Por Gabriela Loschi e Luiza Serrano
Foto de abertura: divulgação
Envolvido em dezenas de projetos que não param de movimentar a criativa mente de Pedro Mendes, Pedrinho para os íntimos ou Illusionize como é mundialmente conhecido, chegou a hora do DJ e produtor brazuca abraçar mais uma oportunidade grandiosa e que contribui para a imagem da cena brasileira, reafirmando sua habilidade de criar um som característico que movimenta e inspira profundamente uma cena.
Pela terceira vez, ele vai desembarcar no consagrado Mysteryland Festival, em Amsterdam, que acontece anualmente em agosto e reúne alguns dos nomes mais relevantes da música eletrônica em todo o mundo.
Illusionize no Mysteryland – Foto Bart Heemskert
O evento faz reviver lembranças importantes na carreira do artista goiano. Sua primeira vez no festival holandês marcou também a sua estreia em uma das capitais mais charmosas da Europa. No ano passado, em sua segunda participação no festival, além de tocar no mainstage, ele pôde conhecer de perto toda a estrutura e sentir como público a magia desta grande celebração à música.
Agora, ele dá um passo a mais. O Mysteryland vai receber a label de Pedrinho, que assina um dos palcos do festival se tornando o primeiro brasileiro a receber tal convite. A Elevation vai dividir espaço como stage host com nomes como Carl Cox, Sexy by Nature, de Sunnery James e Ryan Marciano, e Cocoon, de Sven Väth.
A inclusão da sua gravadora entre os palcos do festival representa mais do que o som que Illusionize toca, mas a sonoridade e identidade de uma label que leva o trabalho produzido no Brasil para além do Atlântico.
Batemos um papo via e-mail com Illusionize, entre uma data e outra na sua agenda apertada, para sabermos melhor sobre a participação da Elevation no Mysteryland Festival. Descobrimos como foi o convite, a repercussão do seu som fora do Brasil, sua visão sobre o posicionamento brasileiro na gringa, e curiosidades. Confira a entrevista enquanto você curte a última track lançada por Pedrinho, “Flame”, pela Spinnin` Records!
HM – Em quantas dezenas de projetos você está envolvido atualmente?
São vários. Acredito que um dos mais aguardados pelos fãs é a nossa nova label, o “Solta o Grave”, que teve sua estreia ano passado em uma primeira edição histórica em São Paulo! Esse ano vamos investir mais neste projeto e já temos data para a próxima: 16 de maio em Goiânia, minha terrinha!
Também temos o lançamento da “Flame” pela Spinnin’ Records que aconteceu no dia 21 de fevereiro e vem carregada da energia muito boa da vibração dos fãs na pista, além de um carinho especial que tenho pela track e muitos outros lançamentos importantes para acontecer: alguns já com data marcada, como a “Tutu de Feijão”, que lançamos no próximo dia 20 de março e é, de longe, uma das tracks mais pedidas do meu set. Para o segundo semestre, em agosto, temos um dos lançamentos mais importantes da minha carreira.
Também estamos trabalhando em mais um projeto para trazermos algo novo pra vocês até o final do ano. Mas, sobre ele, prefiro deixar ainda no ar e enviar muita energia positiva para fazer acontecer!
HM – Este ano será o terceiro ano que você se apresenta no Mysteryland. Quais são as suas principais lembranças de lá?
Minha principal lembrança, com certeza, foi da primeira apresentação que fiz no festival, que também foi minha estreia em Amsterdam e a segunda foi a oportunidade de conhecer, de fato, o festival no ano passado. Pude viver a experiência do festival como participante por alguns dias, além de claro, ter tocado no main stage, palco principal do evento. E volto esse ano para criar, novamente, outras grandes lembranças!
HM – Como você recebeu a notícia de que levaria a sua label para o festival em 2020?
Eu fiquei muito surpreso na real, porque eu pensei que seria o main stage novamente, mas foi uma excelente notícia! A minha relação com o festival sempre foi muito positiva e próxima, então o que aconteceu foi aquele velho conhecido nosso “unir o útil ao agradável”. Eu gostaria de ter um espaço maior para apresentar o som da Elevation e o festival, por sua vez, abraçou a ideia e abriu esse espaço pra nós!
