Exclusivo! Harmonika fala sobre seus 10 anos de carreira em entrevista para a House Mag

Por Nazen Carneiro, da coluna Tudobeats 

Foto de abertura: divulgação

Hugo Lannes Castellan: este nome pertence a um músico talentoso, que reflete o bom momento da produção de música eletrônica nacional. Harmonika é um dos projetos deste aritista que completa dez anos de carreira em plena forma, com apresentações por todo o Brasil e no exterior.

Por ocasião dos dez anos de carreira, Harmonika criou um set especial com vários dos seus sucessos e algumas músicas inéditas, com premiére apresentada pelo programa Dance Paradise, na Rede Jovem Pan FM, em rede nacional.

Convidamos o DJ e produtor para falar com a gente sobre o início da carreira, produção musical, equipamentos, parcerias e família! O resultado você confere nesta entrevista à coluna Tudobeats, publicada com exclusividade pela House Mag, enquanto curte o set comemorativo. 

HM – Dez anos de carreira significa muito empenho e amor pela música, com certeza. Nessa caminhada, quais mudanças você destacaria do Harmonika de 2008 para o de hoje em dia?

Penso que a principal diferença do Harmonika de 10 anos atrás para o de hoje é a técnica, tudo que aprendi no que diz respeito a produção e continuo a aprender. No mundo da arte, a evolução nunca deve parar, e se isso acontecer, algo está errado!

HM – Pergunta clássica, mas que não pode faltar. Como foi o início do seu envolvimento com a música? Foi ainda quando criança?                                                                                                                                                                                                                                                             

Meu pai sempre me conta uma história que aconteceu quando eu tinha mais ou menos quatro anos. Ele estava em casa assistindo a um vídeo de músicas do Tchaikovsky, “Quebra-Nozes”, “Romeu e Julieta”, entre outros, e eu, chegando da escola, entrei em casa encantado com aquele som que saía da TV. Segundo meu pai, fiquei congelado. Sentei ao lado dele e fiquei até o final em silêncio, contemplando aquela orquestra. Eu sinceramente não tenho recordação alguma desse fato, mas meu pai soube desde sempre que eu tinha uma ligação muito forte com a música. E ele estava certo! Aos nove anos, comecei a tocar violão e  aprendi a ler cifras e partituras com 12.

HM – Então você tem uma relação forte com os intrumentos musicais, certo? Que tal comentar sobre o seu processo criativo e essa relação entre instrumentos musicais tradicionais, digamos assim, e os meios digitais?

Bom, aprendi muito antes a tocar do que produzir, claro. Aprendi a tocar violão muito novo, estudei muita teoria musical. Harmonia, escala, modos gregos, arranjos para big band, percepção (ditado, solfejo). Tudo isso contribuiu bastante nos meus primeiros kicks e synths. Quando comecei a produzir música eletrônica, foquei mais no teclado que é extremamente útil na parte da criação conectada com o computador.

Quanto ao processo produtivo, gosto de separar um pouco as tarefas. Momentos de criação musical e sound design, onde eu faço um brainstorm mais “musical” (pego o instrumento e me torno uma espécie de “receptáculo” de ideias e melodias, além de sintetizar os elementos para buscar atingir sonoridades únicas), nessa parte da criação foi quando eu criei, por exemplo, a melodia de “El Toro” no violão para depois passar essa informação para os samplers no computador; momentos de trabalho manual, a parte mais técnica da produção (equalização, compressão, ambiência – reverberação, mix, master).

HM – Para comemorar os seus 10 anos de carreira você criou esse set com sucessos da sua carreira, certo? 

O set conta com muitos lançamentos recentes, além de músicas inéditas e aqueles clássicos “old-school”.

HM – Recentemente você foi convidado pela Rede Jovem Pan para lançar este set  em rede nacional no programa Dance Paradise. Suas músicas estão tocando por todo o Brasil. Você esperava esse sucesso quando deu os primeiros passos na música?

Quando eu saí de casa em 2008, um pouco depois de iniciar o projeto aos 20 anos, eu buscava meu sonho, que era ter o meu trabalho reconhecido pelas pessoas. Aos poucos consegui conquistar isso, mas não imaginava ter minha música tocando na rádio em rede nacional! É muito gratificante por fim ter esse reconhecimento, sou muito grato, pois viver da música é um grande desafio. Muitas vezes o reconhecimento não é como a gente espera, levando em consideração o tempo dedicado e a complexidade das produções.

HM – Quais músicas você considera ter maior alcance, as que são os seus clássicos?

Com certeza diria que os principais “hits” das minhas apresentações, aquelas músicas que a galera canta junto, são “Albatrox”; “Mannelig”, em parceria com Vermont; “Mamma Mia”, tributo à música “Bohemian Rhapsody” do Queen e “O Fortuna”, ambas em parceria com Claudinho Brasil; “El Toro” em parceria com TERRA; “Afrika”, em parceria com Red Sun; remix para “I Got Friends”, por Michael Froh; remix para “The Island”, por Pendulum.

