Planeta Brasil: confira a entrevista com Henrique Chaves, um dos organizadores do festival

Por Luiza Serrano

Foto de abertura: divulgação

Participar de um festival vai além da música, mas experiência, uma oportunidade única para conhecer novos sons, artistas, pessoas e se permitir vivenciar toda a estrutura projetada para um evento que conta com uma rica diversidade sonora e cultural.

E este tipo de vivência em eventos, nos quais você tem mais tempo para absorver e aproveitar cada momento, seja a luz do sol ou ao entardecer – criando diferentes sensações e ambientes – cresce cada vez mais em todo o mundo.

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Foto: Bárbara Dutra

Prova disso são festivais como o Tomorrowland, na Bélgica; o Coachella, nos Estados Unidos; e o próprio Rock In Rio e Lollapalooza, no Brasil, marcando presença no ranking dos principais eventos do mundo.

E em Minas Gerais, há 11 anos, o Festival Planeta Brasil vem se reinventando e surpreendendo a cada edição, consolidando a sua marca e driblando o eixo Rio x São Paulo que, atualmente, recebe os principais festivais do Brasil e do exterior.

Tradicionalmente realizado em janeiro, o Planeta Brasil acontecerá neste sábado, 25, a partir das 13h, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, local que tem sido a sua casa nos últimos anos.

No line up, uma escalação que inclui artistas da MPB, do rap e, claro, da música eletrônica que, nesta 11ª edição, traz o BH Dance Festival. Foram quatro anos de hiato do festival que é um queridinho na capital mineira. Mas, o retorno, não poderia ser mais especial.

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Foto: divulgação

Os fãs vão poder reviver momentos auge do BHDF que marcou uma geração. No line up estão escalados nomes que figuram entre os 100 DJs mais populares de todo o mundo, pela DJ Mag, como Don Diablo, Nervo, Cat Dealers; produtores aclamados como Gabe, Illusionize, Glen, Bruno Furlan, Vegas; e artistas que estão fazendo barulho e mostrando que vieram para ficar, entre eles, Almanac, MAZ e Pontifexx.

>> Confira o line up completo <<

Ah! E para quem curte after, esse ano a produção do evento anunciou uma novidade! Vintage Culture comandará o after hours em pleno gramado do Mineirão, lembrando que o DJ e produtor teve seu nome divulgado, recentemente, entre as atrações do palco principal do Tomorrowland, na Bélgica.

Conversamos com Henrique Chaves, um dos responsáveis pelo festival para entender melhor sobre o Planeta Brasil e a sua relação, especialmente, com a música eletrônica!

>> Aproveite e ouça a playlist do festival no Spotify <<

HM – Obrigada Henrique por conversar com a gente. O Planeta Brasil é um festival consolidado em Minas Gerais e de grande expressão no país. A que você atribui esse crescimento do Planeta e de outros festivais Brasil afora?

Olá! É um prazer falar com vocês. Os festivais têm registrado crescimento no mundo todo. A era digital do streaming pulverizou o consumo da música. Hoje, temos muito mais bandas e conteúdo disponíveis para criar a programação de um festival. Antes, ficávamos presos às grandes empresas da indústria fonográfica, afinal, eram necessários grandes investimentos para lançar uma banda. Agora, bandas e DJs ganham destaque com apelo do público. As referências também aumentaram. O público assiste aos shows fora do país e quer acesso a esses artistas internacionais. Acredito também que essa geração tem sede de consumidor múltiplas experiências. Mais do que uma festa noturna, os festivais hoje carregam um propósito. É um lugar de contato entre pessoas, com novas experiências e músicas. E esses momentos de alegria nos ajudam a lidar com as batalhas do dia a dia.

HM – A música eletrônica sempre esteve presente no festival. Houve uma edição em que o Deputamadre Club teve um palco exclusivo. Como é a relação do festival com esse gênero?

A edição com o palco do Deputamadre Club foi um momento de mescla entre duas gerações. Tínhamos o Anderson Noise dividindo o palco com o DirtyLoud nesse encontro geracional. Hoje o festival flerta com todos os estilos de música eletrônica, novos e conhecidos. Veja o tech house voltando com tudo de novo nesse mercado que se reinventa a todo momento. São ciclos repaginados dos estilos de música para matar nossa sede de novidade.

