Tarter e sua constante busca pela originalidade: conversamos com ele!

Por Alan Medeiros

Foto de abertura: divulgação

Dinamismo e inovação. Essas são duas características fundamentais para DJs que desejam construir seus sets fugindo de caminhos mais óbvios. Se pesquisarmos mais a fundo, podemos citar alguns bons exemplos que apostam nesse mix criativo na hora de suas apresentações: Dubfire, Matador e, claro, nosso convidado de hoje: Emílio Tarter! O DJ e produtor catarinense deu o pontapé inicial como profissional no ano de 2013, mas viu sua carreira se transformar rapidamente apenas dois anos depois, quando Richie Hawtin, Sam Paganini, Joseph Capriati e outras estrelas deram suporte para alguns de seus releases, como a faixa “Hits And Misses”.

Atualmente, Tarter é um dos líderes do label Urban Soul e também um forte representante do techno nacional. Junto com Ariel Merisio, ele foi o primeiro brasileiro a adquirir o MODEL1, mixer desenvolvido pelo lendário Richie Hawtin. Somente por esses poucos aspectos percebe-se que o artista não é apenas mais um no meio de tantos, mas sim um personagem que busca manter-se em constante desenvolvimento, desbravando o gigantesco universo musical para entregar sempre algo a mais ao público. Trocamos algumas palavras sobre o atual momento de sua carreira, abordando também algumas curiosidades sobre sua rotina profissional. O resultado você confere abaixo, junto ao podcast gravado com exclusividade para House Mag. 

HM – Olá, Tarter! Muito obrigado por falar com a gente. Você acabou de assoprar as velinhas e, assim como ano passado, está realizando uma tour de aniversário, desta vez passando por clubs e festas como Warung, Under Station e agora o D-Edge durante o carnaval. Qual o sentimento de celebrar mais um ano de vida tocando em locais tão importantes como esses?

Olá amigos, tudo bem? Mais uma vez obrigado por abrir as portas para falar um pouco do meu trabalho para seu grande público! Celebrar meu aniversário é uma grande festa e sempre quero tornar a melhor experiência possível. Antes de ser DJ, eu já promovia eventos perto do dia 26 para celebrar, nunca deixei passar em branco, e recordando agora, foi assim que comecei a me inserir no mundo da música eletrônica, há uns 15 anos atrás. Depois de tanto tempo, poder levar meu trabalho e comemorar meu aniversário em diversos lugares do Brasil, nos melhores clubs, com o melhor público e rodeado de amigos, realmente não tem preço!


HM – Suas apresentações continuam sendo apenas no formato hybrid set ou você acaba optando por se apresentar de forma distinta dependendo do lugar? Tocar neste formato ajuda você a desenvolver melhor seu perfil sonoro?

Eu me sinto muito à vontade com o híbrido, pois consigo levar minha identidade de pesquisa e produção musical na minha apresentação, mesclando minhas criações e arranjos com a seleção de tracks que pesquisei nos últimos dias. O live conta com aproximadamente 1h30 de produção, além dos arranjos na hora, por ser algo mais limitado a BPM e também as próprias músicas que já criei em estúdio, acaba ficando preso ao horário dos line ups, então é algo para uma gig mais específica. Também faço o DJ set com CDJs, algumas vezes pela logística, já que são menos equipamentos que preciso levar, sendo mais viável para pequenos eventos ou lugares mais distantes. Gosto de executar os três formatos, mas me sinto muito mais a vontade com o híbrido, usando os equipamentos que sempre sonhei para entregar o meu melhor para a pista.

HM – E como é a sua preparação antes das gigs? Você costuma pensar em algo especial antes de subir no palco ou prefere deixar fluir mais naturalmente?

Eu costumo sempre analisar o lugar que vou tocar para ver qual a ideia irei iniciar, mas costumo usar sempre duas ou três músicas do início, depois deixo fluir, lendo a pista e arriscando algumas coisas. Acho que isso é o maior prazer, arriscar algo na hora e funcionar. No último Warung praticamente não preparei nada, tirando a parte do live que já estava pronta. Criei algumas coisas na hora e fui lendo a pista para entregar as músicas que achei que iam funcionar. Acho que deu certo!

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HM – Você vem utilizando em suas gigs o mixer MODEL1, da PLAYdifferently. Existe algum motivo específico de você ter migrado para este aparelho? Você acha que a versatilidade deste mixer te permite ser mais criativo?

O mixer foi pensado especialmente para quem faz apresentações híbridas e live, então para mim foi perfeito. São oito canais na mão e vários filtros que ajudam na mixagem, fora o corpo analógico e os EQs para dar ganho em determinadas frequências de cada canal. Assim consigo levar minha experiência de estúdio para as pistas entregando a minha melhor percepção em torno da música.

HM – Você possui uma carreira sólida no mercado nacional e, com certeza, enfrentou diversos desafios ao longo da caminhada para chegar onde está. Quais deles te ajudaram a evoluir de forma mais relevante no âmbito pessoal e profissional?

Consigo pontuar alguns. A falta de espaço para um som específico na nossa cena foi um deles. Quando comecei a tocar o techno estava em baixa e foram poucos lugares que davam espaço para tocar o meu som. Como não quis mudar para poder ter gigs, optei em utilizar minha energia da música para aprender a produzir. No início essa barreira fez com que eu sentisse vontade de pesquisar mais e isso acabou fazendo com que eu conseguisse lançar músicas que tiveram suportes de grandes nomes.

Outro grande problema é a falta de dinheiro e o alto custo de equipamentos no Brasil. A falta de acesso a informações também dificulta, isso me fez aprender muita coisa sozinho e despertou minha vontade em levar a informação mais simplificada aos meus alunos de consultoria e workshops.

Por último, a falta de visibilidade da mídia para pequenos artistas foi algo bem difícil na época também, mas isso fez com que eu melhorasse meu networking para conseguir levar meu trabalho mais longe.

HM – Neste mix gravado de forma exclusiva para a House Mag, qual linha você optou por seguir e por quê? Obrigado pela entrevista!

Neste mix estou usando minhas últimas pesquisas musicais dentro da linha de som que produzo e toco, mostrando um pouco do híbrido para vocês. Espero que gostem. Muito obrigado pelo espaço e até mais!

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