Exclusivo: Flume fala sobre apresentação histórica no Lolla, produção, música pop

Por: Carolina Alcantara

Se você tivesse a oportunidade de conversar com seu ídolo, o que perguntaria?

Na última segunda-feira eu conversei com Harley Streten, que é o nome por trás do projeto Flume. O australiano tem apenas 25 anos e, há aproximadamente seis, vem desconstruindo a ideia de que música precisa seguir regras, ser genérica ou uniforme para fazer sucesso, e mostrando que música, para fazer sucesso, precisa ser apenas feita com o coração.

 

 

Com 2 álbuns lançados, alguns remixes produzidos para artistas como Lorde, Disclosure, Arcade Fire e Sam Smith, o produtor coleciona diversos prêmios, incluindo um Grammy na categoria Best Dance / Electronic Album com o último disco intitulado Skin. Flume se difere de tudo o que você já ouviu e ainda vai ouvir – suas produções são complexas, mas aos ouvidos soam simples. O produtor foge do convencional e se reinventa a cada nova composição.

Pela segunda vez no Brasil e mais uma vez em um palco do Lollapalooza, Flume fez uma apresentação histórica, fazendo com que todos ali ficassem perplexos com a grande variação de produções inteligentes que o artista trouxe para o show. O resultado foi o destaque dado pelo próprio público, que em grande parte apontou o jovem produtor como o melhor da noite.

Flume atendeu à House Mag na segunda-feira passada, logo após seu show do Lolla São Paulo no domingo, e conversamos por telefone durante aproximadamente 15 minutos. Confesso que eu não conseguia esconder o nervosismo, afinal, acompanho o trabalho dele desde o lançamento do álbum homônimo. Com toda a paciência do mundo ele respondeu as perguntas, e por alguns minutos me fez esquecer que do outro lado da linha estava alguém que admiro tanto e sou fã.

 

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HOUSE MAG – Olá Flume, primeiramente gostaríamos de agradece-lo por conversar um pouco com a gente; Sou uma grande fã do teu trabalho e é maravilhoso ter a oportunidade de te fazer algumas perguntas. Como você está?

FLUME – Olá, eu estou bem, fui à praia hoje, o que foi muito bom. Tenho certeza que a noite de ontem foi maravilhosa, então eu estou muito bem.

 

HOUSE MAG – Como você está se sentindo com a repercussão do show de ontem? Você foi sensacional, nem sei explicar o quanto. Conversei com algumas pessoas hoje e a grande maioria delas concordam que você foi o melhor da noite!

FLUME – Havia muita competição ontem a noite.

 

HOUSE MAG – Sim, mas para mim você foi o melhor.

FLUME – Obrigado.

 

HOUSE MAG – Essa foi sua segunda vez no Brasil, mais uma vez em um palco do Lollapalooza; Como você descreveria o seu crescimento como artista nos últimos três anos e depois do lançamento do álbum Skin?

FLUME – Eu acredito que os últimos três anos foram grandes para mim, com muitas mudanças. Mantive-me bastante ocupado compondo música e criando coisas devido à gravação do álbum, viajei bastante. E eu quero dizer, foi maravilhoso estar no Brasil em 2014, eu nunca tinha vindo para cá antes, mas, voltar esse ano foi ainda melhor. Tive um grande público, me apresentei à noite em um grande palco. Foi uma recepção maravilhosa, e o público no Brasil é maravilhoso, tudo vira uma grande festa.

 

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HOUSE MAG – Como você descreveria o processo criativo do álbum Skin?

FLUME – Eu dediquei muito tempo e esforço nesse álbum. Trabalhei nele em diferentes lugares, em muitas viagens ao redor do mundo, no estúdio, em casa, mas a grande maioria foi feita em países diferentes com meu Notebook, como a primeira música, que eu fiz no México, usando apenas meu laptop; “Never Be Like You” nós fizemos em Nova York, muitas coisas foram feitas em Los Angeles. Então posso descrevê-lo como um álbum bem global, o que para mim pessoalmente é muito importante; eu me inspiro muito mais viajando do que vivendo em uma rotina, então é assim que é criado. Onde quer que eu esteja no mundo.

