Por: Anderson Santiago
Refresco para quem curte disco music é saber que o festival Marisco faz a sua segunda edição neste fim de semana em São Paulo, nos dias 13 e 14 de junho. Isso porque nós estamos falando de um dos festivais mais criativos e interessantes do país, que, além de um line up inteligente e com boas surpresas, também promove conversas sobre música, exibe filmes temáticos e apresenta locações hypadas e pouco conhecidas ao público.
Em 2016, o local era a Fabriketa (hoje nossa Meca de boas festas e festivais, vide Dekmantel e Gop Tuns da vida). Em 2017, nova surpresa: o agito será no antigo Colégio do Jockey, imóvel da década de 1960 construído pelo Jockey Club para filhos de sócios e funcionários, que está ocioso desde 2006.
Mas vamos ao ponto principal, a música. Guga Roselli, criador do festival que também está à frente do selo e da produtora Mareh, escolhe a dedo o line up e capricha na mistura de boas atrações. Este ano, música brasileira e house e disco se fundem nos dois palcos com nomes como os nacionais Black Rio Band e Eumir Deodato, brasileiro vencedor do Grammy que já trabalhou com Aretha Franklin, Frank Sintra e Björk, e internacionais como os ótimos britânicos Crazy P e Chez Damier (Chez Damier foi cancelado e em seu lugar entrou a dupla britânica X-PRESS 2) e o dinamarquês Laid Back, que faz um live (veja a programação completa no fim da matéria).
Conversamos com Rosseli para entender um pouco essa nova edição e conhecer melhor o Marisco, que com certeza deve se consolidar como um dos festivais anuais mais bacanas do Brasil.
HOUSE MAG – Quando surgiu a ideia de fazer um festival como o Marisco? Misturar bandas nacionais com DJs gringos aconteceu ou foi proposital?
Guga Rosseli – Foi proposital. Acho que a atual influência da disco music na musica eletrônica já não é segredo para ninguém ligado em música. Voltaram também a aparecer os chamados “seletores de musicas”, aqueles caras que escavam discos nas lojas e que ajudaram a trazer de volta para o cenário alguns artistas brasileiros que produziram muita disco, mega talentosos e que estavam meio esquecidos. Apenas percebi isso e resolvi testar na prática.
HM – Hoje nos festivais eletrônicos brasileiros vemos cada vez mais música brasileira (remixada, produzida etc.). O público local está aprendendo a valorizar o que temos aqui em termos de música e cultura nos últimos anos?
Guga – Acredito que sim, mas isso ainda é um processo lento. Posso citar artistas como Azymuth, que, se tivesse qualquer outra nacionalidade, seria reconhecido como um verdadeiro Deus da música. Aqui, pouca gente os conhece, principalmente as novas gerações. O trabalho que tenho tentado desenvolver no Marisco é ajudar nesse resgate.
HM – De onde veio o nome “Marisco”? E quem monta o line up?
Guga – O nome veio de uma brincadeira que junta o nome do Label “MAREH” com o nome do estilo musical em qual orbitamos, “DISCO”. Mareh + disco = Marisco. O Line up é curado por mim, seguindo minha pesquisa musical em torno da musica mais feliz e dançante que encontro. Claro que ficaria escrevendo horas para explicar todos os critérios que uso mas, em resumo, é musica para ser feliz!
HM – O Marisco surgiu para preencher uma lacuna de festivais menores e dedicados a nichos mais específicos, como os fãs de disco music, por exemplo. Hoje, vemos muitos outros ocorrendo em SP com a mesma proposta, como o Dekmantel, o DGTL, o Red Bull Music Academy… Apostar em festivais menores e mais direcionados é uma tendência econômica e cultural neste momento no país?
Guga – Creio que há espaço para todo mundo, os grandes e os pequenos. Acho que somos sim um grande mercado para festivais e que ainda temos muita lenha para queimar nesse tema. Esses festivais que você citou são estrangeiros e estão enxergando nosso mercado. Lembro que o Marisco é 100% capital nacional. Sobre ser “butique”, isso é parte da curadoria, não sei se é uma vantagem ou uma tendência, mas é o que acreditamos em termos de experiência para o publico.
Mais informações aqui.
Programação:
Sábado (13/5)
11h: Abertura das Portas
14h: CineMarisco – série “Real Scenes”
15h: Talks – Emissário (Resident Advisor), Chez Damier, Lucio Ribeiro (Popload), Karen Cunha (Virada Cultural e SP na Rua), Lutz (Berlin Night Mayer) e Renata Simões
MAIN STAGE:
15h: DJ Nuts
17h: Red Greg
19h30: Laid Back (live)
20h30: dance break
21h: Eumir Deodato Quartet
22h: Felipe Venâncio
MAREH ON STAGE
18h: Rafael Cancian
20h: Carrot Green
22h: Tahira
Domingo (14/5)
11h: Abertura das Portas
14h: CineMarisco – “Love Is The Message: a night at the Gallery party 1977”
15h: Talks – Clau Assef (MusicNonStop), Rudolf Piper (ex-sócio do Palladium/Limelight/ Studio 54), Camilo Rocha, Renato Ratier (D-Edge), Guilherme Menegon (USP)
MAIN STAGE:
15h: Joutro Mundo
17h: Selvagem
19h: Black Rio Band
20h: dance break
20h30: Crazy P (live)
21h30: X-PRESS 2
MAREH ON STAGE:
18h: Balako
20h: Roger Weeks
22h: Eric Duncan