HM – Além dessas tracks de sucesso, com certeza você tem as suas preferidas. Conta pra gente!

Gosto muito de várias músicas e tenho um carinho especial por cada uma delas, com certeza. Cada uma tem uma história, um contexto, uma intenção. Mas se fosse escolher uma “queridinha” seria “Albatrox”, feita em homenagem à familia Alba. O motivo é que a obra é 100% autoral, exceto vocal. O conjunto da harmonia e melodia foi uma das melhores e mais envolventes criações feitas por mim – em minha humilde e suspeita opinião (rs). Também tenho muito carinho pelos remixes que fiz para o Neelix, “Born & Raised”, “Ever Since” e “Waterfall”, pelo fato de que nunca pensei que um dia remixaria músicas de um dos maiores nomes do progressive trance, sem contar o feedback tão positivo que tive pessoalmente dele.

HM – Você tem várias colaborações realizadas com diversos artistas. Como se dá a escolha desses parceiros?

Muitos fatores estão envolvidos na escolha de parceiros para fazer colaborações, e cada um deles vai afetar mais ou menos em cada parceria. Alguns desses fatores são afinidade, amizade, mesma pegada de som, quando estou em tour fora do país e encontro um produtor para produzir ou vice-versa. Além disso, a agência também influencia e sugere parcerias que fazem sentido.

HM – Falando em colaborações, você tem uma relação muito especial com o Aura Vortex.  Por gentileza, comente essa relação com o leitor da House Mag.

O Rodolfo (Aura Vortex) com certeza é um dos produtores brasileiros com mais personalidade e aptidão técnica! Trabalhar em um projeto (Moto Perpetuo) com ele é muito gratificante e divertido, e o mais legal é estar seguindo uma linha de som bem diferente dos projetos Harmonika e Aura Vortex, mas que ambos apreciamos muito e sempre tivemos vontade de explorar. Em breve mais novidades por aqui, prometo!

 
 
 
Visualizar esta foto no Instagram.

Nova parceria chegando com força! @aura_vortex 👽💥

Uma publicação compartilhada por HARMONIKA (@harmonikalive) em28 de Set, 2017 às 2:53 PDT


HM – A família pode ter um papel muito importante na carreira de qualquer pessoa. Qual foi esse papel da família para você seguir o seu sonho?

Posso dizer com certeza que sem o apoio da minha família, nada teria sido possível. Além de me ajudar a comprar os primeiros equipamentos de produção (que eu não tinha condições de comprar sozinho) o suporte e apoio nos primeiros meses morando sozinho, quando eu só tinha uma cama e um par de móveis emprestados, foi fundamental. A luta foi e é muito grande, mas tive forças para seguir em frente, pois na dificuldade sabia que minha família acreditava em mim e no meu potencial.

HM – Essa pergunta é para os produtores que se espelham no seu trabalho. Conta pra gente: seus equipamentos, softwares favoritos e as razões destas escolhas.

Referente ao DAW, sempre tive preferência e domínio do Cubase, mas também já criei músicas no Studio One. Recentemente também comecei a trabalhar no Ableton, principalmente por causa do meu novo projeto Moto Perpetuo. Plugins de instrumento mais usados: em primeiro lugar, é claro, o Serum, por sua possibilidade infinita de criação! Também sou fã do Spire, pela sonoridade robusta. Plugins de efeitos: FabFilter (bundle de efeitos bem completo, equalizador, compressor, tudo de alta qualidade!); Vengeance (mais um pack de plugins excelente, com alguns efeitos únicos!).

HM – Você tocou recentemente na festa Aslam em Minas Gerais em um b2b com o ícone Day Din. Como foi?

Essa apresentação foi muito especial para mim, pois além de ter tocado junto com o Deniz, que é um artista que eu admiro muito, foi em um evento que eu queria tocar há um tempo, para mais de 15 mil pessoas! Difícil encontrar palavras para descrever o que senti quando estava no palco! Só tenho a agradecer.

HM – Além do set comemorativo dos seus 10 anos de carreira vem mais coisa por aí?

Com certeza! O set conta com músicas inéditas, e uma delas já está engatilhada para soltar como free download pouco tempo depois de lançar o set. A track é um remix para “In4” do Aquatica, um clássico datado de 2011.

HM – Quais os passos do Harmonika planejados para 2019 que você pode adiantar?

Minha agência e eu estamos planejando uma tour pela Europa de duas a três semanas em abril, que mal posso esperar!! Algumas parcerias de muito potencial também estão em fase de produção, com Paranormal Attack, Neelix e Daydin.

HM – Deixe uma mensagem para o público da House Mag que te acompanha.

Primeiramente gostaria de agradecer à todos que tornaram tudo isso viável, além das agências Way2Bookings e Infinite Bookings. Quero agradecer também, acima de tudo, aos meus fãs! A eles gostaria de dizer que é muito gratificante receber todos os elogios e xingamentos (rs). Graças a vocês e para vocês eu faço tudo que eu faço com muito amor e carinho! Nos vemos na pista!

 

Fique por dentro