Por assessoria
Foto de abertura: divulgação
Um número bastante expressivo de lançamentos no último ano e suportes de algumas estrelas do techno mundial como Slam, Marcel Fengler, Nastia, Amelie Lens e Fatima Hajji, fizeram de 2020 o ano mais especial da carreira de KaioBarssalos até aqui, com destaque para o EP “Violet Conturbation”, pela Say What?, e para os singles “Synergy” e “Contort”, pelas gigantes Planet Rhythm e Suara respectivamente.
Foi durante a pandemia, imerso nos trabalhos de estúdio, que ele realmente se encontrou musicalmente e conseguiu dar vazão a todo o seu potencial criativo, que está sendo cada vez mais reconhecido no mercado. Mas, tudo isso não aconteceu de uma hora pra outra, KaioBarssalos já tem pelo menos 10 anos de estrada como DJ e outros oito como produtor, uma história que começou em ITU e cresceu em contato com a diversidade cultural de São Paulo.
Recentemente, ganhou espaço na label NECHTO, comandada por ninguém menos que Nastia, que deu suporte à sua faixa e a lançou no 5º volume do VA Scary Beautiful. Um pouco mais da sua trajetória até chegar neste importante momento da carreira você confere logo abaixo!
HM – Para falar do início da sua relação com a música eletrônica devemos voltar aos seus 10 anos, certo? Foi em ITU que você descobriu esse universo e começou a pegar gosto pela coisa.
Exatamente, eu tinha acabado de me mudar da capital pro interior e foi lá onde eu conheci as raves, descobri que existia o Maeda, uma das sedes dos principais festivais como a XXX, Tribe e Playground. Na época o trance estava em alta, foi o primeiro gênero que conheci e então me senti completamente apaixonado por todo o universo da música eletrônica, eu ficava assistindo aqueles DVDs com o aftermovie das festas e imaginando: um dia eu preciso conhecer esse lugar e toda essa energia!
HM – E aí seu gosto se transformou principalmente após vivenciar as noites que aconteciam na ANZU, não foi? Tem alguma memória inesquecível do lugar?
A Anzu foi o primeiro club que eu tive contato real com a música eletrônica e que me fez entender de fato como tudo acontecia, pois, até então, eu apenas conhecia o que tinha visto na internet. Lá tive a oportunidade de vivenciar grandes noites, principalmente na pistinha externa, que foi o lugar que me fez entender qual o estilo de som e público que eu realmente queria consumir, além de pessoas que conheci e que até hoje fazem parte da minha vida de uma maneira muito especial.
Mas, acho que o que realmente me marcou foi a noite em que eu tive a oportunidade de abrir a pistinha externa do club, acho que pelo fato de eu ter crescido ali, era um sonho um dia poder tocar naquela pista.
HM – Depois em São Paulo você conheceu o D-Edge, as festas independentes e sentiu que a atmosfera era diferente. Quais artistas ou experiências mais te marcaram nessa época?
Quando eu voltei a morar em São Paulo eu já estava consumindo outro estilo de som completamente diferente do que eu cresci ouvindo. Eu tinha apenas ouvido falar no D-Edge através de alguns amigos, mas, quando fui pela primeira vez e tive a oportunidade de conhecer o club, minha mente se abriu completamente.
Eu descobri universos distintos do que eu já conhecia, presenciando noites incríveis com artistas que são referências pra mim. Com tudo isso acontecendo, fui pela primeira vez a uma festa de rua em São Paulo, onde o L_cio apresentou seu live com a Laura Diaz e o Tessuto fechou a noite.
Eu fiquei encantado com toda aquela energia. Ver as pessoas consumindo um estilo de som que tinha tudo a ver comigo, em uma festa de graça, no centro de São Paulo, respeitando completamente o espaço público e interessadas apenas na música, foi surreal! Foi como se eu tivesse encontrado o universo no qual eu realmente gostaria de fazer parte.