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Foto: Lázaro Gurgel

HM – No ano passado, o Rock In Rio inovou trazendo um palco exclusivo de música eletrônica pela primeira vez, o New Dance Order, além de ter apresentado um DJ brasileiro, acontecimento inédito, no palco principal. Você acha possível termos um grande nome da cena no palco principal do festival de Minas?

Não temos um palco principal. No formato deste ano são três palcos principais, com o crescimento do eletrônico para receber grandes nomes.

 

Ao longo dos anos, nossa experiência mostrou que não precisamos de um único palco com headliners e sim vários palcos com vários headliners. Para esse ano teremos uma grande novidade, que é o maior after da história do festival, com pista e arquibancada, para viver duas horas de show do Vintage Culture.

 

HM – Este ano, vocês trazem uma novidade, o retorno do BH Dance Festival, que foi durante cerca de cinco anos, um dos principais eventos de música eletrônica em Minas, trazendo grandes nomes. Como surgiu a ideia de incorporar o BHDF ao Planeta?

Foi uma incorporação natural com o movimento da música eletrônica no Planeta Brasil. A proposta é criar uma base forte de EDM tendo um festival dentro de outro. É uma soma de forças de todos os lados para garantir uma plataforma que sustente o crescimento do eletrônico no festival. Afinal, o público circula por todos os palcos, criando uma oportunidade dessas pessoas conhecerem DJs e diferentes estilos de eletrônico.

 

 

Quem gosta de Natirus pode sair do festival gostando de um DJ do BHDF.

 

 

HM – Vocês estão trazendo grandes artistas nacionais e internacionais para o line up do palco do BH Dance Festival. Como foi a curadoria?

A curadoria do Planeta Brasil é um processo de mais de oito meses de criação. São várias pessoas, amigos e experts participando. Captamos informações no mercado para atender artistas e público. E fachamos um line up – uma obra-prima de formação, tendência, vontade e coração de fazer acontecer.

HM – A incorporação de palcos de música eletrônica em grandes festivais musicais têm sido positiva para formação de público e desmistificação de vários mitos acerca do gênero musical. Você concorda? Como você percebe essa troca de linguagens?

O Festival fala uma única linguagem, independente da música que toca. Com o surgimento do eletrônico foram criados alguns estigmas em torno dele. Nada mais justo que usarmos as ferramentas dos grandes festivais para mostrar ao público que não tem nada de diferente entre os estilos musicais. A música une comunidades e transforma a vida das pessoas. Vamos somar e desmistificar o nome rave – que nada mais é que um festival de música eletrônica. A minha geração não tem preconceito – ela viveu o nascimento desses festivais. Queremos atingir as outras gerações, que precisam observar esse movimento com as próprias lentes e viver experiências positivas. Todos os festivais vão abraçar esse importante segmento que é o eletrônico. O festival sem edm vai ficar para trás.

HM – After? Gostamos! E acaba de ser anunciado um after hours com o Vintage Culture, que é uma novidade para o Planeta Brasil. Era um pedido do público? Conta pra gente como vai ser?

O público sempre pede mais. A ideia do after surgiu em 2018, quando o Vintage Culture se apresentou no Camarote e todo mundo ficou com vontade de mais. Estamos liderando essa tendência com um artista que tem perfil de longas performances e que consegue entender a pista com maestria. Nesse segmento, nada mais justo que buscarmos inovar com quem sabe o que faz.

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Vintage Culture – Foto: Bárbara Dutra

HM – Qual a dica de um produtor há anos no festival e um frequentador assíduo de eventos deste porte pelo mundo para quem estará dia 25 de janeiro no Mineirão?  

Minha primeira dica é: garanta seu ingresso com antecedência. Sem ingresso não tem diversão. Quem deixa para a última hora paga caro ou fica de fora.  Minha segunda dica é junte os amigos. Nada melhor que uma experiência compartilhada. A terceira é para usar roupas leves, manter uma alimentação saudável e beber muuuita água. Não esqueça de beber água!

No mais, conheça a cidade e o caminho até o festival. Para quem vem de fora, é legal chegar um ou dois dias antes para aproveitar o ambiente local. Use o transporte público, se desconecte um pouco do celular e viva o momento.

Falando em ingresso, ainda dá tempo de garantir o seu. Confira aqui

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