Foto: divulgação
HM – A Elevation tem três anos. Como é ter a label em um dos principais festivais do mundo ao lado de marcas como a Sexy by Nature, Cocoon e Carl Cox, que apresenta seu próprio palco?
De verdade? Pra mim, é um sonho sendo realizado antes do esperado!
HM – A Elevation carrega uma sonoridade muito própria. Você já fez várias tours fora do país levando esse som. Qual é a recepção do público gringo?
Até então tem sido muito positiva! Claro que é um som muito diferente, ainda mais na Europa, que consome muito mais EDM ou techno.
Acredito também que um mercado muito potencial para o som que eu produzo é o mercado norte-americano e conquistar esse espaço está no radar para 2020 e os próximos anos! Não gosto de classificar o meu som como um gênero, mas está claro que hoje o desande é mais que um gênero, é um estilo de vida. E levar isso pra gringa é uma honra.
HM – Por que você acha que o seu som fez tanto sucesso por lá, ao ponto de receber o convite para ser Stage Host esse ano?
Sinceramente, é difícil determinar exatamente o quê ou qual parte do meu trabalho e do som que eu produzo fez com que eu recebesse esse convite. Acredito que seja a junção de muitas coisas, entre elas, como falei em uma das perguntas acima, o carinho especial que construí com o festival desde a primeira apresentação. Debaixo de uma chuva torrencial, o público ficou lá: vibrou e me recebeu de uma maneira incrível!
Foto: divulgação
HM – Muitos brasileiros quando tocam na gringa mostram um som um pouco diferente, ou se aprofundam nas sonoridades. Você se sente mais livre para explorar quando toca lá fora?
Na real, eu me sinto livre para explorar aqui no Brasil também. Hoje o público do mundo inteiro está mais aberto a receber um som diferente de um DJ que ele já gosta e conhece e isso nos dá muitas possibilidades! A exemplo disso, podemos falar sobre a apresentação que fiz como Pedro Mendes no chill out do Universo Paralello e não como Illusionize, pois a proposta era mostrar uma vertente diferente do meu som, um Downtempo. E foi lindo.
HM – Como será o line up da Elevation no Mysteryland? Já está fechado? Você pode contar pra gente alguma coisa?
Este ano, como o primeiro ano que entramos com a gravadora, infelizmente não tivemos budget suficiente para contratar outros artistas. Mas isso não muda o tamanho da conquista e me faz ter muita vontade de fazer um excelente trabalho para voltar ano que vem com muito mais!.
HM – A oportunidade de levar a Elevation para o Mysteryland é muito importante para você e para a label. O que você espera dessa apresentação?
Espero o melhor de ambas as partes. Como eu disse, vou com tudo para representar muito além do som que eu já toco, mas o som de uma label. Estou realmente feliz e empolgado com essa oportunidade!
HM – Sabemos que o Brasil criou uma cena autossustentável, com nomes brasileiros muitas vezes mais fortes do que os próprios gringos em território nacional, você entre eles! Nosso som está pronto para conquistar de vez o mundo?
Eu acho que o mundo ainda não está completamente preparado para o Brasil (risos), pois “o mundo” ainda é fechado em um molde de som que ainda não está tão aberto para o som brasileiro, como acredito que possa estar daqui a alguns anos. Alguns lugares com certeza já estão mais abertos, como o mercado americano, que aceita bem o som que produzimos aqui, além dos próprios artistas americanos que já fazem um som que os brasileiros estão habituados a fazer.
HM – Deixe algumas dicas caprichadas para novos produtores e artistas que se espelham em você e sonham um dia se apresentar em festivais internacionais como o Mysteryland.
O mundo é complicado e devemos sempre nos lembrar de que tudo é passageiro e é exatamente por isso que você deve manter a sua essência e não deixar nada subir à cabeça. Essa é a chave para você conseguir ir longe na vida: manter a essência e a humildade, pois há sempre algo a aprender e a desenvolver.