Underground: A.K.D. e sua história com os 10 anos de Chidnéris

Por Nazen Carneiro, exclusivo para coluna TUDOBEATS

São Bernardo do Campo recebe neste sábado, 14, a comemoração de dez anos de uma história no mínimo diferente entre os festivais. O Chidnéris completa dez anos com um viés não comercial nas suas entranhas. Para conhecer esse festival de trance que mais se parece com uma comunidade, conversamos com A.K.D., que se apresentará pela segunda vez e tem uma história muito especial com o festival.

O veterano israelense é dono de um trance progressivo profundo, que na atmosfera da manhã traz uma sensação quente e melódica. Com dois álbuns lançados, inúmeras tracks de sucesso, ele passou por grandes palcos como Fusion, Universo Paralello e Aurora, mas é nas festas underground onde se identifica, onde há o “espírito do trance”, segundo ele mesmo afirmou nesta entrevista. O artista não apresenta mais o projeto A.K.D. mas abriu uma exceção à pedido do festival.

E para começar, nada melhor do que música para embalar a leitura! Confira na entrevista de A.K.D. para a coluna Tudobeats, publicada com exclusividade pela HOUSE MAG!

HM – Para começar essa entrevista quero te pedir algo muito difícil! Escolher cinco músicas que são especiais para você, para sua jornada.

Cinco músicas que são especiais para mim (pausa) Difícil! Tantas músicas foram tão especiais para mim ao longo destes anos. Mas vou tentar colocar aqui de uma forma aleatória.

HM – Essas músicas com certeza marcaram muitas pessoas que curtem o psytrance desde os primórdios. Deve ter sido difícil escolher. Conseguiria escolher entre as suas próprias músicas?

Para esta pergunta não tenho resposta (risos). Talvez a melhor analogia é a de um pai e seus filhos. Ele ama a todos e não pode escolher nenhum, mas cada um é especial da sua forma pois cada um tem características próprias e as experiências e memórias com cada um são únicas.

HM – Vamos generalizar agora. Com toda sua experiência na cena trance, como você a cena trance internacional e as músicas que estão rolando por aí.

O que se pode dizer é que a cena trance está forte e viva mundialmente com vários subgêneros como dark ,goa, progressive, psy, então cada pessoa pode encontrar e conectar com qual ela mais gosta. Isso é muito bom. Tem pra todo mundo.

HM – Você vê dessa forma no Brasil assim também?

Não tenho como opinar de uma forma substancial, mas baseado nas minhas experiências pessoais e meu gosto musical, a cena trance no Brasil tornou-se muito comercial de uns anos pra cá. As músicas que tocam nas festas grandes são menos profundas e espirituais ao passo que são mais rasas, as vezes com uma pegada ‘disco’, que atrai públicos diferentes.

Entretanto isso fez com que as festas que continuam verdadeiramente dentro do “espírito do trance” (independente do subgênero) como o Chidnéris, fiquem ainda mais reais e especiais, ainda mais levando em consideração a beleza da energia do povo brasileiro.

 

 

HM – O Chidnéris abriu as portas para um artista estrangeiro pela primeira vez com você, há oito anos, e você participou do festival de uma maneira bem profunda. Conta esta história, suas memórias dessa experiência.

Sim, eu tenho uma conexão muito especial com o Chidnéris. Tive a honra e o privilégio de ser o primeiro artista convidado de fora do país e foi uma experiência sensacional.

Eu me lembro desta imersão que durou vários dias numa experiência linda com a equipe do festival, ali eu me senti parte da família, parte de uma comunidade do trance. Pude conhecer pessoas que se tornaram muito especiais e juntos tivemos experiências que tiveram um impacto realmente significativo em mim como ser humano e como artista.

Amo o fato de estar de volta. Estou nervoso e empolgado de estar de volta próximo a esta comunidade.

HM – Detalhes da outra vez que você tocou?

Na outra vez lembro de tocar tracks que nem tinham sido lançadas, de ver o Thiago Pinheiro tocar no chill out e aquilo me fazer curtir demais. Lembro de trabalhar com eles, ajudar a limpar o espaço do festival antes que começasse. Enfim, são várias! 

HM – É realmente uma atmosfera diferente a de um festival underground, não comercial, como o Chidnérs, que parte de uma comunidade não é mesmo? 

Eu sinto que o Chidnéris é um tipo diferente de encontro justamente por este forte sentimento de comunidade, este senso que eles têm. Um sentimento que é criado pois quem se envolve não são apenas os produtores, mas diversas pessoas que querem fazer aquele encontro acontecer.

Eu sinto o Chidnéris como uma festas festas que tem o verdadeiro espírito do trance. Não tornaram-se comerciais mesmo depois de dez anos e com tantas novas influências dentro da cena trance, eles conseguiram que sua visão musical fosse mantida no festival que é leal as percepções do que uma festa de trance realmente é, a energia que transmite, a maneira como se relaciona com as pessoas que comparecem e compartilham desta experiência junto na comunidade Chidnéris.

HM – Essa será a última vez que você vai apresentar o projeto A.K.D. mesmo, mesmo?

Bem, esse é o plano, mas o que podemos dizer o que vai ser do future? Com o tempo as coisas acontecem e vem, e mudam e levam a vida em outras direções. O fato de apresentar o projeto A.K.D. é especial para o CHidnéris.

HM – Especial como? Conta mais desse set! Ou vai ser live? 

Eu decidi, para esta vez, chegar e tocar sem mudar nada. Antes eu sempre queria alterar a música ao vivo, tentando criar algo, quebrando as tracks em diferentes partes, deixando elas separadas, o que dava recurso para minha criatividade. Mas as vezes alterar a jornada proposta pela música original pode ser mais interessante. Agora o que estou pensando é: quais músicas devo tocar com uma hora que tenho no line up? Alguma sugestão?

 

 

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