Por Alan Medeiros
Certamente você já ouviu falar no brutal bass, não é mesmo? O criador desse estilo é um nome muito querido da cena brasileira, que após mais de uma década de experiência frente ao mercado nacional, desenvolveu um perfil sonoro próprio e uma forma de comunicação bem particular com seu público.
Estamos falando de Fabrício Beraldi Neves, mais conhecido como Chapeleiro. Sua trajetória na música começou no início dos anos 2000. Hoje, quase 20 anos depois é um dos nomes mais bem-sucedidos da música eletrônica no Brasil e dono de uma fórmula que está se alastrando pelas pistas brasileiras, um estilo estranho, explosivo e pesado.
Hoje ele possui uma agenda anual que tem em média mais de 100 shows, com passagens por boa parte dos clubs e festivais do país. Isso se justifica na consistência de suas produções, em faixas como “Chuva”, “Disco Voador”, “Mantra” e “Pancadaria” ultrapassam a marca de 1 milhão de reproduções nas plataformas onlines e confirmam a fidelidade de seu público. Às vésperas de mais uma gig importante no El Fortin Club, nesse Carnaval, Chapeleiro falou conosco:
Olá, Fabrício! Sua história na música começou ainda no início dos anos 2000, certo? Quais foram as principais dificuldades que você teve que superar naquela época?
Comecei cedo, acho que naquela época a dificuldade era o aprendizado, os equipamentos eram bem antigos e nada comparado ao que é hoje. Não tinha tanta competição, era mais técnica e vontade de aprender.
Seu som inegavelmente possui uma identidade musical muito forte, que flutua entre diferentes estilos. Como você chegou nesse atual formato?
Muito disso partiu da ideia da era do “new minimal”, que na verdade era algo do tipo minimal progressivo em 130 BPM. Quando isso foi lançado por outros artistas virou febre, porém durou pouco e a ideia era criar algo novo. Então subi o BPM pra 135 a 138 e misturei a levada do techno com timbre de progressivo. Ficou diferente, admito, mas ainda sim penso que esse tipo de som consegue chegar mais longe. Não estou seguindo o padrão, criei uma faixa com o mesmo groove mas com BPM bem mais elevado e a resposta foi enorme! Foi batizada de “Pólvora” e em breve vou soltar a evolução disso em 2018.
Brutal Bass: como as pistas brasileiras receberam essa mistura inusitada de estilos quando você apresentou suas primeiras faixas nessa linha?
No começo de 2016 comecei a soltar mais músicas que tinha a ver com Brutal, e em maio já tinha subido o máximo possível do BPM, foi então que eu vi a diferença… eles gostaram!
Sua agenda de shows é algo que realmente impressiona. Como tem sido equilibrar esses compromissos profissionais com os pessoais?
É complicado porque envolve muita logística e conciliar família e trabalho ao mesmo tempo é difícil. Porém trabalho pra uma agência maravilhosa que cuida com muito carinho da minha carreira para ser o mais cômodo possível.
“Chuva”, “Disco Voador” e “Abduzido” são alguns de seus principais sucessos. Fale um pouco sobre o momento de sua vida em que você produziu cada uma delas:
É muito bom lembrar dessas faixas. Elas foram criadas na época do meu antigo estúdio, onde era mais simples e aconchegante. Fazia música e testava nas festas que eu mesmo fazia na minha cidade. Bons tempos [risos]!
Falando especificamente sobre sua próxima apresentação no El Fortin. Como tem sido tocar no club? O que a pista Black Tarj tem de melhor?
A vibe do El Fortin é maravilhosa, foi lá o primeiro lugar que toquei fora da minha cidade natal. Lembro como se fosse ontem. Hoje em dia volto lá pra tocar e fico sem palavras para descrever o porquê da sintonia sempre ser a mesma. Aprendi com eles a crescer.
“Portal do Universo” foi uma colaboração com Samanta Machado, Sandrão RZO, Nego Jam e Valente. Conta pra gente como foi o processo criativo dessa faixa e como seu público a tem recebido.
Foi a junção perfeita, temos pensamentos iguais sobre o mundo alienígena e toda conspiração envolvida, no primeiro teste da música já sentimos a grandeza. Foi rápido o feelling!
Para finalizar: aonde você se imagina daqui a 10 anos?
Me imagino fazendo música e fumando um na minha chácara, onde faço minhas festas. Brisa melhor não há!