Por Marllon Guache
Foto de abertura: divulgação
Se a música tem o poder de tocar nossas emoções e mexer com nossos sentimentos, é porque do outro lado tem gente que coloca toda sua paixão nessa bela forma de arte. Seja em cima dos decks ou dentro do estúdio, o duo Drunky Daniels é um exemplo perfeito do que acabamos de falar, afinal, se o projeto é hoje um grande sucesso do tech house nacional, deve-se muito a energia e ao amor que Grazi Largura e Vinícius Ferreira entregam ao público.
Como produtores, eles lançaram recentemente o EP “Rebolado” pelas Seres Produções, que alcançou excelentes números no Beatport, chegando ao top #5 no chart de releases de afro house, além de ter recebido suporte de artistas como Sabb, Ramon Tapia, FNX Omar, Oscar P, Be Svendsen, entre outros.
Dentro de alguns meses, outro importante trabalho da dupla com a mesma gravadora promete fazer muito barulho: seu primeiro álbum, intitulado “Zabumba”. Com faixas originais e algumas collabs, ele terá uma sonoridade bem orgânica, com instrumentos afro brasileiros e synths profundos, características que conversam diretamente com a identidade do duo.
Além dessas novidades, a dupla também é uma das atrações confirmadas para a celebração de dois anos do núcleo Infusion, que acontece na Estação Olympia, dia 13 de abril. Aproveitamos a oportunidade e batemos um papo exclusivo com o casal para saber mais sobre sua carreira e expectativa em torno dessa gig. Acompanhe.
HM – Olá, pessoal! Tudo bem? O projeto já existe há mais de sete anos e a carreira de ambos também vêm de longa data. Contem pra gente qual foi o principal motivo para o início do Drunky Daniels?
Olá, obrigado pelo convite! O projeto surgiu depois de fazermos algumas colaborações à distância, e quando a Grazi voltou para o Brasil, decidimos montar o projeto, fazermos nossas faixas e tocar de um modo diferente do formato b2b tradicional. O primeiro EP, lançado em 2013, já nos alavancou muito e aí não paramos mais.
HM – Você [Ella] morou em Dublin e Londres por cerca de dois anos antes de montar o projeto. De certa forma essa estadia lá fora absorvendo novos sons influenciou na sonoridade atual do Drunky Daniels?
Sim, de certa forma influenciou um pouco. Nossas músicas levam muito de mim e do Vini, sem ser uma coisa forçada, nós juntamos a essência de cada um e essa fusão dá certo. O fato de todo ano viajarmos com as tours faz com que a gente saia da “bolha” e consiga ir além em nossas produções, sempre buscando algo novo e não se prendendo a rótulos. Gostamos de estar em movimento.
HM – Como vocês enxergam o cenário do tech house no Brasil? Na visão de vocês, é positiva essa aproximação do estilo junto ao cenário mainstream?
Virou bastante comercial, ou a nova moda. Fazíamos bastante tech house há vários anos e hoje alguns sons não se encaixam mais em nossos sets. Tech house sempre foi um estilo presente nos sets de inúmeros DJs e hoje em dia também existe outras linhas do gênero, o que teve o lado positivo pelo público consumir e conhecer mais. É importante cada artista inovar e aproveitar experiências para impor seu gosto ou identidade, não sendo mais do mesmo. Nossos últimos EPs já têm influências mais melódicas e afro brasileiras, mas mantendo o groove forte e dançante que sempre imprimimos em nosso som.
HM – O que vocês têm tirado de mais positivo do relacionamento com as gravadoras que trabalharam nos últimos anos?
Acredito que seja no fato de ter um resposta breve e dicas muitas vezes sobre a track. Impaciência é normal no meio, mas a maioria das grandes gravadoras demoram para ouvir todas as demos pela demanda. Agora, se já existe um relacionamento, essa parte fica mais rápida. Outro ponto é que recebemos mais convites para remixes de outros artistas da label, facilitando ainda mais o network entre os produtores.
HM – Nos últimos anos têm rolado o surgimento e crescimento de muitas festas independentes, especialmente no eixo Sul-São Paulo. Como vocês enxergam essas iniciativas frente as cenas locais?
É uma necessidade do mercado de sempre inovar e trazer coisas novas pra cena. Festas itinerantes sempre foram muito fortes no sul e sudeste do país pela demanda de artistas dedicados e talentosos que existem por aqui. Além disso, elas também ajudam a criar oportunidades para DJs que o grande público não conhece tanto. A melhor maneira de tocar é criando seu núcleo, engajando amigos e melhorando sempre. Um exemplo que podemos citar é a Colours em Caxias do Sul, que já tem mais de 100 edições. Conhecemos muito o Fran Bortolossi e pudemos acompanhar toda a trajetória desde o início. Teremos a honra de celebrar os dois anos da Infusion dia 13 de abril, em Santa Maria, nossa primeira vez na festa. Só ouvimos elogios e estamos ansiosos para essa celebração.
HM – Recentemente vocês lançaram “Rebolado”, primeiro EP do Drunky Daniels do ano que logo alcançou ótimas posições nos charts da Beatport e Traxsource. O que ainda está por vir pela frente na parte de estúdio?
Sim, nosso primeiro EP do ano foi excelente e nos abriu muitas portas, fizemos ótimos contatos e oportunizou remixes e collabs. No último mês fizemos uma produção com nosso amigo Fran Bortolossi pela Be an Ape, e em breve teremos um remix para o curitibano Althoff, que sai pela Tropical Beats. Em abril, lançaremos outro remix bem especial que tivemos a oportunidade de fazer para o clássico “Filtered African Blues”, do marroquino FNX Omar e do americano Oscar P, a original ainda está nos principais charts há mais de um ano. Depois da metade do ano lançaremos nosso primeiro álbum, pela Seres Produções, label da Angola que temos trabalhado bastante e que possui muita influência afro brasileira, melódica e house. Ele terá nove faixas originais e mais três colaborações que ainda não podemos revelar. Já testamos várias na pista e temos certeza que este é nosso trabalho mais inspirador e maduro musicalmente, estamos ansiosos para o lançamento!
HM – Vocês são gaúchos, mas ambos moram há um bom tempo em Curitiba. Como tem sido o relacionamento de vocês com o público do estado e qual exatamente é o sentimento que aflora quando uma gig é confirmada no Rio Grande do Sul? Obrigado pelo bate-papo!
Tocar em casa é sempre bom! O público gaúcho é muito caloroso, e sempre mantivemos contato com amigos e festas. A Infusion será nossa primeira gig no Rio Grande do Sul este ano, e por ser um aniversário do selo, tem um gostinho especial. Sempre revemos amigos, tocamos juntos e nos divertimos, nos sentimos literalmente em casa. Dia 13 será um festão! Obrigado pelo conversa!
Foto: Marlon Peres
Mais informações sobre a Infusion 2 anos aqui.