Papel social: fazer o bem com a música

Por Igor Gontarski 

Foto de abertura: divulgação (Projeto Stop The War, Play Music)

Cada vez mais a música eletrônica está em evidência, seja nas mídias, grandes eventos e realizações de artistas nacionais mundo afora. E há iniciativas que também estão buscando a inclusão através da nossa cultura. Esses projetos são uma chance para pessoas que não teriam acesso à música eletrônica sem eles, já que muitas vezes o gênero é visto como pouco acessível ou elitista por ser relativamente caro de consumir e viver dele. As iniciativas selecionadas atendem crianças, jovens menos favorecidos e valorizam a causa feminina e LGBT, causando impacto social e humanitário com um exímio intuito: incluir e fazer o bem ao próximo.

Os exemplos dos projetos apresentados abaixo proporcionam uma reflexão sobre qual vem sendo nosso papel dentro da música. Será que estamos aproveitando essa grande ferramenta para fazer algo diferente, que impacte o próximo e abra portas para novas oportunidades? A sabedoria está em compartilhar amor e conhecimento, havendo diversas maneiras possíveis para que tal ação seja manifestada ao nosso redor. Pense nisso!

Atêlie DJ

Felipe Gomes, o “DJ Tulipa”, trabalhava em um bar onde passou a tocar após passar pelo Projeto Ateliê DJ. “Atualmente estou no Bofetada Club, onde comecei a trabalhar como barman e que, graças ao curso, me deu oportunidade de tocar profissionalmente”, conta.

Iniciado em 2011 e idealizado pelo DJ e educador social Gustavo “Goonie”, o projeto realiza workshops, oficinas e ações em clubs como o D-Edge, em São Paulo. O objetivo é a inclusão social de jovens menos favorecidos através da música eletrônica. Com maior foco nas regiões da Brasilândia, Jaçanã e Vila Nova Cachoeirinha, já impactou mais de 700 jovens em oito anos. O líder “Goonie”, formado em artes cênicas, tem como missão conscientizar seus alunos sobre a diversidade cultural e o trabalho em equipe. “Além da música ampliar o repertório dos jovens, percebo que, através das práticas do Ateliê, os aprendizes se transformam e se superam, pois desenvolvem e exercitam várias habilidades como coordenação motora, concentração, cooperação, olhar crítico, capacidade de se expressar, superação e mais”, explica.

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Arquivo: DJ Goonie 

Revérse Na Rua

Propagando ideias interessantes numa região que ainda sente falta de ações afirmativas na música eletrônica, o Revérse na Rua oferece espaço igualitário em seus line ups a homens, mulheres e pessoas trans, como uma forma de tentar reparar as falhas de inserção que ocorrem em Recife, no Pernambuco. “Cada vez melhor e maior, o nordeste é literalmente um fábrica incansável de ótimos artistas, porém, a cena underground de música eletrônica nordestina é muito carente de público, buscamos combater cada problemática através de discussões e nossos eventos”, afirma João Vitor de Sá.

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Foto: divulgação

O evento, que começou com o intuito de trazer conhecimento para possíveis produtores musicais, DJs, performers e organizadores de eventos, abordou em sua estreia a arte contemporânea, corpo como forma de expressão, gerenciamento artístico e produção de eventos. “Ter presenciado e feito parte foi uma experiência emocionante e edificadora. Pude ver o cenário da música eletrônica inserido em um espaço histórico da cidade e de forma livre, com cada um podendo ser o que é, sem distinção de cor, gênero ou classe social”, conta Martina “Marti” Farias, DJ natalense que participou da primeira edição do projeto.

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Foto: divulgação

Stop The War, Play Music

“A música me ajudou porque ela tem esse poder. Comecei a ver o mundo de uma outra maneira, a confiar em mim e valorizar mais a vida. Na música encontrei o melhor psicólogo, que trouxe a minha felicidade de volta”. Duda ganhou uma perspectiva diferente em sua história após participar do “Stop The War Play Music”, projeto realizado por “Grace Grey” em Rio Negrinho, Santa Catarina, que busca resgatar crianças carentes através da música eletrônica.

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Foto: divulgação

Com aulas teóricas e práticas sobre mixagens, tem como missão transmitir valores pessoais e de comportamento. Como conta a professora e tutora Marieli. “A missão de um jovem no futuro é ser responsável pela evolução do mundo, questionar e desafiar velhas formas, criando novos caminhos através de suas próprias formas de expressão. Os que se envolvem com a música criam disciplina com atividades semanais que preenchem o tempo e ocupam suas mentes de forma saudável, criando resultados enriquecedores para superar problemas”.


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