O produtor Manni nos contou detalhes do processo criativo de seu novo release

Por: Alan Medeiros

É sempre importante darmos voz a figuras chaves para o crescimento da música eletrônica no Brasil e o paulista Manni é um desses. Ao lado de Mau Mau, Marcel SK e Franco Jr, ele compôs o M4J, projeto que conquistou respeitável notoriedade em um período onde levar sua música adiante era uma tarefa que necessitava uma estratégia bem definida e claro, muita qualidade.

Ano passado, Manni lançou Wave Machine, um álbum denso e repleto de detalhes, digno de uma carreira que ultrapassa os 30 anos de estrada. As 14 faixas saíram pela Society 3.0, e duas delas – Pure Juice e I Want You – acabam de ganhar releituras, produziadas por Modeplex e Inspector Macbet. Convidamos Manni, que mora atualmente no Hawaii, para um bate-papo e o resultado você confere abaixo:

 
 
HOUSE MAG – Olá, Manni! Obrigado por nos atender. Produzir um álbum é certamente um grande desafio para qualquer produtor. Quais motivos levaram você a encarar esse desafio? O resultado final de Wave Machine ficou próximo do que você esperava?

MANNI – Primeiramente gostaria muito de agradecer a House Mag por essa oportunidade. Venho trabalhando com o Renato Patriarca já há vários anos, uns 15 pelo menos. Nesse tempo produzi individualmente dois álbuns autorais: Automan e Camp. esse segundo com a participação de Marco Androl e duas compilações: Spinning Around The World e Get Yout Flight. Depois dessa fase, eu e o Renato decidimos formar há uns 6 anos uma nova parceria na composição de novas musicas e enviar para selos Internacionais, algo que deu muito certo, pois conseguimos contratos com alguns labels já consagrados na cena eletrônica mundial há vários anos como: Kubic, Bonzai e o Barroque. Na nossa união de forças, eu componho e produzo todas as musicas e as entrego para o Renato dar um toque final, onde ele finaliza as faixas, dando a elas o seu toque pessoal nos arranjos e depois as mixa e masteriza. Nesse tempo, já estávamos pensando seriamente no próximo passo a ser dado que seria um álbum, foi então que começamos a reunir o material para isso e esse processo durou uns 10 meses até termos a certeza de que o que tínhamos em mãos era bom o suficiente para dar esse passo a frente.



HM – Entre as 14 faixas de Wave Machine, há alguma com uma história especial por trás? Você possui sua preferida? Como foi o processo criativo de uma forma geral? 

MANNI – Pra mim, todas as faixas tem uma história especial. Umas pelos samples que foram utilizados, outras pelo momento em que foram feitas, outras para quem foram feitas, outras pelo local onde foram compostas. Mas o tema central do álbum é o Surf, por isso o nome Wave Machine, porque hoje até o Surf é algo techno, tornando-se um esporte Olímpico e podendo ser realizado In Door, por ser uma onda gerada por uma máquina, daí a analogia. Sou surfista há 40 anos e a maioria dessas tracks foram compostas no Hawaii. A faixa que tem, vamos dizer assim um propósito especial, é a Storm Surfers. que foi composta especialmente para a dupla de surfistas de ondas gigantes: Tom Carrol e Ross Clarke Jones e que será a música tema do próximo filme deles. Para compor uma musica, eu não uso nenhuma fórmula repetitiva ou padrão a ser seguido, vou de acordo com a  minha inspiração e deixo fluir naturalmente, podendo começa-las no meu lap top e depois as terminando no meu estúdio onde conto com vários synths, o que me da uma maior liberdade de opção de sons e recursos.

 

 
 
HM – Sua experiência com o M4J contribuiu para a produção do álbum? Aliás, quão importante foi sua jornada até aqui para construção desse trabalho?

MANNI – O M4J tinha uma característica bem diferente dessa minha nova fase e de todos os outros trabalhos que produzi depois, porque o M4J misturava musica brasileira com House e Techno. Dessa experiência saiu para o álbum a faixa: Pedro Baiano Is Not Dead, que tem muitos elementos da música original mas com uma nova pegada mais Tech house. Aprendi muito com o M4J e sem essa etapa da minha vida não teria a bagagem que tenho hoje. Sem ele, certamente não estaria respondendo essa entrevista agora.



HM – Falar sobre influências muitas vezes pode soar repetitivo, mas a gente adora saber isso: quais movimentos e artistas foram os seus principais influenciadores no período de criação do Wave Machine? 

MANNI – Minha bagagem musical vem dos anos 60, 70, 80, 90, e por isso as influências vão do Jazz Fusion, Disco, Funk, Rap, MPB, New Wave, Sinth Pop ou Techno Pop, Dance Music dos anos 80 e 90. Evito seguir um padrão comum pra não soar cliché ou fazer o mesmo que alguém já esteja fazend. Assim evito de ser mais um produto da mesmice descartável e de pouca identidade.



HM – Por qual razão se deu a escolha da Society3.0 pra liberação desse trabalho? Você vem cultivando um relacionamento especial com o selo?

MANNI – Mandamos as faixas para vários selos e o que mais nos pareceu ser o perfil do nosso trabalho foi o Society 3.0, do qual o Renato tem uma relação de amizade e cooperação já há algum tempo.
 

 

HM – Para finalizar, conta pra gente o que podemos esperar desse novo release?

MANNI – Para compor o Wave Machine fizemos pelo menos umas 25 ou 30 faixas. Como só usamos 14, temos mais um álbum pronto já que está sendo finalizado e provavelmente será lançado até o final do primeiro semestre de 2017. Quero fazer surpresa com relação a esse próximo trabalho para não perder a força e o impacto quando o álbum for lançado, mas estamos caprichando para que tenha o mesmo nível ou até mais qualidade em relação a esse. 

 

 

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