Conheça um pouco mais sobre Max Augusto Mendes

 

Por Luzian Serrano

Max Augusto Mendes é figura cativa na cena da música eletrônica em Belo Horizonte. Há duas décadas frequenta e atua na capital mineira como produtor de eventos, DJ e no agenciamento de artistas. As múltiplas funções proporcionaram grande experiência a Max, que teve a oportunidade de mostrar seu trabalho como DJ em 7 países e foi responsável pela criação da agência Season Bookings, ao lado do também DJ V. Falabella. Na entrevista, ele conta sobre o início da e-music em Belo Horizonte, a sua atuação na agência, sua carreira como DJ e produtor, e curiosidades sobre o início do Alok, quando ainda fazia parte do casting da Season Bookings.

1-    Como foi o início da cena é-music em Belo Horizonte e a que pé ela se encontra?

A cena eletrônica em BH teve seu início nos anos 90. Clubs já extintos como o Olímpia, Space, Trash, Hipódromo e a grande Scape marcaram época e movimentaram o underground na cidade, alimentando as noites belo-horizontinas com muita música. Eu mesmo já frequentei alguns deles.

Um dos pioneiros do Techno no Brasil, o DJ Anderson Noise, também de BH, promovia festas nessa época, onde aplicava no público o que tinha de mais novo no cenário da música eletrônica mundial. Ao lado de Marcelo Marent, produtor da festa “Hype”, fez festas memoráveis, com grandes nomes da música eletrônica do país e do exterior.

Nos anos 2000, as raves estouraram em BH e região metropolitana, quando começou a era do psy trance. Em 2003, surgiu o club que até hoje é considerado a resistência da  música eletrônica na capital, o Deputamadre Club, sendo a única casa noturna 100% do gênero em BH e que abre a sua pista todos os finais de semana.

Posso afirmar que esse ano vai ser muito importante para BH. Vamos ter TRIBE, XXXperience, UP Club e Só Track Boa. O super club Hangar 667, criado recentemente pelo agitador cultural Leo Ziller, também vai trazer muitas atrações, com uma proposta inovadora de espaço para eventos deste tipo. 2017 tem tudo para ser um grande ano para a música eletrônica na cidade!

2-    Da pista para as cabines. Como você passou de frequentador para atração das festas?

Foi algo bem natural. Como eu já frequentava a noite e promovia alguns eventos, resolvi tocar na minha própria festa. Foi assim que em 1999 dei meus primeiros passos como DJ, em uma festa underground realizada no porão do edifício Sul América, no centro de Belo Horizonte. De lá pra cá não parei mais. Tudo que eu construí vem da música eletrônica!

3-    E a agência Season Bookings, como foi a criação?

A agência Season Bookings surgiu em meados de 2009/2010, em uma união feita entre eu e o Vitor Falabella. Resolvemos criar a Season para profissionalizar a ajuda que dávamos informalmente ao amigos DJs que nos procuravam, brasileiros e de fora do país. Começamos então a cuidar da carreira desses artistas e de outros que surgiram durante esse período, e continuamos com esse trabalho até hoje, agora com mais experiência, uma equipe maior e mais recursos.

Em 2015, eu e o Vitor fizemos um acordo e ele tomou frente dos negócios. Atualmente, sigo a parceria como booker e colaboro no management, além de também ser um dos artistas da agência.

4-    Você atua nos dois lados, o artístico e o empresarial. Como você vê essa relação?

Muitos artistas nos agradecem por termos dado um norte à carreira deles e por terem alcançado o reconhecimento que sonhavam. Fazemos a nossa parte, cuidamos da carreira, corremos atrás de datas e fazemos o melhor possível para dar visibilidade a eles.

Mas sempre digo que 80% depende do próprio artista. É tomar iniciativas e posturas tendo consciência que ele é um formador de opinião, uma referência, e claro, fazer o que o público mais quer: música. Quanto mais profissional maior a chance do artista ter sucesso. É necessário ter a consciência que é um trabalho divertido e não uma diversão que dá trabalho.

