Por: Sheldon Adams (DJ, produtor e dono da agência 2B Bookings)
Pra quem não conhece, conhece pouco, ou não teve muito tempo de acompanhar o MMW (Miami Music Week) 2017, vou contar sobre as novidades que rolaram por lá em relação ao nosso país e nossos artistas. O MMW é uma maratona de eventos relacionados à música eletrônica, que acontece todo ano no mês de março, em Miami, na Flórida.
Os eventos acontecem em night clubs, piscinas, barcos, hotéis, espaços públicos, e por aí vai… O importante é ter festa. E já que esse é o foco, nada melhor do que receber um dos maiores festivais do mundo, né? Paralelamente à programação, o Ultra Music Festival acontece durante 3 dias, contando com mais de 160 mil pessoas! Muita gente, não é mesmo?
Já que é minha primeira matéria aqui na House Mag, quero deixar as polêmicas para a Titi Muller e focar apenas em uma coisa: música – e “brazucas”.
Acompanhei vários big names tocando músicas brasileiras pelo MMW, e vou listá-los abaixo.
Teve ainda o set do Tiësto com a participação do duo norte-americano (cujo pai é brasileiro) Sevenn, onde eles tocaram a faixa “Boom”, uma música com vários elementos do “Brazilian Bass”, que será lançada com Tiësto.
E, claro, tiveram muitos artistas brasileiros tocando por lá e mostrando suas faixas autorais, como Alok, que ano passado tocou no palco principal do Ultra e esse ano, como é de costume, tocou várias músicas brazucas na festa da Spinnin, dentre elas, edits próprios, como sua música Hear Me Now, feita com Bruno Martini e cantada por Zeeba, o remix de Zerb e Future Class, para a faixa In The Dark, de Tiësto, sua música Fuego, feita com seu irmão Bhaskar, e a collab com Sevenn, Byob.
Nosso país foi muito bem representado pela DJ e produtora de techno ANNA, que se apresentou no Palco Resistance do Ultra Music Festival, por Rodrigo Vieira e Rod B., que tocaram no domingo, dia 26, no Biscayne do Ultra, e por vários DJs que tocaram pelas festas do MMW, como Fischetti, Raul Boesel, Alok e Marc Zmile.
E aí tiveram também os que não tocaram, mas “foram tocados” por outros artistas, como Wølsh, que já foi tocado por Avicii e vem sendo tocado por Kryder, SJ&RM, Mercer, Madwill, entre muitos outros nomes. Kubi, Liu, Andre Gazolla e Dakar também tiveram grandes suportes durante o evento.
Aqui vai a lista de algumas faixas de artistas brazucas que foram tocadas por lá, e qual big name deu o play:
Wølsh – Purpose e Never Hide, por vários artistas, dentre eles SJ&RM e Kryder.
Nato Medrado – The Minor, por Armin Van Buuren.
Andre Gazolla – Hunt Down, por wAFF e Nathan Barato.
Dakar – Cocaine e Tripod, por Seth Troxler, Jamie Jones, Green Velvet e Stacey Pullen.
Sofi Tukker – Drinkee (Scorsi Remix), por Bro Safari.
Então já que os brasileiros estão com tudo levando a música produzida aqui cada vez mais pra fora, resolvemos saber deles tudo o que aconteceu por lá. E sem focar em nenhum estilo, ok? Nada de “EDM morreu”, “Techno tá em alta”, ou “Brazilian Bass é o som do momento”. Aqui tem de tudo um pouco! Vamos saber o que eles têm a dizer sobre o evento e suas músicas:
HOUSE MAG – Como em todo encontro desta natureza, sempre há lições e/ou tendências que se pode absorver após a experiência-Miami. O que concluir deste ano?
“Vindo pro evento há mais de 10 anos, sempre vemos ‘tendências’, mas sempre foco na qualidade e excelência musical. Não procuro saber da moda ou o que está rolando no momento, pois aqui essas tendências te perseguem! Se não focar no que quer ouvir e no que busca como influência, vai acabar sempre escutando o que ‘jogam na sua cara’, porque é moda a cada esquina!” – Ted Corr (DJ e produtor).
“Sou suspeito para falar, pois sempre escolho assistir os artistas de Techno e Tech House, que estão com tudo, como sempre!” – Raul Boesel (DJ e produtor).
“O som mais predominante na MMW foi Bass Music! Trap, Dubstep, Twerk, Bass House. Ao mesmo tempo também, o ‘EDM’ com certeza foi o som que vimos ser tocado desde o festival até o bar balada. O Big Room, Electro House e Progressive House melódico, se misturaram muito com Trap, Dubstep, Twerk, Bass House! A grande maioria dos DJs do mainstream transitou por esses estilos! Tocamos em duas baladas e uma pool party aqui em Miami, e em nossos sets, mantivemos essa lógica, ‘EDM e Bass Music na maioria, com algumas tracks de Trance e Hardstyle.” – Mark Zmile (Duo de DJs e produtores composto por Marcel Colpani e Daniel Victorino).
“Como um dos organizadores do Ultra no Brasil, meu foco foi absorver ao máximo a evolução do festival para tentar aplicar o máximo possível na versão brasileira. Estive em todos os Ultras aqui em Miami desde 1999 e posso afirmar. A nível musical, foi importante ver que ate o publico americano esta abrindo a cabeça para sons mais undergrounds. Além do sucesso dos 2 Resistance Stages no festival, foi nítida a maior procura por festas individuais de artistas como Jamie Jones, Loco Dice, etc.” – Rodrigo Vieira (DJ, sócio Ultra Music Festival Brasil, editor DJ Mag Brasil).
“Esse ano eu não toquei, mas meu remix de ‘Drinkee’ foi tocado em duas festas por aqui, mas infelizmente eu não estava presente. Fui por negócios e network, e também com outros olhos para os eventos. Este ano foi nítido o aumento na quantidade de festas e público.” – Scorsi (Produtor, DJ, A&R Phouse Tracks).
Foto: Evander Portilho
“Ainda não tive esse prazer de tocar e estar no WMC. Mas o que senti ao longo dos anos foi que muitos DJs começaram a conhecer meu trabalho depois que algum big name tocava meu som. Além do público, o WMC é importante pois existem muitos DJs de vários estilos andando nas festas e a probabilidade deles ouvirem e “assistirem” a reação da pista com sua música é gigante. Acredito que hoje o cenário mudou, não vejo mais fã de um determinado estilo e sim fã de determinados artistas.” – Wølsh (DJ e produtor).
“Eu não estive presente, mas minha música esteve. A track ‘Hunt Down’, recentemente lançada pela gravadora 303 Lovers, foi tocada por Waff e Nathan Barato no palco Resistance do Ultra. Isso foi muito gratificante pra mim.” – Andre Gazolla (DJ e produtor).
“Nunca estive no evento, mas minha música sempre esteve. Esse ano fiquei surpreso por ver Seth Troxler e Jamie Jones tocando minha faixa ‘Cocaine’. Green Velvet tocou minha nova track ‘Tripod’, que vai sair em sua label, e também vi Stacey Pullen tocando meu novo remix para Alvaro Smart.” – Dakar (DJ e produtor).
Diante de tantos comentários positivos e tanta presença brasileira por lá, devemos ficar felizes e parabenizar a todos, independente de gênero.
Fica aqui o nosso sincero parabéns, e que a cada ano que passe, a presença brasileira se consolide mais nos eventos pelo mundo afora!
* Editado por Gabriela Loschi