Por Marllon Eduardo Gauche e Paulo Boghosian
Foto de abertura: divulgação
Eu não sou uma pessoa de idade avançada, nasci em 1994, hoje estou com 25 anos, mas me lembro muito bem como nos meus 13, 14 anos eu me fechava no quarto e escutava no CD player meus discos favoritos na íntegra, sem pular uma música: você também? Naquela época eu e meus amigos ficávamos ansiosos pelo lançamento de um álbum — que antecipadamente eram anunciados nas rádios, revistas e jornais — o que aumentava nossa expectativa de forma significativa.
Hoje a indústria está tomada por singles e lançamentos num ritmo frenético, são poucos os produtores que se resguardam e ainda acreditam na magia que um bom LP pode carregar e na história que ele consegue contar. Portanto, muitos dos álbuns que foram lançados no passado ficaram marcados na história, não só os de música eletrônica, mas de muitos outros gêneros musicais. Eu tenho meus queridinhos que escuto até hoje, você também deve ter os seus e, claro, os artistas também.
Pensando em “reviver” esse momento em que parávamos tudo o que fazíamos para contemplar a obra de uma banda ou projeto por completo, nós convidamos o super DJ e produtor Boghosian para compartilhar com a gente algumas de suas preferências.
Paulo Boghosian discoteca desde os 15 anos. Em 1999, teve sua primeira gig profissional e, desde então, vem colhendo muitas conquistas. Faturou o prêmio de “Melhor DJ do Brasil” pela revista Cool Magazine em 2006, 2007 e 2009, foi residente do D-Edge por mais de seis anos e assume a mesma posição no Warung e na festa Colours; em paralelo à sua carreira artística, ainda possui uma empresa de sonorização de ambientes, RGFM, ou seja, é um exímio conhecedor e apreciador musical.
Você ainda tem alguma dúvida que as indicações são incríveis? Então chega de papo.
Air – Moon Safari
Por mais piegas que soe, o adjetivo que dou para este álbum é: lindo! Feito com muita autenticidade e cuidado aos detalhes, ele é diferente de tudo o que eu já ouvi. É um álbum de chill out com traços synth-pop, ou seja, é bem relax e tem algumas pitadas leves de pop, mas, o ponto aqui são as melodias brilhantes (nos dois sentidos) e os vocais cheios de efeitos de vocoder. Eu não conseguiria descrever melhor que o jornalista da Pitchfork: “soa como se você estivesse transando no meio de um campo de girassóis”. Destaque para “Sexy Boy”, “Kelly Watch the Stars” e “You Make it Easy”.
Burial – Untrue
Esse álbum é atemporal e fez menos sucesso do que deveria, principalmente, fora da Inglaterra. São músicas que te transportam para outro mundo, com harmonias perfeitas e samples de vocais emocionantes, mesmo dentro de um contexto dark e experimental. Marcou o início do dubstep, mas não tem nada a ver com o dubstep dos tempos atuais — eu classificaria como ambient. Meus destaques são “Archangel”, “Ghost Hardware” e “In McDonalds”.
Massive Attack – Mezzanine
Se você ainda não ouviu o Massive Attack, comece por este álbum. Uma banda incrível da década de 90 que fez música muito além do seu tempo, que soa fresco até hoje. Eles foram um dos precursores de um estilo chamado de trip hop que mescla eletrônica com hip-hop e dub. Minhas favoritas: “Teardrop”, “Angel” e “Inertia Creeps”.
Nine Inch Nails – Pretty Hate Machine
Um clássico, disco icônico do NIN. É classificado como rock industrial e foi gravado em 1989, mas, se você escutar o remaster hoje, vai entender o quanto Trent Reznor é um gênio da produção. O álbum já usava muito timbre eletrônico e tinha arranjos melódicos que influenciaram vários estilos musicais. Além disso tem uma energia muito autêntica, é forte, por vezes raivoso e ao mesmo tempo inteligente e fluído. Destaque pra “Head Like a Hole”, “Sanctified” e “Terrible Lie”.
Radiohead – In Rainbows
Finalizo com a minha banda favorita, em um dos álbuns mais recentes — não tão recente, tem 12 anos já — e também um dos menos óbvios. “In Rainbows” foi lançado pela própria banda de forma online em um formato “pay what you want”. Thom Yorke descreve o disco como mais pessoal e sedutor. As 10 faixas mostram a banda em uma roupagem moderna e eletrônica, com baterias interessantes e uma variedade enorme de timbres vindos de instrumentos analógicos e sintetizadores. Curto muito “Weird Fishin”, “Reckoner” e “All I Need”, mas, para mim, não existe uma faixa ruim no álbum.