Por Alan Medeiros
Rodrigo Ferrari é um DJ produtor com experiência frente ao cenário nacional e internacional. No Brasil, Rodrigo já rodou por boa parte das principais pistas e no exterior desenvolveu uma grande habilidade técnica através de suas vivências e estudos em Londres e outras cidades do velho continente.
Atualmente, Ferrari é o cabeça da Sailor Goes House, festa importante dentro do calendário paulistano, e tem intensificado seus trabalhos no estúdio. Ano passado lançamentos por labels do calibre de SELECTECHouse e MUR Miami marcaram sua agenda de releases e esse ano a faixa “10PM”, lançada na compilação Cocada da Get Physical, se tornou o principal lançamento da carreira de Rodrigo até aqui – e ainda há mais por vir.
Seus últimos lançamentos têm se encaixado no tech house, mas sua recente playlist é mais voltada a house music. Suas próximas produções permeiam entre esses estilos ou terão o foco mais voltado para um ou outro?
As minhas últimas faixas lançadas realmente se enquadram mais como tech house, mas não é regra. Dentro dos estilos que aparecem em meus sets, deep, tech house e techno, também estão minhas produções. Playlists do Spotify e semelhantes são muitas vezes seleções segmentadas, temáticas, os quais em alguns casos não servem como referência. Recentemente, no TOP 100 do Beatport, a nova “10PM” está entre as 50 mais vendidas de seu estilo, classificada como deep tech. Então na verdade essa questão ainda é um pouco relativa pra mim.
Seus primeiros contatos com a música eletrônica foram em uma época em que o estilo não era, nem de longe, tão acessível quanto hoje. Como exatamente surgiu o desejo de trabalhar com isso?
De volta a 1992 quando tudo começou, o que mais me atraiu foi a arte da discotecagem, a performance, técnica e como isso comandava uma pista de dança. Chegar a um estilo musical próprio, ter identidade, veio depois com muita pesquisa, oportunidades e maturidade.
Quais foram as primeiras pessoas que te ajudaram com isso e quais artistas eram suas referências nessa época?
O primeiro contato foi com o DJ Duty de São Paulo, grande amigo de vida, foi com ele que aprendi os primeiros passos de mixagem e muito sobre música também. Em paralelo, viagens com frequência a Inglaterra me levaram a ter acesso ao que o mundo ouvia, dançava, com o que havia de novo. Passagens pelo club Cream em Liverpool, Fabric e The End em Londres, oportunidades de comprar singles recém lançados em lojas como Black Market, Plastic Fantastic, HMV e Tower Records – as últimas duas hoje já extintas –, era um privilégio na época. Essas experiências formaram meu background de house music, através de artistas como Todd Terry, Frankie Knuckles, Shawn Christopher, entre outros.
Muitos DJs citam que uma das principais dificuldades da carreira é conseguir o apoio da família. No seu caso, como foi lidar com isso?
Mesmo em um momento onde as pessoas mal sabiam o significado da sigla DJ, tive o apoio total da minha família em relação a minha precoce escolha aos 14 anos. Isso foi fundamental pra me dar suporte nas descobertas e escolhas, responsáveis, sem dúvida, por minha sólida carreira.
Qual foi seu primeiro lançamento oficial? E o primeiro set como DJ profissional?
O meu primeiro set profissional foi em 1993, numa festa particular. Ganhei o que hoje equivaleria a R$50 de cachê (risos). Só depois de sete anos comecei a me interessar pela produção musical, no final de 1999. Me dediquei alguns anos de estudo aqui pelo IVA (Instituto de Áudio e Vídeo) e fora do Brasil em Londres pelo SAE (School of Audio and Engineering), mas foi em 2005 o meu primeiro lançamento, “Movie Maker” pela gravadora brasileira URBR.
Fale um pouco sobre as residências que teve ao longo da carreira e como elas te ajudaram a evoluir enquanto artista.
A primeira residência foi logo no início, 1994, na boate do club Ipê em São Paulo. Fui convidado através de um vice-campeonato numa competição de DJs em que aprendi muito sobre como conduzir uma pista por horas, pois quase não haviam DJs convidados e fazíamos os – hoje não mais tão comuns – long sets, todos os finais de semana, para em média, 3000 pessoas. A partir daí foram inúmeras oportunidades! Em 1997 recebi o convite para ser residente do club Anzu, que foi muito marcante para mim, pois foi ali onde comecei a trabalhar realmente a minha identidade musical.
Daí uma nova rotina “clubber” por todo país. Mas foi em 2005 com a Pacha São Paulo, durante seis anos, que me colocou no mundo, mais de 20 países com experiência incríveis! Ali dividi a cabine com quase todos os grandes artistas nacionais e internacionais em relevância na época. Em paralelo, representei a marca Creamfields aqui no Brasil durante todas as suas passagens com os festivais e festas. Atualmente sigo em crescimento constante com o meu label, Sailor Goes House.
Quais são as novidades que você e sua equipe estão trabalhando para esse ano?
O foco está no estúdio. Estou muito empenhado na produção musical, como nunca! O ano começa com lançamentos em selos como Get Physical e a primeira compilação do Sailor Goes House pela Sony Music & DJ Sound. Além disso, novos projetos, parcerias e tudo onde eu possa mostrar meu trabalho.
A próxima Sailor Goes House já tem data marcada? O que você tem projetado pra festa em 2018? Obrigado por falar conosco!
Próxima data provavelmente será em maio, completando seis anos do label, lançando a compilação e com novas parcerias a cada edição. O que esperar? Sempre novidades!