Por Marllon Gauche
Foto de abertura: G-A-Mocchetti
É difícil você explicar qualquer tipo de sucesso que esteja relacionado a arte. O que faz de algumas pinturas tão famosas? Esculturas tão expressivas? Por que uma música faz tanto sucesso enquanto outras ficam estagnadas? O que os artistas de música eletrônica underground que estão no topo possuem que outros não têm?
São perguntas sem respostas exatas, mas do meu ponto de vista, enxergo uma característica em comum que possivelmente pode ser um caminho para a explicação: a emoção. Por mais misteriosa ou oculta que esteja, quando um artista consegue inserir verdadeiramente sua emoção naquilo que faz de forma 100% orgânica e o público é capaz de perceber, é neste momento que a mágica acontece.
O Mathame, assim como grande parte dos projetos de música eletrônica que existem na cena, encontrou no universo sonoro um espaço de expressão e é através desta liberdade que eles deixam seus sentimentos aflorarem, refletindo em suas criações.
Não podemos negar que quando eles lançaram seu primeiro trabalho pela Afterlife, “Timeshift”, as coisas começaram a mudar em sua carreira, e então quando emplacaram o super EP “Nothing Around Us”, conseguiram de fato mostrar sua identidade ao público e direcionaram todos os holofotes para seu trabalho.
O peso da assinatura da Afterlife é inegável, mas por que o Mathame cresceu exponencialmente enquanto outros que também lançaram por lá não alcançaram o mesmo louvor? Voltamos a bater na tecla anterior: emoção. E sabe como eles conseguem transmitir essa emoção para as suas músicas? Principalmente através dos vocais.
Quando letras ganham voz e essa voz é combinada com as melodias profundas e etéreas do techno mmelódico, forma-se uma arma letal para o dancefloor. “Nothing Around Us” possui exatamente essa fusão. “Skywalking”, apesar de não possuir de fato uma letra, traz sussurros no pé do seu ouvido que te puxam para cima e te fazer caminhar pelo céu.
“Mystery”, faixa de Adriatique que eles remixaram junto de Tale Of Us, e “For Every Forever”, seguem a mesma linha sonora e fazem nossas espinhas arrepiarem de cima a baixo. O que mais impressiona é que, apesar da equação ser a mesma, os resultados são sempre diferentes. Em cada composição do Mathame é possível sentir a perspicácia, a originalidade e a identidade através das notas e das harmonias, é difícil você compará-los a qualquer outro projeto de techno melódico.
Isso fica ainda mais evidente em um de seus lançamentos mais recentes, “Never Give Up”. A faixa não poderia ter chego em um momento mais oportuno, emitindo a mensagem de fé e esperança que todos nós precisamos ouvir em tempos tão complicados como o que vivemos hoje. Ela é emotiva, apaixonante, enérgica, brilhante.
Amedeo e Matteo Giovanelli seguem provando que a música é capaz de ultrapassar qualquer barreira e, acima de tudo, de unir as pessoas por mais distantes que elas estejam.