Quem sabe faz ao vivo. Conheça o setup de alguns live acts brasileiros!

Por Camila Giamelaro – edição Gabriela Loschi – Matéria publicada na House Mag impressa #50

Foto de abertura: Alle Manzano

Já foi o tempo em que DJs, em busca de crescimento, focavam somente na produção musical. Agora o negócio é construir seu próprio live act, o que não é uma tarefa fácil, pois a ideia é o artista levar seu estúdio para o palco e reconstruir suas músicas na frente de todos e até criar novas obras completamente do zero.

Aqui no Brasil os live acts vêm ganhando cada vez mais adeptos e os setups são os mais variados, unindo controladoras de DAW com instrumentos musicais orgânicos até sintetizadores analógicos e modulares, tudo junto e misturado.

Selecionamos cinco lives brasileiros para você conhecer e um evento.

Bleeping Sauce

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Foto: Alle Manzano

Um produtor, dois projetos. Marco AS, que já fez parte do Click Box, é integrante do Bleeping Sauce junto com a DJ Eli Iwasa. “Em 2012 eu estava na pegada de fazer coisas diferentes e a Eli fazia aulas de canto. Nos encontramos, mostrei algo que estava preparando e quando ela começou a cantar sabia que tínhamos que trabalhar juntos.”, disse Marco AS. Com um pé no gótico e outro no punk, Eli Iwasa conta que o Bleeping Sauce trouxe frescor para a carreira de ambos. “Gosto de novos desafios, de sair da zona de conforto, isto é fundamental para eu continuar motivada e inspirada. O Bleeping Sauce nasceu para explorar uma sonoridade diferente de nossos trabalhos solos e que reunisse as diversas influências que temos em comum”, explica.

Com estreia ainda indefinida mas marcada com um álbum pela D.O.C Records de Gui Boratto, o trabalho solo e homônimo de Marco AS conta com vocais do próprio produtor. “Esse trabalho é diferente porque existem coisas que gosto de fazer e nem sempre cabem no club, coisas mais experimentais.”

Apesar de parecer complicado ter dois projetos diferentes, Marco AS diz que não é difícil de conciliar, principalmente pelos setups e escala vocal dele e de Eli serem parecidos. “A única coisa que penso é nas músicas que cada um vai cantar. Tudo que componho serve para os dois, o que salva minha pele e meu tempo. Pensei em equipamentos que me deixassem confortável e que me permitissem realizar um live act com flexibilidade. Digo isso porque quero me divertir também. Gosto muito de tocar ao vivo e é importante pra mim poder mudar coisas durante a apresentação. Minhas composições são livres de fórmulas”, finaliza.

Lista de equipamentos:

– Macbook Pro com Ableton Live
– Push 2
– Roland MX 1
– Roland System 1
– Dave Smith Mopho
– Controladora Fader Fox
– Tc Electronics Voice Touch para processamento de voz

– Amanda Chang

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Foto: Gutah

Após muitos anos de estrada como DJ, Amanda Chang é uma das poucas mulheres brasileiras a apresentar nas pistas um live 100% analógico. Seguindo a linha de seus sets experimentais, Amanda buscou no próprio universo as inspirações para a criação de seu live act. “Eu acredito que esse live é a minha maior forma de expressão como artista, pois tudo é feito com minhas mãos. É como se minha consciência se expandisse e se transformasse em sons e música. É lindo, único e mágico”, afirma.

Para alcançar grooves poderosos e sonoridades extraterrestres, Amanda Chang carrega consigo uma leva de equipamentos de dar inveja. “A única coisa que vejo contra ao se fazer um live totalmente analógico é que ele não é nada prático, principalmente na hora de guardar tudo e levar para viagens. Meu objetivo é conseguir levar tudo o que preciso na minha mala de mão um dia”, finaliza.

Lista de equipamentos:

– Mixer Allen&Heath Wz4
– Modular System
– Arp Sequencer
– Doepfer Dark Time
– Moog Mother 32
– Arturia Drumbrute
– Minibrute 2S
– Microbrute
– Roland Alpha Juno 2
– DT 300
– TC Electronics Delay & Looper
– Midi Thru Box

– Binaryh

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Foto: divulgação

A dupla paulista Binaryh iniciou seu poderoso live act, batizado como “Fragments”, praticamente no início de sua jornada. “Foi um desafio, até achamos que demoramos um pouco pra lançar o live porque tínhamos muitas opções e não sabíamos o que escolher para compor nosso setup. No final, criamos algo diferente e que só funciona com ambos atuando juntos. Não dá pra fazer o live sozinho”, explica o duo.

Se você ainda não teve a chance de conferir o Binaryh de perto, #ficaadica, pois “Fragments” é praticamente mutante. “Estamos sempre adicionando coisas novas e algumas músicas só existem dentro do live, porque são moduladas ao vivo. Também gostamos de mudar os timbres que usamos para não nos acomodar no formato”, afirmam.

Lista de equipamentos:

– Macbook Pro com Ableton Live
– Ableton Push 2
– Pioneer DJ Toraiz AS1
– Pioneer DJ
– Toraiz SP 16
– Novation Launch Control
– Pioneer DJ RMX 1000

Marcelo Oriano

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Foto: Raphael Zulianello

Autêntico e vanguardista, Marcelo Oriano trouxe do seu background com bandas de rock o desejo de criar seu próprio live act. “Uma das coisas que me encantou na música eletrônica foi a possibilidade do artista ser o criador de todas as etapas na produção de uma música. O live act, por sua vez, torna possível ainda apresentar e performar essas partes. Aprendi a produzir antes mesmo de me tornar um DJ.”

Se você é fã de techno com alto BPM vai gostar do live act de Oriano. “Manifesto a parte sombria e industrial das minhas composições. São músicas com kicks pesados, leads agressivos e muita ênfase nas atmosferas. Gosto de improvisar bastante, para que nenhuma apresentação seja igual a outra.”

Lista de Equipamentos:

– Macbook Pro com Ableton Live 10
– iPad com TouchAble
– Akai Apc40 MK1
– Korg Volca Bass
– Roland Aira Tr-8
– Focusrite Scarlett 18i8
– DJ mixer de 4 canais – Xone 92 ou DJM 900

L_VE: valorizando os artistas e performances ao vivo

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Foto: divulgação

Não há muito tempo, um grupo de mentes inquietas deu o start em uma das noites mais desafiantes da capital paulista: a festa L_ve, idealizada pelos sócios L_cio, Paula Chalup, Claudia Pinheiro, Daniel Cozta, Caio Maddalena, Rodrigo Regis e Fernando Sapuppo.

Segundo L_cio, que também é curador artístico do projeto, a ideia é reconhecer artistas, produtores e suas performances autorais, independente de estilo, em um ambiente que proporcione a interação com o público. Além dos residentes IAO, Ramenzoni, Lacozta e L_cio, a L_ve já apresentou artistas como Stroka, Mari Herzer, Bmind e Luisa Puterman.

A L_ve acontece uma vez por mês, mas o grupo já tem grandes ambições para a festa. “Já fizemos seis edições e uma delas foi na rua com 1k de pessoas e agora estamos planejando o L_VE Festival para o ano que vem, com inúmeras novidades de som com a C-Pro e luz com a  Sala_28”, conta L_cio.

 

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