Por redação
Foto de abertura: divulgação
Na última sexta-feira, 8, o Spotify viu o valor das suas ações atingir um recorde histórico, subindo 7% na Bolsa de Valores de Nova York. O preço da ação – e valor de mercado – ficou três vezes maior do que o valor da plataforma de streaming em março de 2020.
As ações fecharam a $353,48, valor acima da avaliação de analistas especializados, que haviam calculado uma média de $299,46, de acordo com a empresa de dados de mercado Refinitiv. Ou seja, na alta de sexta, o valor do Spotify subiu para cerca de $66,1 bilhões.
O motivo do aumento não tem um fator definido, mas, alguns analistas especulam que ele pode estar relacionado ao Bank of America ter aumentado o preço alvo das ações do Spotify de $357 por ação, para $428 na mesma semana da escalada. Além disso, a expansão da plataforma para o universo dos podcasts poderia ter atraído mais investidores.
Porém, uma questão causa desconforto nesse sucesso do Spotify, já que a empresa fechará, mais uma vez, 12 meses com prejuízos. Nos primeiros três trimestres do ano passado, a plataforma registrou receitas de $6,36 bilhões, ao mesmo tempo que marcou um prejuízo operacional de $249 milhões em nove meses.
A própria empresa projetou um déficit anual para 2020, passando de um quarto de bilhão de euros. Mas, como explicar essa relação de super valorização de $67 bilhões, enquanto acumula negativamente bilhões que ultrapassam o seu valor de mercado?
O portal Music Business World publicou trechos do artigo de Chris Castle, advogado especializado na indústria musical. “Vamos ser claros, empresas como o Spotify não entram em um negócio para obter lucro. Eles entram para colocar seus focinhos no vale das ações do IPO (Oferta Pública Inicial) o mais rápido possível e compartilhar essa riqueza com o mínimo de pessoas possível”, afirma.
Castle acredita que o sistema de pagamento atual do Spotify, o pro rata, é um desvio do valor real e crescente da empresa, já que ele coloca todo dinheiro gerado a partir de streams em único caixa e divide com base no número de plays que cada artista recebe, diminuindo ainda mais a parcela de artistas menos expressivos.
Ainda de acordo com o advogado, uma maneira dos artistas se beneficiarem desse aumento das ações seria a distribuição de valores entre a comunidade de artistas independentes ou compositores. “Eu não me oponho às decisões da empresa, mas, sim, ao fracasso total do Spotify em compartilhar seu sucesso com artistas independentes que representam uma parte significativa da sua oferta, mas que estão condenados a sucatear na casa decimal em busca de dinheiro”, aponta.
Uma solução levantada opor Castle seria estabelecer uma métrica média de plays com um minite mínimo de reproduções. Seria essa uma boa forma do Spotify dizer obrigado aos seus quase três milhões de artistas presentes na plataforma?