HM – Profissionalmente falando, quando as primeiras conquistas começaram a acontecer na sua carreira?
Ter a honra de tocar em alguns dos principais clubs do país sempre foram sonhos que me motivaram a seguir em frente e são momentos extremamente marcantes na minha carreira, mas, acho que além disso, ver minha música ir tão longe, ser tocada por artistas que me servem como inspiração e ainda conseguir lançar em gravadoras que sempre foram referência para mim, é algo que se merece um certo reconhecimento.
Nos últimos três anos muitas coisas tem acontecido pra mim, é claro que de uma forma extremamente natural, mas eu acredito que ainda há muito pra acontecer e eu nunca estive tão confiante!
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HM – Sabemos que teve uma gig muito especial nessa história, quando você abriu para a Moving do D-Edge para o duo SHDW & Obscure Shape. Como aconteceu essa oportunidade?
Que lembrança… a história começa depois de eu ter tocado no showcase da Techno ON, que aconteceu na pista 2. Poucos meses depois eu recebi o convite da Anna Biazin pra abrir essa noite incrível. Era uma quinta-feira véspera de feriado, que sem surpresas foi sold out. Nesse dia eu tive a honra de tocar pela primeira vez na pista 1 e ainda entregar nas mãos do SHDW & Obscure Shape, que sempre foram referência para mim, era uma responsabilidade e tanto.
Sem dúvidas foi uma das noites mais marcantes de toda a minha vida, tive a felicidade de encontrar grandes amigos na pista e compartilhar de uma energia surreal. Foi bastante especial e com certeza é uma noite que vai ficar pra sempre na memória.
HM – E desde essa época você passou a cultivar uma identidade sonora mais obscura e introspectiva, certo? Teve algum momento-chave que você considere ter sido fundamental para essa transição sonora?
Eu tinha acabado de me mudar pra São Paulo e ainda era bem leigo em relação ao techno, não conhecia muito, mas, lembro bem quando tudo aconteceu. Um amigo me mostrou um Boiler Room de 2014 que aconteceu em Berlin e sediou o showcase da Dystopian com Rodhad e VRIL, era uma festa em um lugar totalmente escuro onde alguns vestiam uma máscara branca e uma camiseta escrito: ‘Dystopian is watching you’, eu fiquei completamente em choque com aquele estilo de som, os visuais e a maneira como o público dançava, sem olhar pros lados, completamente sério e concentrados apenas na energia daquele momento. Foi a partir daí que eu comecei a conhecer e me apaixonar cada vez mais por esse tipo de identidade sonora.
HM – Em 2020 você teve suas maiores conquistas, ótimos lançamentos e grandes suportes de medalhões do techno. O que representa esse momento para você?
Eu acho que nunca tive um sinal tão grande de que estou no caminho certo. Ver artistas que eu acompanhei a vida inteira tocando minhas músicas é extremamente gratificante e não há nada que pague esse reconhecimento, mas eu acho que acima de tudo, esse momento tão especial vem me fazendo acreditar mais em mim, o que por muito tempo passou a ser um desafio.
Estou muito mais confiante em tudo que faço, e por isso consigo enxergar um mar de oportunidades onde apenas eu sou o responsável por fazer tudo acontecer. Esse momento representa evolução e amadurecimento.
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HM – Para finalizar, quais outras novidades você já pode adiantar pra gente que devem chegar ao longo do ano?
Eu tô bastante animado e confiante pra esse ano, muitas coisas legais estão próximas de acontecer. Saiu recentemente minha faixa pela NECTHO, label da Nastia, e pela frente vem meu primeiro EP lançado na Tantsa Records, label de umas das minhas festas favoritas de São Paulo. Além disso, um remix para o artista Cardao e meu retorno pela Planet Rhythm que será dividido em dois lançamentos: um EP de quatro faixas e a participação em um V.A. Mal posso esperar pra divulgar mais detalhes, obrigado pelo espaço!