo de abuso ou opressão. Em algum momento já nos sentimos invadidas, desrespeitadas e abusadas, muitas vezes por conta da normalidade imposta pela sociedade machista que acaba nos fazendo acreditar que não temos direito a um amparo”, desabafa narrow-j.

A música foi uma das mais ouvidas do álbum, por isso, a ideia de levarem a mensagem adiante com um apelo visual e imersivo no tema. Vale ressaltar que a faixa em questão foi totalmente produzida pelo trio, mixada pela própria Kimberly Neves e masterizada pela engenheira de masterização Piper Payne, do estúdio Infrasonic Mastering, de Oakland, Califórnia.

O momento para o lançamento da faixa (que traz forte influência das vertentes do trap e future bass, provenientes da colaboração com a DJ/Produtora narrow-j), não poderia ser melhor, visto que o álbum marcou o início de uma nova fase, com sonoridades mais eletrônicas para o duo.

Em suma, estamos passando por um período delicado devido à pandemia, o momento se torna ainda mais propício para a abordagem deste tema, já que se pode observar uma alta de 46% no feminicídio durante a quarentena (dado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública). Por isso, somos gratos de ter artistas que se preocupam não só com a pista de dança, mas também com os problemas que enfrentamos. Estas mensagens nos trazem força e mostram que não estamos sozinhos em nossa luta.

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