 

HOUSE MAG – Você esperava receber tantas críticas positivas com o álbum Skin?

FLUME – Eu realmente não tinha ideia de como seria, mas, com certeza foi muito melhor do que eu imaginei, eu não esperava ganhar um Grammy e ganhei.

 

HOUSE MAG – Você tem alguma previsão para um novo álbum?

FLUME – Eu ainda não comecei nada. Já tive várias ideias, mas, não tenho certeza se quero fazer um outro álbum tão cedo. Acho que no momento eu só quero tocar, tocar com outros artistas ao redor do mundo, fazer alguns pequenos EP’s, mas, não tenho grandes planos para um novo álbum tão cedo.

 

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HOUSE MAG – Como você produz suas tracks? Começa com as melodias ou com os arranjos? Ou apenas escreve algo? Como você começa?

FLUME – É sempre diferente, às vezes eu começo com os samples, às vezes com os acordes, às vezes com os drums, às vezes com o vocal. Você pode até achar que esse não é o jeito, mas a grande maioria das vezes meu jeito favorito de começar é experimentar sons e tocar com diferentes efeitos. Quando eu encontro um som e parece que posso torná-lo diferente, eu dou continuidade e a forma da música.

 

HOUSE MAG – Você pode nos explicar um pouco de como é o seu Live SetUp?

FLUME – Eu uso um teclado conectado a um sintetizador, tenho um Drum Pad com samples pré-selecionados, uma LaunchPad com mais samples pré-selecionados, tenho uma APC40 que seria o cérebro e controla tudo. Tenho um pedal de Delay e um pequeno sintetizador. Procuro manter bem compactado, tento não ter muitas coisas lá em cima, mas, sim é um ótimo SetUp, super flexível e me permite fazer o que faço.

 

HOUSE MAG – Você teria alguma dica para os novos produtores, compositores ou cantores?! Algo que se alguém tivesse lhe dito lá no início, talvez fizesse com que as coisas fossem mais simples de serem feitas?

FLUME – Eu diria.. não, eu não vou dizer para você largar a escola para fazer música ou algo parecido. Se você for apaixonado por isso, você será capaz de fazê-lo. Acredito que uma boa dica seria, tentem compor diferentes estilos, descubram como diferentes estilos trabalham, por que a partir do momento que vocês entenderem como a composição funciona, você poderá formar baterias e baixos e criar o seu próprio som.

 

HOUSE MAG – Eu amo todas as tuas collabs, qual delas te surpreendeu mais?

FLUME – Acho que a que mais me surpreendeu foi a com o Beck, eu não esperava que fosse acontecer quando eu cheguei em L.A. e nós gravamos ela sobre várias demos.

 

 

HOUSE MAG – Você tem algum ídolo que gostaria de trabalhar no futuro?

FLUME – Eu gostaria de fazer algo com Damon Albarn do Gorillaz.

 

HOUSE MAG – A respeito das suas influências musicais, o que você está ouvindo no momento?

FLUME – No momento estou ouvindo Ross From Friends e Clap! Clap!, ambos muito bons.

 

HOUSE MAG – Onde você você espera estar daqui a 5 anos?

FLUME – É difícil de dizer, eu meio que quero montar minha gravadora. Quero ter umas 20 pessoas que eu trabalho, super talentosos, tipo uma família em L.A.. Atualmente eu gostaria de mudar a face da música pop, talvez trabalhar com pessoas que compartilham a mesma visão que eu. Eu sinto que eu gosto de música pop, eu amo música pop, mas também sinto que não é bem produzida.

 

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HOUSE MAG – Tem algum recado que você gostaria de deixar para os fãs brasileiros?

FLUME – Para os meus fãs do Brasil: continuem loucos!

 

HOUSE MAG – Nós vamos continuar loucos, pode ter certeza. Muito obrigada, eu amo o seu trabalho, desde o seu primeiro álbum, ouço tudo o que você lança.. E muito obrigada pela conversa, foi ótimo.

FLUME –  Obrigado pelas perguntas. Foi bom conversar, obrigado por isso. Tenha uma boa noite, se cuide.

HOUSE MAG – Você também.

 

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