A abordagem inteligente e intrigante de Audio Werner dentro da música eletrônica. Confira entrevista

Por: Alan Medeiros
Fotos: Marie Helmer

Andreas Werner ou simplesmente Audio Werner, é um artista singular, de suma importância para a construção da música eletrônica em pleno século XXI da forma como a conhecemos e interpretamos hoje. O DJ e produtor alemão atualmente vive em Berlim e possui em sua música traços inegáveis da disciplinar cultural e seriedade alemã, que se entrelaçam de maneira categórica com as ideias fora do padrão que Werner costuma apresentar.

Algumas de suas faixas são capazes de causar um estado de pura euforia na pista. Esse é o caso de “Ever”, lançada pelo selo francês Minibar Music em 2012. Ao longo de seus 11 minutos, ela se desenvolve como um lençol de ceda envolvendo um corpo humano, é o tipo de música realmente atemporal, que em 2017 irá ultrapassar a marca de 5 anos de idade, mas ainda segue absolutamente contemporânea. “Zwrtshak Drive” é outro grande exemplo, que Andreas comentou na entrevista. 

 

 
 
A grande bagagem e talento de Audio Werner o levaram a relases por selos como Perlon, Cabinet, Finest Hour e Hello?!Repeat, apenas para citar alguns. O DJ alemão também conquistou diversos países e clubs importantes ao redor do mundo com sua faceta inteligente e intrigante de produzir house, techno e minimal.

Durante sua tour sul americana, conseguimos um espaço na agenda de Andreas para uma rápida entrevista. O resultado você confere abaixo: 

 
 
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HOUSE MAG – Olá, Andreas! Muito obrigado por nos atender. Hartchef Discos foi uma empreitada sua ao lado de bons amigos, não é mesmo? Desde então, o que mudou na sua concepção sobre negócios relacionados a música eletrônica e a importância de equilibrar isso com um forte apelo artístico?

AUDIO WERNER – De fato, Hartchef Discos foi (e ainda é) uma empreitada ao lado de bons amigos. É sempre melhor trabalhar com amigos quando se trata de lançar música, então nada mudou muito.



HM – “Zwrtshak Drive” é uma das faixas que catapultaram sua carreira. Quais as principais diferenças entre o seu processo criativo na época de produção desse trabalho, quando comparado com o que você costuma fazer atualmente?

AW – Na minha opinião fazer música deveria principalmente servir o propósito de ter um momento bom, apreciar o que você faz, criar algo que você realmente gosta e que você pode representar verdadeiramente. É isso que fiz quando criei “Zwrtshak Drive”, e também é o que fiz com os lançamentos seguintes e é o que continuo fazendo hoje. Ser recompensado com respeito e sucesso mundial me mostrou que isso é a coisa certa a fazer, sou muito feliz e grato por isso.

 



HM – Uma rotina pesada de viagens às vezes pode atrapalhar um pouco os planos de produção e pesquisa de um bom artista. Como você tem lidado com isso?

AW – Mesmo que eu tente não sobrecarregar minha agenda, às vezes a rotina pesada de viagens é inevitável e parte da vida de um músico. Por exemplo, a turnê da América do Sul que estou fazendo agora me impede de trabalhar um mês no estúdio, mas também me dá a possibilidade de passar mais tempo depois produzindo música e procurando discos. Além de ver o mundo, encontrar pessoas com o pensamento similar e tocar música para elas. Isso é sempre uma grande experiência e me proporciona satisfação e inspiração. 



HM – Berlim é atualmente sua casa, certo? De que forma a atmosfera criativa da cidade tem colaborado para sua evolução enquanto artista? O que é possível encontrar somente em Berlim?

AW – Certo, após viver onze anos em Berlim, acho que posso realmente chamar este lugar de minha casa, e antes de todos os aspectos relacionados a música, que é o que eu mais gosto na cidade – após as minhas viagens sempre fico ansioso para retornar a Berlim, pois não é só uma cidade agradável e fresca para viver, como também mente aberta e tolerante. E com certeza é uma grande inspiração quando se trata de música eletrônica, é um caldeirão cultural mundial para músicos e pessoas criativas.

 
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HM – Perlon, Minibar e Hello? Repeat são apenas alguns dos selos que você já colaborou. Com releases tão importantes, você ainda tem ambições no que diz respeito a lançamentos por alguma gravadora? Quais são os planos para 2017 no estúdio?

AW – Por que eu deveria parar de lançar música? Não se preocupe, haverá mais lançamentos em 2017 – fique atento ;-) 



HM – A Toi Toi Musik é atualmente a responsável por sua carreira, não é mesmo? Fale um pouco sobre o relacionamento com o time da agência e como esse trabalho teve seu começo.

AW – Basicamente, tudo começou quando Claus Voigtmann e Isis Salvaterra me convidaram para tocar nas festas da Toi Toi que são organizadas em Londres. Cada festa que eu tocava para a Toi Toi nós tínhamos momentos incríveis e nos tornamos amigos. Então meu agente booker anterior e eu decidimos ir para caminhos diferentes. Lembro quando estava tocando nas duas últimas gigs organizadas por ele, em Londres e Birmingham. Quando estava em Londres, visitei Isis e fiquei positivamente surpreso por ela já conhecer pessoalmente todos os promoters das festas que eu tocava e poder me ajudar com muitos conselhos, então espontaneamente perguntei se ela estaria interessada em trabalhar fazendo meus bookings – ela concordou e lá estava: Toi Toi Bookings nascendo. Logo depois também recomendei meu amigo Ion Ludwig a se juntar e a agência continuou crescendo, passo a passo.  

 
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HM – Fora dos momentos de trabalho, quais são suas atividades preferidas? A música eletrônica também é a trilha sonora para esses momentos? O que mais você costuma ouvir?

AW – Eu adoro esquiar e praticar snowboard no inverno. Eu não necessariamente faço isso sempre, mas às vezes eu levo alguma música comigo para um passeio. Geralmente eu gosto de ouvir todos os tipos de música… ambient, batidas quebradas, experimentais, jazz, não só música eletrônica em particular. No entanto, devo admitir – produzir minha música é bastante demorado e dedico meu tempo a isso.



HM – A música eletrônica no Brasil tem evoluído consideravelmente nos últimos anos. O que você sabe sobre o cenário do país? Há algum artista brasileiro que você tem acompanhado nos últimos meses?

AW – Pelo que ouvi até agora, ainda há muitas pessoas no Brasil dentro do techno duro e rápido ou tech house boring. O tipo de música que estou fazendo está aparentemente quase ficando mais conhecido. No entanto, há várias coisas se movendo nesta direção. Por exemplo, durante minha turnê na América do Sul, eu também visitei Florianópolis a convite de Renee e Ale, que estão fazendo o projeto “Stekke” e a label “Sketches”. Eles são produtores muito talentosos e nos divertimos muito tocando b2b, descobrimos ter muitos discos em comum.    

 

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