Por: Danila Moura
Foto: Estúdintulho / Lolla Verzon
Festas com lineups que misturam DJs da gringa e o melhor do que está rolando na cena nacional, com duração que podem chegar fácil a 24 horas de pista. Essa é atual cara da noite eletrônica de São Paulo. Projetos como ODD, Mamba Negra, Carlos Capslock e Gop Tun estão aí para comprovar que a metrópole virou referência internacional, cheia de festas independentes capazes de atrair milhares de pessoas por edição.
Mas quem está a fim de outras propostas sonoras encontra opções escondidas no underground paulistano. Eventos divulgados no boca a boca, em clima intimista, que reúnem uma centena de pessoas, viraram uma ótima pedida para conhecer artistas novos. Também mostram DJs consagrados com outros projetos paralelos experimentais ou fazendo um set diferente do habitual. Essas festinhas misturam lives e sets, densa pesquisa, amigos afinados pela mesma busca e atmosfera perfeita para curtir o som. Conheça seis dessas festas a seguir:
S/A
Desde a concepção, quatro anos atrás, o objetivo do S/A sempre foi o de ser uma plataforma de experimentação. A proposta do espaço, localizado num imóvel sem placa nem identificação na região de Pinheiros, é valorizar a produção local fora da curva, mais especificamente no campo da performance audiovisual autoral. A programação é baseada na quebra de padrões estabelecidos e no cruzamento de estilos e referências conceitualmente similares, como define Akin Deckard, responsável pelo projeto e um dos mentores do coletivo Metanol. “Presenciamos produtores apresentando o lado B de seus trabalhos já consagrados.” Gente como M.Takara, Addison Groove, High Priest, Kevin Drumm, Benjamin Sallum, Paulo Tessuto, Zopelar, Raquel Krügel, Savio de Queiroz, Rampazzo, Objeto Amarelo, Teto Preto e mais uma lista interminável de selos e artistas brasileiros já passaram por lá.
Cracofonia
Numa brincadeira entre quatro estudantes de arquitetura, que gostavam de trocar músicas entre si e trabalhavam no centro de São Paulo, na região da Cracolândia, resultou no nome Cracofonia. João Mascaro, Marc, Endels, Paco Talocchi e Ornograma são os residentes do coletivo de pesquisa e criação sonora, que organiza festas itinerantes. “A proposta era mais aberta, misturando música eletrônica experimental, downbeat, deep house, e ritmos mais quebrados como drum`n`bass, jungle, etc. Hoje temos nos aproximado da house e do techno, mas de forma natural”, contam os organizadores. A ideia do projeto não foi seguir um determinado estilo sonoro, mas servir principalmente como espaço para cada um dos artistas mostrar o seu trabalho de forma livre.
Caldo – OBRA
Praticamente uma reunião de houseiros assumidos, a Caldo começou em fevereiro do ano passado como uma festa organizada no Largo do Arouche, no centrão da cidade, pelos DJs Fallcoz, Badmix e Rod. Com pesquisa apurada de vertentes da house, traz produtores autorais e lives. O projeto conta com os DJs Caio Cravero e Acaptcha (Masterplano). O mesmo trio se juntou a Kltn Bassi e criou a OBRA, festa voltada ao techno. A Caldo e Cracofonia costumam fundir seus residentes na Fuso.
Manicômio – / Sangra Muta
Às quintas-feiras, a pistinha do clube UM55 esquenta ao som do projeto Manicômio, do DJ Ken From Tokyo. A primeira parte da noite é contemplativa e os DJs optam por músicas de influências. “Esse momento é livre para ser experimental, visceral, sem muitas viradas no 4×4, com camadas de ambiências, trilhas sonoras e baixo BPM. Depois, é desbunde”, conta o organizador, que divide as cabines com convidados, como o DJ Juba Sprovieri.
O mesmo clubinho é a casa da Sangra Muta — Levitação de Corpos, noitada viajante encabeçada pelo músico Gezender e o residente V. Almeida. A proposta do projeto é tocar “uma música eletrônica mais imersiva, dançante, mas quase contemplativa”. Ambientada sempre por tons de vermelho, a festa é “um passeio espacial. Começa na house e termina no techno de maneira bem sensível, delicada e, por vezes, até dramática. Mas se a gente puder apontar alguns tipos de som, seria algo entre o ethereal, o acid e o space”, conta o organizador, que também não dispensa a música de pista.