Por: Nazen Carneiro, da coluna Tudobeats
O canadense Tiga tem uma longa história de sucesso com a música eletrônica. Ativo na cena de seu país desde 2001, foi em 2006 que seu álbum “Sexor” ganhou o Juno Awards 2007 na categoria Álbum Dance do Ano. A partir daí seu trabalho passou a influenciar e ser reconhecido mundialmente. Diferentes gerações têm Tiga como um artista referência e que cria trabalhos inovadores.
Mas desta vez o foco não é somente no Tiga artista, mas também no Tiga pessoa. Nascido no Canadá e batizado de Tiga James Sontag, o DJ / Produtor assumiu sua responsabilidade frente ao público e frente à sua carreira, seu trabalho.
Expressões que se referem aos artistas e seu desempenho profissional no superlativo, que exaltam o DJ como um super humano incapaz de falhas, são comuns. Mas é claro que isso não é verdade. Por traz da personagem, existe o ser humano. Um ser humano que tem dias ruins, momentos bons, o artista que naquele dia não conseguiu fazer o que queria ou pura e simplesmente não atendeu às expectativas das massas, da crítica – que podem ser as mais diversas.
Pois bem. No último dia 29 de julho, Tiga tocou em Roma e depois da festa publicou este texto em sua página no facebook. Um testemunho ácido e verdadeiro, uma autocrítica – ou desabafo – incomum de ser compartilhada com o público. Confira.
“Isso aqui é algo que ninguém fala sobre; Que tal quando você NÃO detona?
Que tal quando você é o “algo” que está errado com a festa. Sua programação é preguiçosa, suas decisões são desinformadas, você vacila entre confiança e não sacar a mínima. Teus discos soam devagar. Você não consegue manter a conexão.
Você usa de toda sua arrogância para reforçar sua posição. ELES obviamente não entendem. Aquelas `pessoas` lá fora. Aquela massa primitiva que não sabe nada, não entende os níveis: que eu sou um torturado pós-trance, um som deep-funk acid anti-techouse futurista, mártir do groove e que mesmo quando meu esforço é mínimo, minha energia é anêmica e minhas playlists são mais parecidas com uma arte `outsider` (de fora do movimento) e meu controle da situação é totalmente comprometida pela minha auto absorção – eles ainda deveriam se ajoelhar para a minha REPUTAÇÃO, pirar, dançar e bater palmas.
Mas não. Tem noites que eles sabem algo que você não. E é desse jeito que, por algumas horas, a mágica se vai. E está tudo bem – inclusive faz de tudo mais mágico quando você reaparecer em outra cidade, ou em outra noite.
Então é isso, foi mal aí Roma. Eu te amo mas eu apenas não detonei hoje.
Com amor, T”
Separamos a opinião de alguns artistas sobre o assunto, confira:
“Acontece com todos, mas poucos tem a coragem de dizer! Respeito“.
Debora de Luca
“Eu falo sobre isso direto. Sei o que está dizendo”
Nastia
“Bro! Levanta esse traseiro aí e fica na boa. Você está apenas sentindo as dores da perfeição e do profissionalismo. Se não sentisse assim, então você já estaria velho e inútil! Lembre-se disso: se qualquer um pudesse fazer o que você faz, então seria fácil. Mas não é, nunca é, então mantenha a força e a briga boa meu jovem. Você é um campeão. Lute a boa luta. Sempre”
Derrick May
“Do outro lado do mundo tocamos sua música, a última da festa – já pela manhã – e foi algo único e mágico para vários jovens ravers! Isso acontece! É tão bacana que você pode ver e reconhecer que desta vez não foi épico, mas com certeza será no próximo final de semana. Continue sendo o Tiga!
Albuquerque.