Warehouse Connection: especial Frankie Knuckles

Por Décio Freitas e Dudu Palandre aka Anhanguera

Foto de abertura: divulgação

Uma lenda da house music nos deixou há pouco mais de seis anos. Frankie Knuckles morreu no dia 31 de março de 2014, mas, seu legado continuará para sempre. Poucas figuras da música contemporânea influenciaram seus respectivos campos da mesma maneira que ele revolucionou a dance music.

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Frankie Knuckles – Foto: Getty Image

O americano iniciou a carreira em Nova York, mas a fama chegou no fim dos anos 70 quando ele se mudou para Chicago, influenciando toda uma geração ao lado de outros medalhões da cidade como Mr. Fingers, Larry Heard e Marshall Jefferson. Em Illinois, um dos estados americanos, nascia em 1977 o The Warehouse, club que foi o berço do Chicago House tendo Robert Williams como dono e o próprio Knuckles como diretor musical — foi por este local que a coluna foi batizada, claro. 

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Frankie e Robert – Foto: divulgação

Desde sua estreia, Frankie Knuckles liderou as noites e encantou os clubbers com seu estilo, já que house ainda era um gênero ainda embrionário que bebia referências da disco music e do rhythm`n`blues.

Em 1994, em uma entrevista por telefone para a Folha de São Paulo Ilustrada, perguntaram a ele se já havia tocado numa noite ruim, e a resposta foi enfática. “Quando a noite não é legal, a culpa é minha e nunca do público. Então trabalho em dobro para melhorar”.

 

“Mas quando chego, tenho o meu roteiro. Não gosto que me peçam músicas. Não sou uma jukebox. Quem quiser ouvir algo em particular, que ouça em casa. As pessoas que me seguem gostam do meu estilo assim como ele é”.

 

Muitos não sabem, mas uma curiosidade é que nos anos 2000 ele teve um de seus pés amputados devido a um acidente de carro. De forma alguma isso o abalou, tanto que ele continuou tocando até dois dias antes de sua morte, aos 59, que aconteceu por complicações da diabetes.

Nesta matéria especial em memória do DJ, nós queremos contar um pouco da nossa relação com o seu trabalho. 

Provavelmente nosso primeiro contato com Frankie foi através dos remixes que ele chegou a produzir para grandes astros da música nos anos 90, no auge do garage, estilo que misturou a poesia do soul com o groove da house Mmusic, embalando o começo de noite de clubs mundo afora. 

No começo de nossas carreiras, dois DJs que colaboravam muito entre si e tinham um estilo parecido — ainda que com identidades bem marcadas — eram Frankie Knuckles e David Morales. Qualquer remix que saísse dos dois era obrigatório constar nos nossos cases da época. Duas faixas que nos marcaram muito foram os remixes para Michael Jackson e Toni Braxton.

Depois disso foi quando conhecemos uma sequência de clássicos que representam o suprassumo do garage e da house music em sua versão mais elegante, com batidas cheias de groove e melodias envolventes, características marcantes da produção de Knuckles. Uma de nossas favoritas é um remix que poderia ser chamada de obra-prima dos anos 90, o fino do fino da época.

Outra que é impossível ficar de fora da lista é “The Whistle Song”, na nossa opinião, uma das canções mais lindas já produzidas por Frankie, em parceria com Erik Kupper. Quando a ouvimos pela primeira vez — música que virou hino das pistas mais deep — foi através da coletânea de clássicos do Danny Tenaglia, Choice – A Collection of Classics. Essa coleção lançada em CD e vinil pela Azuli Records por volta de 2003 é necessária para qualquer aficionado por disco e house music, a edição Knuckles é uma das melhores.

Outro clássico que também tivemos o primeiro contato através da série da Azuli — dessa vez a edição de François K — foi “Baby Wants To Ride”. Faixa infalível em qualquer after hours.

Voltando aos remixes, já nos anos 2000, uma faixa que marcou os sets do Anhanguera na época do seu lançamento, principalmente em clubs da capital paulista, foi esse belo remix para a dupla Hercules e Love Affair.

Por último, vale destacar nessa matéria duas faixas que demoramos um pouco mais para conhecer e começar a tocar, mas que também são produções icônicas pra ouvir no repeat sem cansar, começando com “Tears”, faixa que apresenta Satoshi Tomiie e Robert Owens nos vocais.

E talvez, a faixa mais antiga dessa lista com Frankie produzindo pelo projeto The Nightwriters, “Let the Music (Use You)”.  Verdadeiro clássico da primeira onda do Chicago House. Hino dos clubs underground e raves nos anos 80 em todo o mundo. 

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