Por: Anderson Santiago
Bhaskar Petrillo é filho dos DJs veteranos Swarup e Ekanta, que também são os criadores do festival Universo Paralello, e irmão gêmeo do DJ-sensação Alok. Como se pode ver, não há dúvidas de que a música eletrônica está no sangue dessa família.
Com tanta influência dentro de casa, os garotos cresceram brincando com sintetizadores, CDJs e instrumentos dos pais. Naturalmente, não quiseram saber de outra profissão senão a de disc-jóquei. Ainda adolescente, Bhaskar começou a tocar com o irmão e juntos formaram a dupla Logica. No entanto, Alok foi traçar voos diferentes sozinhos, apostando no house e Bhaskar preferiu se abrigar na cena psy trance aos 19 anos.
Agora, um pouco mais velho, com 24, o DJ parte para seu mais novo projeto solo, voltado ao techno (ou “deep Brazilian techno”, como definiu com bom humor). Num bate-papo franco, o jovem fala sobre sua relação com a família, as comparações com o irmão famoso e como vê sua carreira no futuro. Confira:
HOUSE MAG – Como você se descobriu fã de música eletrônica e quando realmente decidiu ser DJ?
Sempre tive um background musical muito forte. Meus pais eram envolvidos na cena rock e nunca faltou música boa na minha infância. Em 2004, simplesmente por curiosidade, fui brincar com um par de CDJs, sem nem mesmo gostar de música eletrônica. A diversão foi tanta que me vi apaixonado por esse estilo. Primeiro começou como hobby, mas as portas foram se abrindo e vi que poderia se tornar uma profissão. Recebi dicas de diversos DJs (Zumbi, Pedrão, meus pais) e tomei gosto pela coisa.
Foi difícil conciliar o interesse pela música eletrônica e as discotecagens com os estudos na adolescência?
Sempre fui bom aluno, então, caso eu precisasse matar aula pra cumprir uma gig, geralmente eu tinha a compreensão dos professores.
Qual o peso e influência que seus pais, DJs das antigas, e sua família, em geral, teve para essa decisão? Por eles trabalharem com música há muito tempo houve algum pressão para que você seguisse o caminho deles também?
Desde o começo, meus pais viram que eu e meu irmão tínhamos jeito para a coisa. Eles acreditaram no nosso trabalho e nos incentivaram a continuar, porém respeitando as nossas vontades próprias. Nunca foi algo forçado. Mas mesmo acreditando no nosso talento, sempre puxavam nossa orelha para continuarmos focados nos estudos (risos).
Como você se sente ao ser primeiramente relacionado à sua família , que é repleta de DJs famosos? Você se sente pressionado a provar o seu talento o tempo inteiro e vê isso como uma responsabilidade adicional?
No começo, houve muita perseguição dos “haters”. Eu via muita gente dizer: “Os pais que fazem as músicas pra ele” (risos). Mas acho que fomos (eu e meu irmão Alok) ganhando a nossa própria credibilidade e o respeito até chegar em um momento em que esse tipo de comentário acabou. Acho que hoje a personalidade de cada um da minha família é clara. Tem gente que gosta de um e de outro não. E isso é importante, pois mostra que cada um se expressa da sua maneira.
O seu irmão Alok, cada vez mais famoso, é uma inspiração para você? Como é a relação de vocês, já que são gêmeos?
Com certeza! Me inspiro muito nele. O Alok quebrou barreiras que servem de lição pra todos nós. Levou a e-music a lugares aqui no Brasil aonde ela ainda não havia chegado. É um exemplo de músico e profissional. Hoje em dia, estamos mais próximos que nunca. Nos ajudamos mutuamente e temos uma conexão musical muito forte.
Com o você lida com as comparações que fazem entre você e o seu irmão? Te incomodam um pouco?
Ah, sei que as comparações são naturais. Não me incomodam, porque eu enxergo claramente a particularidade que cada um de nós tem, e isso faz com que tenham pessoas que gostam mais do estilo dele do que do meu e vice-versa. Acho importante e saudável haver essa diferença, e nós somos tão unidos que uma “competição” parece algo surreal.
Você pode me falar algumas influências musicais que você carrega e acabam aparecendo no seu som?
Eu escuto de tudo e gosto de me inteirar com as novidades da música. Sempre me identifiquei com músicas que tocam a alma, com melodias profundas. Dando nome aos bois, gosto muito de Beck, Arctic Monkeys, P.O.D… E, no meio eletrônico, curto Dazzo, Adriatique e Kyle Watson, entre outros.
Pode me contar mais sobre seu novo projeto. É um projeto solo, o que podemos esperar?
Acho que mais do que qualquer outro projeto que tive, esse de agora é onde eu tenho conseguido me expressar melhor. Sou um pouco chato em relação a estilos musicais que estão na moda. Gosto de tentar trazer algo novo, e é isso que tenho buscado com o Bhaskar.
Você conseguiria encaixar o seu som numa definição? É psy trance, é techno, é progressivo, é house?
Uma palavra só: techno. Para ser mais específico, teria que criar um nome. Talvez “deep Brazillian techno”, hahaha.
Como você vê o seu futuro?
Pergunta difícil essa (risos). Mas acho que essa nova etapa tem tudo pra dar certo. Tenho me empenhado mais do que nunca e, em pouco tempo de trabalho, já colhi frutos inacreditáveis.
E como você vê o futuro da música eletrônica, já que sabemos que os estilos da moda variam? No passado o psy estava no auge, hoje temos a EDM nas paradas eletrônicas…
A música eletrônica é muito imprevisível. Mas acredito que o house e o EDM vão evoluir e algo que ainda não existe vai surgir pra roubar um pouco da cena mainstream. Difícil dizer o que, mas sempre inventamos coisas novas.
Confira o video: