Relive Tomorrowland: motivos para assistir ou rever a edição digital

Por Luiza Serrano

Foto de abertura: divulgação

Antes de expressar qualquer opinião sobre essa experiência e, respondendo a pergunta que não quer calar: NÃO, nada substitui a sensação do contato físico, de sentir na pele, de respirar aquela atmosfera que os festivais proporcionam. Mas, se existe uma possibilidade de se aproximar dessa descrição, o Tomorrowland foi bem próximo, e isso é surreal!

Talvez, nas apresentações do primeiro dia, tenha sido um pouco estranho. Ainda tentando entender como funcionaria, percorrendo toda a Papilionem, conhecendo palcos, estruturas interativas e, se você não leu o nosso resumão antes de percorrer o Tomorrowland Around the World, com certeza, ficou algum tempo olhando para o público na pista.

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Palco CORE – Foto: divulgação

280 mil avatares, completamente diferentes um dos outros, com bandeiras e roupas, que respondiam aos sets dos artistas que pareciam estar realmente ao vivo, interagindo, subindo na mesa, limpando o suor, tomando bons drinks, falando com “people of Tomorrowland”, com direito, até, a um “hey how”!

Mas, como os artistas pareciam realmente estar dentro da ilha? Quatro estúdios foram montados exatamente com o mesmo formato em sua sede, Boom, na Bélgica; Los Angeles, São Paulo e Sydney.

 

As 38 câmeras, entre super, ultra, mega full HD, e várias virtuais criadas para cada palco, permitiam ver, por exemplo, os cabelos ao vento da única representante brasileira no sábado, ANNA, tocando no palco CORE que, particularmente, está entre um dos meus preferidos, com a Aurora Boreal dando o ar da graça entre uma piscada e outra. Como sempre, a DJ brasileira representou!

No ambiente 3D do Tomorrowland, com 10 vezes mais polígonos – figuras formadas para criação de gráficos para games – e luzes em comparação a um jogo de computador, VER:WEST matou a curiosidade do público. O projeto de house de Tiësto era aguardado. Foi a sua estreia! E que estreia! Um house melódico e que mostrou uma faceta do artista que agradou.

E que visual o palco no qual VER:WEST se apresentou. O palco FREEDOM também entra nos meus favoritos. Indoor, a estrutura mais reta e “simples”, permitia um show de lasers e projeções que, claro, foram utilizadas por Eric Prydz na estreia de [CELL], show produzido especialmente para esta edição on-line do festival. Confesso que nessa hora já me sentia completamente dentro do Tomorrowland Around the World. Como uma diferença: sem precisar andar quilômetros de um palco ao outro, mas, apenas mover o cursor do mouse e ir até a apresentação que eu queria assistir.

 
 
 
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Thank you to everyone who tuned in for the premiere of [CELL.] The feedback has been incredible, we are blown away…❤️ Also thanks to @tomorrowland

Uma publicação compartilhada por Eric Prydz (@ericprydz) em26 de Jul, 2020 às 8:10 PDT

329.853.597.770.307 bytes de material bruto foram coletados, renderizados por quatro semanas (designers e editores choram) e deram vida a todo esse espetáculo que teve entre os artistas presentes Katy Perry, convidada para apresentar seus grandes hits e o álbum novo, “Smile”, que será lançado em agosto. A cantora pop foi uma das atrações do MAINSTAGE. Volumoso, imponente, com cascatas e que remete ao palco que seria montado na edição física do festival se não houvesse o cancelamento.

Todos os funcionários do Tomorrowland participaram das gravações de áudio para os efeitos sonoros da multidão realista que se somavam aos efeitos especiais, fogos de artifício e lasers. Um projeto como esse, levaria quase dois anos para se materializar, porém, o esforço de mais de 200 apaixonados por música, pelo festival e por sua experiência, abriram as portas do Papilionem para o mundo em três meses.

Três meses resumidos em dois dias, mas, que dois dias! No domingo, já mais familiarizada, Sunnery James e Ryan Marciano dominaram o palco principal com uma sonoridade bem tropical, dançante, start com o pé direito para o aguardado set do Vintage Culture. Vintage foi o único brasileiro a se apresentar no MAINSTAGE.

No set, tracks já conhecidas, como “Slowdown”, “Save Me” e “In The Dark”, que entrou na playlist oficial do festival no Spotify, além das não lançadas que o Shazam pira: colaborações com Tiësto e Alok.

 
 
 
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It was Lit 🔥🔥🔥 @tomorrowland

Uma publicação compartilhada por LukasRuiz (@vintageculture) em26 de Jul, 2020 às 11:36 PDT

No palco ELIXIR que, confesso ter descoberto com alguma dificuldade, porque ficava dentro do menu do MAINSTAGE, Cat Dealers. O duo pegou a responsa de tocar entre EDX e Yves V e mandou bem, tocando entre as tracks, produções com vocal em português e destacando a nossa verde e amarela!

Adriatique e Joris Voorn no palco CORE, como sempre, com sets inspiradores. E por falar em inspiração, 16 líderes de renome internacional falaram sobre motivação, principalmente, em tempos como os de hoje, cumprindo o compromisso do festival de não ser apenas música, mas, todo um estilo de vida.

No Atmosphere, outro queridinho da minha lista, assinado pelo Afterlife, trouxe no sábado seus anfitriões, Tale Of Us, mas, no domingo, ferveu com Amelie Lens e com Reinier Zonneveld, que merece destaque. O produtor holandês já é conhecido por ter tracks nas cases da própria acid Amelie e Charlotte De Witte que, inclusive, tocou faixas dele no dia anterior.

Enquanto isso, a sequência, KÖLSCH, um repertório que me fez entrar ainda mais na experiência; Tiësto, completando a dobradinha em seu segundo dia, mas, desta vez, com seu projeto de trance; e David Guetta, apostando no “future rave”. O encerramento, ficou na conta do DJ eleito cinco vezes o melhor do mundo pela DJ Mag, Martin Garrix, com fogos, comoção virtual e aquela sensação de: não é que eles entregaram o que realmente prometeram?

Mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo, acompanharam os oito palcos e os mais de 60 artistas que se apresentaram nesta edição inédita na plataforma na qual tudo funcionou muito bem, navegação, áudio, imagem, uma realidade virtual que nos colocou realmente dentro do festival, mas, com toda a segurança e distanciamento social que os tempos pedem.

Se ficou a dúvida do que eles farão com essa plataforma? Bom, começando com o Relive. Se você comprou o ingresso para assistir o festival no último final de semana, você pode usar a sua conta para acessar a plataforma e visitar Papilionem, vendo os sets individuais dos artistas por duas semanas, a partir desta quarta-feira, 29. Se vale a pena? Sim! Vai ser possível assistir com mais atenção a cada detalhe ou ver aquele show que você não conseguiu acompanhar.

Agora, se você não comprou o ingresso, mas, depois de ver os Stories pipocando com imagens do Tomorrowland digital, é possível adquirir o ingresso separado para a plataforma por cerca de R$75. Acesse aqui!

Ainda estamos nos recuperando desta transmissão que, começou mudando a forma de entreter na quarentena, ofereceno uma estrutura tecnológica, inédita e, sim, paga. Revolução nas lives, não é mesmo? E, além disso, pairam no ar as especulações sobre o que farão com a plataforma após o período Relive? Será que no próximo ano, mesmo com a edição física (torcemos para que tudo retorne ao “normal”), eles investirão nessa estrutura digital? Cenas dos próximos capítulos!

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