Por: Flávio Lerner
São Paulo vive um breve período de resgate da sua história clubber. Os clubes Hell’s e Manga Rosa — instituições dos anos 90 e 2000 que se deram em locais diferentes, com conceitos diferentes para públicos diferentes, mas ambas levantando a bandeira da cultura da pista de dança — estão sendo revividos nesta semana, cada um em uma noite.
A iniciativa é da Absolut, como parte da campanha global Absolut Nights. A festa do Hell’s já é hoje, com o DJ Mau Mau, Pil Marques e Glaucia ++ no line. Já o rolê do Manga Rosa se dará neste sábado, dia 11, com Anderson Noise, Cris Labra e Claudinho I. As duas festas rolam na Rua Cardeal Arcoverde, 2926, em Pinheiros. “Relembrar o primeiro after do Brasil que influenciou toda a cena nacional voltada para o som mais underground será um grande prazer, estou muito ansioso”, nos contou o DJ Mau Mau, sobre sua expectativa em viver novamente o Hell’s Club por uma noite — casa em que foi residente desde o começo, em 1994, sendo importantíssima para sua carreira. “Posso dizer que foi minha residência mais importante, abriu muitas portas. Essa iniciativa da Absolut encaro como uma homenagem a uma cultura que se iniciou muito pequena, mas com o tempo se espalhou por todo o Brasil. Estou muito feliz em reviver tudo isso.”
Pra saber mais detalhes sobre a iniciativa toda, também conversamos com o pessoal da Absolut. Abaixo, Patrick Fló, head de Consumer Experience da Pernod Ricard Brasil, conta sobre como nasceu e se desenrolou a estruturação da Absolut Nights em São Paulo.
HOUSE MAG: Como surgiu a iniciativa de resgatar essas duas casas noturnas históricas de São Paulo?
Patrick Fló: Essa ativação está alinhada com a campanha global da marca Absolut Nights, que tem a missão de transformar os limites da vida noturna. A campanha exalta a origem do que realmente faz uma noite ser inesquecível, que são as boas lembranças e o vínculo com as pessoas e com toda a atmosfera vivida naquele instante. Sejam momentos de novas amizades que nascem ou de estreitar os laços com quem já somos próximos, reforçamos que as melhores memórias que as noites incríveis nos deixam são as conexões. Chamamos de Absolut Nights essas noites que extrapolam o momento de festa e se transformam em lembranças para toda uma vida. Diante dessa proposta, fomos tentar resgatar toda uma época que foi muito representativa para a noite paulistana com o surgimento da cena clubber, o nascimento da cultura da música eletrônica, o culto aos DJs e o começo dos afterhours. Dentro da nossa pesquisa, selecionamos dois clubs que foram extremamente importantes nesse cenário: Hell`s Club e Manga Rosa.
HM: As duas casas possuíam perfis e públicos bem distintos. Por que a escolha por essas duas labels, e como vocês pensam em unificar essas duas identidades em torno da mesma ação da Absolut?PF: Independentemente da proposta musical, do ambiente e também do clima de cada local, acreditamos que o que une ambos os públicos são a paixão que seus idealizadores e antigos frequentadores tinham pela vida noturna e a proposta de fazê-la ser algo diferente e inesquecível. São os nightlifers, pessoas que vivem a noite intensamente e estão sempre à procura de novas experiências, exatamente o que Absolut sempre busca em suas ativações com o seu público.
HM: E vocês esperam, em termos gerais, os respectivos públicos de cada casa comparecendo em cada noite?
PF: Em conjunto com os antigos proprietários de cada casa e também pessoas que frequentavam e trabalhavam nos clubs, realizamos uma verdadeira força tarefa para reencontrar essas pessoas e convidá-las para reviver essas noites que foram icônicas. Teremos muitas figuras conhecidas do Hell`s e Manga Rosa em cada festa.
HM: As identidades do Hell`s e Manga Rosa são distintas, mas os dois revivals se darão no mesmo lugar; vislumbram alguma diferença de decoração ou posicionamento pra promover cada uma das duas noites?
PF: Em parceria com a [agência] B Ferraz, responsável pela recriação das duas festas, tivemos todo o cuidado e a preocupação de tentar reconstituir o clima dos antigos clubs. Para isso, fomos conversar com as pessoas que realmente participaram de cada um, incluindo os proprietários e também quem frequentou, trabalhou e tocou em cada local. Tivemos a colaboração de jornalistas e outras pessoas que escreveram sobre a cena noturna daquela época para auxiliar na curadoria.
Não só a ambientação foi levada em conta no projeto, com elementos que fazem referência a cada club, mas iremos trazer os personagens icônicos também. Serão noites de muito saudosismo para quem viveu aquela época e uma experiência inesquecível para quem frequenta a noite paulistana atual.
HM: Inúmeros DJs fizeram história em ambas as casas; por que cada noite terá apenas três?
PF: Por serem apenas dois dias de festa, sendo uma dedicada a cada club, infelizmente não conseguimos dar espaço para que outros DJs se apresentassem. Levando em conta essa limitação, selecionamos aqueles que tiveram um envolvimento maior e foram, de alguma forma, representativos para o cenário musical daquela época. O Pil e o DJ Mau Mau, por exemplo, foram os criadores do Hell`s Club desde o seu começo. Foi a partir de lá que o Mau Mau conseguiu projeção mundial e começou a tocar por todo o mundo.