“Sábados à noite foram feitos para os números 1s” – assim a entrada do Hardwell foi anunciada pelo apresentador de palco no Ultra Music Festival Miami ontem, sábado, 19 de março, às 23h em ponto (horário de Miami).
Poucas horas antes de entrar no palco principal, Hardwell havia anunciado ao vivo em entrevista no Ultra LIVE, que faria um show cheio de novos efeitos visuais e ao menos 12 tracks novas e exclusivas, incluindo uma nova colaboração com algum artista famoso.
A entrada do produtor holandês foi intensa, com as letras do seu nome sendo chamadas exaustivamente: H-A-R-D-W-E-L-L, seguido de explosão, iluminação frenética, fogos de artifício, tochas de fogo… mas, de repente… ele pausa e pede: “se vocês estão prontos, façam barulho!”. Bem clichê, né? Perdeu a chance de entrar com mais originalidade, já que, como ele mesmo disse, preparou esse show durante meses – o que reafirma a importância do Ultra para o mercado e para os artistas. “Are you guys ready, make some noise” é o seu grito de guera em cima de um palco. Talvez ninguém imaginava algo diferente – com certeza nem ele.
Começou de vez, então, com a sua clássica “Everybody Fucking Jump”. Portanto, ao menos nesse início, sem grandes novidades – tirando a mega super estrutura do main stage que estava impecável, junto com as projeções grandiosas.
Sempe muito energético e simpático, Hardwell pulava e batia palmas a exaustão. Puxava a galera com as mãos, gritava. Mas em um festival dessa importância o clichê não pode ser o único elemento presente. De cima do palco monstruoso, Hardwell misturou muito bem tracks novinhas em folha com músicas bem famosas, tipo “One more time” do Daft Punk – que ele cantou junto com brilho nos olhos (como não amar e se emocionar muito com essa música?), sua “Get your hands up”, “We could be heroes”, em meio a fogos e muito colorido.
Mas um dos momentos mais aguardados do espetáculo foi a aparição de dois artistas surpresa. O primeiro deles foi o DJ Snake, que entrou cantando, pulando e agitando a galera. A interação dos dois em cima do palco era notória e a faixa, mais que energética. Quando Hardwell contou que traria um músico surpresa com quem estava lançando uma nova colaboração, ninguém sabia que seriam dois. O segundo foi Craig David, o britânico do R&B e do pop. Cantando no microfone os versos “no holding back”, Craig e Hardwell mostraram a track exclusiva que eles vêm trabalhando há meses. Um house-pop melódico, com batidas progressivas e vocal suave mas presencial e poderoso, swingado, do Craig Richard. Mandaram bem, música gostosa sem aqueles barulhos muito marcados do EDM.
Por outro lado, não teve nem um mashup de “Balie de Favela”, como muitos brasileiros esperavam e demonstravam sua ansiedade sobre isso nas redes sociais. Faz parte! Afinal, como já dissemos, o Ultra é um festival que mostra tendências na medida em que artistas lançam novas produções, mas também não é um lugar de tanto risco e inovação – o main stage do Ultra continua sendo o que é, mainstream. O Funk brasileiro, portanto, no que depender desta apresentação, permanece fora da cena principal de EDM mundial – diferente do que já aconteceu com o hip hop, com o R&B, com o dubstep e com o pop.
No final, Hardwell levantou uma bandeira do Ultra, preta com o símbolo, e soltou mais alguns clichês: “how do u feel it”, “make some noise”, “put your hands up” e “Ultra give me all you get”.
A galera não ficou parada, o show foi cheio de novidades e surpresas agradáveis como a nova música, mas ainda não foi dessa vez que a EDM deixou de ser EDM….