Por redação
Foto de abertura: divulgação
Carioca da gema, Pedro Lucena é o nome por trás do projeto Lucce. DJ e produtor há mais de 13 anos, o mesmo já se apresentou ao lado de inúmeros artistas de renome na cena eletrônica mundial, incluindo Galantis, Kaskade, Don Diablo, Sam Feldt, Robin Schulz, Claptone, Nora En Pure, para citar alguns. Se apresentou na Croácia, mas, principalmente, nos Estados Unidos, em diversas cidades, entre elas, Nova York, Las Vegas, Miami e no Backwoods Music Festival, em Oklahoma, que além de Lucce, teve como atração Odesza, Porter Robinson e Infected Mushroom.
Foto: divulgação
Falando de músicas, sua track “Alive” mostra a essência musical do projeto. Lançada de forma independente, atingiu números de sucesso e foi apresentada como trilha sonora principal do filme “DOZE”, que conta a história de vida do jogador da seleção brasileira de futebol e do Real Madrid, Marcelo.
Conversamos com ele sobre a carreira, seus lançamentos e muito mais. Se liga!
HM – Como a música eletrônica entrou na sua vida?
Sempre curti mais o estilo eletrônico musical. Quando pequeno, tinha uma banda na escola, tocava bateria e curtia gêneros como o rock e o pop. Mas o que me chamava mais atenção eram bandas como Linkin Park, exatamente porque utilizavam também pads e alguns synths como instrumentos. “Numb” e “Faint” são uns dos exemplos que eu mais curtia. Isso pra mim era o diferencial na música. Quando fui crescendo passei a ouvir basicamente apenas hits remixados eletronicamente. Daí veio a ascensão do EDM e eu entrei literalmente de cabeça nesse mundo. Baixava programas de produção, obtive meus primeiros equipamentos de mixagem. Aos 15 anos eu já praticamente respirava esse mundo e comecei a tocar em festas de amigos.
HM – Qual foi o dia em que você decidiu que iria ser DJ e produtor?
Como eu disse, a música esteve presente na minha vida desde muito cedo, mas a minha decisão em seguir essa carreira veio quando toquei na minha primeira festa como atração. Não digo as festas de aniversário de adolescente em que eu levava equipamentos e som. Digo a primeira festa como atração artística. Ali eu senti algo que me arrepiou ao poder apresentar meu material e minha música para o público. Não lembro exatamente o dia, mas foi no ano de 2013.
HM – Sabemos que você tem uma trajetória bem intensa com a noite carioca. Quais eventos foram os mais importantes e por quê?
Todos foram muito importantes, não consigo falar só sobre um evento. Mas posso dizer que os que mais me marcaram foram festas como Camarote Allegria no Carnaval; as festas da Scheeeins, e festas como Esbórnia, Arca de Noé, a própria Lucce Party que hoje já virou algo tradicional na cidade; o festival Garota Vip, em que me apresentei para mais de 50 mil pessoas; Festival Lovelands, em que tive meu próprio palco eletrônico; a residência que tive no Londra, club do Hotel Fasano, me fez crescer bastante também. Todos foram momentos de muita alegria e aprendizado.
HM – Conte sobre alguns lançamentos marcantes do passado.
Primeiro a “Fantasy”, uma track que tem uma temática muito interessante e que produzi em um momento de muita inspiração. Foram “apenas” dois dias. Digo isso porque foram quase 40 horas direto de estúdio, mas a inspiração foi tão grande que terminei rápido. Mandei para algumas labels, mas a europeia Sirup quis lançar e entrou em contato, eu não pensei duas vezes em fazer esse lançamento com eles, pois admiro muito o trabalho e sou fã dos artistas de lá como EDX, Nora en Pure, entre outros. Um lançamento que foi tocado na famosa SiriusXM.
Tive também lançamento na Sony, com a track “É Hoje”, que tive o prazer de fazer com o Rodrigo Lampreia. É um remake eletrônico de um samba enredo. Esse foi desafiador produzir, pois trazer um samba de origem para um house atual, não é mole. Estrutura musical muito diferente. A Sony comprou a ideia e lançou esse nosso projeto que tinha ideal de ser carnavalesco e acabou sendo usado como tema do Camarote Allegria, já que a letra fala exatamente sobre isso: “é hoje o dia da alegria”. Não posso deixar de falar de lançamentos independentes como a “Alive” que foi meu grande destaque em números, atingiu 2 milhões de streams nas plataformas digitais e foi tema do filme do Marcelo, jogador de futebol do Real Madrid e da seleção brasileira.
HM – Qual foi a influência de outros DJs na criação do seu projeto. Quais são eles e por quê?
Tive como referência o estilo sueco da música eletrônica. Axwell, Avicii, Alesso, assim como Eric Prydz são alguns dos nomes que sempre admirei e sigo até hoje ouvindo. A forma como produziam não só as músicas, mas como montavam os sets, faziam o show de luzes e audiovisual. Sempre olhei muito pra eles e os tive como, além de ídolos, referências.
HM – Você está para soltar um vídeo no YouTube contando sobre a sua carreira. Como surgiu a ideia e o que será abordado?
A ideia é contar um pouco sobre a realidade de como é ser DJ e produtor musical. Mostrar que são coisas diferentes, mas que andam juntas. Além de mostrarmos os bastidores e a rotina, vamos falar também como está sendo esse momento de pandemia e como estamos lidando com isso. Já tínhamos essa ideia, especialmente para mostrar também como produzo tracks, sets, shows, mas nunca colocamos em prática. Devido a tudo isso que estamos vivendo, achamos que agora é o momento de fazer algo diferente.
HM – Você tem a sua própria label party, “Lucce Party”. Como surgiu?
Eu sempre fiz festas para amigos em casa. As mais marcantes foram as de aniversário quando eu tinha iniciado o projeto Lucce. No ano de 2016, começou como uma festa para amigos, em 2017 acabou tornando-se uma para quase mil pessoas. Então, a Lucce Party surgiu oficialmente em 2018, da vontade que tivemos em evoluir este evento para amigos, para algo com a possibilidade de criar meu próprio show, ambiente e ainda construir um line up de pessoas que admiro. Inclusive este ano, durante o Carnaval, tivemos como atração o holandês Sam Feldt.
HM – Como você está enfrentando os desafios do momento atual? Como é sua rotina com a ameaça do Covid-19?
Claro que de início todos os produtores que trabalham de casa podem pensar: “pra mim não mudou nada, meu trabalho é de casa mesmo” e eu acabo ficando muito tempo no estúdio produzindo e pensando em coisas novas e diferentes, mas chegou um momento em que eu comecei a me preocupar com o aumento de casos, com o cenário ruim. Isso afeta de alguma forma o desempenho de quem precisa criar arte. Mas me mantenho focado e esperançoso, porque procuro ver tudo como uma oportunidade, dado que não conseguia ficar tanto tempo no estúdio por causa de shows, viagens e tudo mais. Hoje, vejo que os artistas em geral possuem o poder de entreter as pessoas de casa, com lives e criação de conteúdo, e nesse momento, vejo isso quase como um trabalho social.
HM – Quais são os planos futuros?
Tenho muitos planos e objetivos a atingir ainda. Quero consolidar o meu estilo musical aqui no mercado nacional. Mostrar para o maior número de pessoas possível um estilo mais melódico da música eletrônica, sem perder o groove e bass que tanto amamos. Tenho muitos lançamentos pela frente e muitos ainda a criar, as ideias estão surgindo. Quero também levar a Lucce Party para outros estados do Brasil e fazer edições cada vez maiores.