5-    A Season Bookings fez parte da carreira do Alok. Conte-nos um pouco sobre esse começo.

O Alok e eu sempre tivemos uma relação não só profissional, mas de amizade, assim como com toda a família dele, antes mesmo do surgimento da agência. Quando ele e o irmão Bhaskar tinham apenas 15 anos, eu os trouxe pela primeira vez a BH, com o projeto Lógica.

Nesse período, demos início a Season, e os convidamos para que fizessem parte do nosso casting. Era um projeto inovador para a época. Depois houve a separação e o Bhaskar seguiu outros caminhos fora da música eletrônica, enquanto seu irmão continuou tocando o projeto sozinho. Até que o Alok começou a introduzir o seu projeto solo, em paralelo, voltado para o “low BPM”, termo que não gosto muito, mas que na época era o que definia o estilo que não pertencia ao trance, “high BPM”, basicamente o Techno, minimal e house.

Nas próprias produções do Lógica já se via muita referência do Techno, e era bem claro que uma hora ou outra eles seguiriam por essa estrada. Bom, no começo não foi fácil como muitos acham. Para introduzir a marca Alok no mercado, ele suou muito, passou por “perrengues”, “engoliu sapo”, mas soube aceitar todas as dificuldades e etapas até chegar onde está hoje. Foi um passo de cada vez.

Atualmente, Alok é referência para muitos DJs e produtores que seguem os seus passos, como uma cartilha para o sucesso. Muitos não sabem, mas ele teve que deixar a sua timidez de lado para poder chegar até o público e se comunicar com os fãs.

6-    Esse sucesso do Alok, tem algum segredo?

Tem gente que acha que ele encontrou a fórmula para o sucesso, mas ele sempre foi desse jeito que vemos hoje, correto, centrado e dedicado. Sua criação vem de uma família maravilhosa, que sempre o apoiou. Em momento algum ele se deixou vender pela fama.

Olha, houve momentos em que ele só fazia warm ups de festas, e acredite se quiser, foi recusado por contratantes que hoje pagam muito mais caro para que ele toque em seus eventos. Ele soube aproveitar as críticas e construir sua carreira. Superou a pressão dos “hatters” e chegou onde chegou.

Pra mim ele é um cara diferenciado. O Alok é uma estrela, mas não dessas passageiras que podem apagar a qualquer momento, ele vai continuar sempre à frente!

7-    Tem muita gente que conhece seus projetos como Bad Boss e Max Grillo, mas e esse novo projeto, queremos saber sobre o MAX!.

Depois de passear pelo psy trance e pelo Techno, estou hoje com um projeto novo que leva meu próprio nome, MAX!. Tudo começou para mim na era do disco, então quero levar essa minha história para as pistas, apostando em novidades mas sem deixar o swing e a identidade da música produzida no país.

Algumas das minhas tracks já estão em gravadoras brasileiras e da Europa. Quero tentar fazer um som que abrace os públicos do país e do exterior. Sei que é difícil, mas a intenção é colocar pra fora o que se faz por aqui.

8-    Tem alguma notícia em primeira mão para a gente?

Sempre gostei de ajudar os amigos e apostar na galera talentosa. Então acabei entrando como sócio na gravadora Raizo Musik, em parceria como meu amigo Carlos Suarez, o Glitter. Estamos buscando artistas com essa linha mais autêntica das vertentes do house, sem perder o swing e a identidade  brasileiros. Por enquanto é só isso que posso contar.

9-    DJ e produtor experiente, com bons olhos para novos talentos, o que você pode dizer para essa nova geração que batalha por reconhecimento na música eletrônica.

Ter paciência e foco. Não adianta querer que tudo aconteça da noite para o dia. Sem trabalho não tem resultado. Atalhos não ajudam. Procurem pelos caminhos certos e éticos e com certeza irão longe!

 

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